terça-feira, 22 de novembro de 2011

Tudo que é meu é teu

No evangelho de Lucas, capítulo 15 há uma parábola que fala sobre um pai muito rico que possuía muito bens. Num determinado dia o seu filho mais moço pediu a sua parte da herança , o seu pai como o amava muito, repartiu os bens e deu a parte dele.


Então o filho arrumou suas coisas e foi embora para um país distante, onde viveu uma vida de pecado e gastou tudo o que tinha, o moço então começou a passar necessidade e fome e voltou para casa querendo ser tratado não como filho mas como empregado pelo menos para ter alimentação, visto que no seu íntimo sabia que não merecia o amor do pai.
Que o pai é bom e generoso já sabemos. Mas hoje vamos meditar não sobre esse filho arrependido e consciente dos seus erros, mas sim ao irmão dele.
O irmão dele, vendo o acolhimento do seu pai, a festa que ia fazer, o novilho gordo que ia matar, ficou indignado.
Mesmo porque o pai nunca lhe fez mimos, o pai nunca lhe fez uma festa e ele sempre trabalhou junto com ele, sendo fiel em todas as circunstâncias.
O pai tenta lhe explicar e lhe diz: “Meu filho, tudo o que é meu é seu.”
E nós nos colocando no lugar desse filho indignado, podemos até dizer a Deus, Senhor, tenho trabalhado tanto tempo no grupo de oração, tenho te servido na Igreja e nunca fui reconhecido por isso. Tenho te pedido a tanto tempo isso ou aquilo e nunca me deste. E o Senhor então responde: Tudo o que é meu é teu.
É como se ele dissesse, meu filho, você é diferente. Te conheço, como conheço também o seu irmão. Para ele aprender a viver, deixei ele seguir o seu caminho como queria e hoje, aprendeu com os erros e retornou para casa como um novo homem.
Quanto a você... Deixe Deus te falar, o porquê, essa história continua  não no papel, mas na sua vida hoje...
Augusta Moreira dos Santos
Comunidade São Francisco de Assis






quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Faça a novena das mãos ensanguentadas de Jesus- TV Século XXI- Padre Eduardo propaga essa poderosa devoção-Sequência do Primeiro Dia ao Último





















































Novena das Mãos Ensanguentadas de Jesus- TV Século XXI-Padre Eduardo

Padre Rufus e o Ministério de Libertação

CURA E LIBERATAÇÃO Pe. Rufus


 


Padre Rufus - Foto: Wesley Almeida/ Fotos CN


Eu quero começar esta pregação dando um exemplo de como rezar para cura e libertação. A oração não funciona como uma mágica. Na Bíblia, estão as regras para nós de como rezar.


Todos os domingos eu conduzo orações de cura na minha paróquia em Bombaim (Índia). Houve uma jovem que veio para receber oração. Ela veio com seu bebê e sua sogra. Quando perguntei o que ela queria, ela disse que estava com dor de cabeça. Mesmo quando a pessoa diz que tem uma dor de cabeça, eu sei que isso não é o problema; mas, sim, um sintoma de um problema maior.


Eu coloquei às minhas mãos na cabeça dela e ela se jogou no chão com força. Quando olhei para os seus olhos, vi Satanás. Antes mesmo que eu pudesse rezar, ela começou a falar. Ou melhor, não ela, mas o demônio. Eu nunca falo muito com o demônio, mas ele gosta de falar comigo porque ele gosta de mim.


E, então, pela força do Espírito Santo, o demônio foi obrigado a me dizer porque entrou naquela pessoa.
Ele me disse que aquela jovem tinha perdido a sua mãe quando tinha dez, onze anos. Ela estudava em uma escola e não se misturava com as pessoas. Durante o intervalo, ela ia para um lugar à parte na escola, uma espécie de santuário. O inimigo me disse que ela o visitava todos os dias buscando paz e, por isso, ele entrou nela.


Milhares de jovens da América e da Europa vêm ao meu país toda semana. Se você perguntar a eles o por quê disso, a reposta é quase sempre a mesma: eles dizem que foram buscar paz. Algo que a riqueza da América e da Europa não podem dar. O problema é que tipo de paz eles buscam. Jesus mesmo disse: “Eu lhes dou a paz que o mundo não pode dar”, ou seja, a paz que o demônio não pode dar. São Paulo diz que Jesus mesmo é a paz.


Voltando a falar do caso, quando ela acordou eu perguntei se tinha amizade com as outras meninas na escola. E ela disse que não porque quiz ficar sozinha depois da morte da sua mãe. Ela me contou que, naquela espécie de santuário que frequentava, ficava olhando um guro e sentia uma grande paz. Ele dava coisas para ela comer e beber, e ela comia e bebia. Ali estava a causa.


Ela tinha sido curada, mas ainda precisava de libertação. É isso que eu digo a todos que tem casos mais difíceis, como aqueles de ontem (na adoração). Depois de curado, a pessoa precisa fazer um bom evento de cura interior o quanto antes para se libertar.


Felizmente para aquela jovem, eu ia dar um e ela foi participar. Durante a adoração ao Santíssimo, eu disse para aqueles que precisavam de oração para se dirigir à frente que eu iria rezar. A primeira pessoa que veio para ajoelhar-se foi essa jovem. Quando a vi, fiquei um pouco preocupado porque a manifestação ia acontecer e as pessoas iam ficar com medo.


Quando cheguei perto dela, pulei-a para não intimidar as outras pessoas. E, no final, quando ela estava sozinha, fui rezar. Eu percebi que quando ela estava diante de Jesus Eucarístico olhava para Ele sem piscar.
“Quer você queira ou não, a verdade é que o demônio existe!”


Cheguei perto dela e impus as minhas mãos; nada aconteceu. Para minha surpresa, somente participando do retiro e estando diante do Santíssimo Sacramento ela foi totalmente liberta. E por que ela foi curada?


Porque, como eu mencionei na minha primeira pregação, há duas dimensões para a oração: precisamos rezar sozinhos na presença de Deus e precisamos rezar uns pelos outros. E o Senhor me mostrou nesse lindo caso essas duas dimensões da oração.


O principal problema daquela jovem era a morte de sua mãe. Com frequência, a maior dor das pessoas são as perdas. A sua mãe morreu inesperadamente, assassinada pelo pai que era alcoólatra. Mas não é só isso. Tudo aconteceu na frente daquela criança. Isso é muito doloroso!


O pai foi preso e ela acabou perdendo a mãe e o pai. Como eu já disse nas outras pregações, toda criança precisa da sua mãe e do seu pai. Hoje, todas às vezes que eu dou um retiro lá na Índia ela tenta participar para dar o seu testemunho.


Depois dessa introdução, quero falar sobre a necessidade não somente de cura interior, mas também de libertação. Por que todos nós precisamos de libertação? Porque, como diz na Bíblia, temos três fontes do mal nas nossas vidas.


A primeira fonte somos nós mesmos. Se eu pequei preciso me arrepender, não posso culpar as outras pessoas. Preciso refletir sobre como começou aquele pecado. Para curar isso precisamos reatar nosso relacionamento quebrado com Deus. Isso só acontece quando nos arrependemos, daí eu experimento o lindo amor do Pai que nos perdoa.


A segunda fonte do mal são os pecados da nossa família e daqueles que estão próximos de nós. Eles nos ferem com inveja, ciúmes. Os casos que eu vi ontem aqui não foram causados pelas pessoas, nem pelos demônios, mas por aqueles que estavam ao redor delas. Por isso, precisamos não somente de perdão, mas também de cura emocional.


A terceira fonte é a força do mal que nos cerca. Essa, inclusive, pode ser a maior fonte dos nossos problemas. Nós não estamos lidando com inimigos de carne e osso, não é minha sogra, meu vizinho, o Hitler… Estamos lutando com os poderes e principados, os exércitos espirituais que estão nos ares! Estamos numa batalha espiritual, porque nosso inimigo de verdade é espiritual.


Àqueles que não acreditam na existência do demônio é porque nunca leram a Bíblia em suas vidas. Estou dando essa má notícia: quer você goste ou não, a verdade é que o demônio existe. Existe um mal que é um inimigo pessoal. E como eu sei disso? Porque está na Bíblia!


Em uma audiência em 1972, o Papa Paulo VI disse que a maior necessidade da Igreja, hoje, é saber como se proteger, como se defender, contra o demônio. Eu creio que o demônio existe, nem tanto porque está na Bíblia ou porque a Igreja ensina, mas por causa do meu ministério pastoral de cura e libertação. Eu me encontro com casos que não há explicação humana. Nós não temos nem explicação espiritual, exceto o fato que o demônio está trabalhando naquilo.


Eis uma Palavra que vocês não devem esquecer e que está João 10, 10: “O ladrão não vem senão para furtar, matar e destruir. Eu vim para que as ovelhas tenham vida e para que a tenham em abundância”. Qual líder religioso pode ousar a dizer uma coisa como essa? Somente Jesus tem esse poder!


“Todos os dias à noite, devemos pedir perdão a Deus se caímos na tentação e cometemos o pecado”
O demônio existe e podem haver dois extremos: aqueles que acreditam que ele não existe, e também aqueles que dão atenção demais a ele, vendo-o em toda a parte ou tendo medo dele.


A atitude correta é aquela do equilíbrio, no meio, que deve evitar ambos os extremos. São Pedro nos ensina que temos somente um inimigo, e ele é o demônio; que nos cerca como um leão, buscando a quem possa devorar. Mas, ele mesmo diz, para que não tenhamos medo, apenas sejamos vigilantes. Mantenham os olhos abertos, estejam preparados, e, então, nada de mal vai acontecer.


O demônio pode nos atingir de três maneiras: pela tentação, pela possessão e pela opressão. A tentação significa que o demônio nos atrai para coisas que normalmente não faríamos. Por que Deus permite que eu seja tentado? Os nossos primeiros pais foram tentados, Jesus foi tentado, Deus não vai permitir que sejamos tentados além de nossas possibilidades, além de nossas forças. E o mais lindo e importante é que o Senhor vai nos dar toda a força que precisarmos para resistir a tentação.


Todos os dias à noite, nós devemos pedir perdão a Deus se caímos na tentação e cometemos o pecado. Precisamos sempre terminar o nosso dia com um ato de contrição, de arrependimento; e começar o outro dia com uma oração, pedindo para não sucumbir às tentações.


Possessão não significa que o demônio está tentando a pessoa de longe, mas de muito perto, ele entra dentro da pessoa. Esse é o outro extremo. Isso não é tão comum, e somente um sacerdote como um título de exorcista pode proceder um verdadeiro exorcismo. Devemos rezar em silêncio por essas pessoas para que elas possam ser libertas.


Havia uma jovem que eu conhecia do centro da Índia, ela pertencia a uma família que estava toda envolvida com práticas ocultas. Depois de um retiro, essa família começou a melhorar e buscaram ser católicos. Um tempo depois, a mãe dela foi me procurar dizendo que a filha estava possuída. Pensei: Como isso pode acontecer se eles tinham mudado de vida?


A mãe, então, me contou que a filha queria dinheiro para ir ao cinema e ela disse que não daria para ver aquele filme. A filha com raiva disse que se ela não desse, ia pedir para Satanás dar. A mãe pensou que era brincadeira e disse para ela pedir, então. Satanás nunca entra em uma pessoa sem que ela dê a permissão para que ele entre. Direta ou diretamente a gente o convida para entrar.


E como a gente sabe que a pessoa está possuída? Quando ela tem uma força sobre-humana, como os casos que tenho visto esses anos na Canção Nova; quando a pessoa fala uma língua que não conhece; e quando ela sabe de coisas que nunca teria como saber. No meio desses dois extremos (a tentação e a possessão), ainda existe a opressão. Nesse caso, o demônio não está longe nem dentro, mas muito perto.


Certa vez uma jovem veio me ver, parecia bastante perturbada. Eu disse que estava com pressa e perguntei o que ela precisava. A jovem disse que estava grávida de oito meses e nos últimos três dias não sentia o bebê se mexer. Ela foi aos melhores genecologistas de Bombaim e eles disseram que o bebê estava morta. Eu ainda me lembro dos seus olhos com lágrimas de esperança. Ela olhou para mim e clamou que queria aquele filho. Eu nunca vou me esquecer desse caso.


Pedi que ela permanecesse sentada e comecei a rezar. Pedi: “Senhor Jesus, quando estava ainda no ventre de Maria você trouxe cura para o seu primo São João, que também estava no ventre de sua mãe, Isabel. Traga a mesma cura para o ventre dessa mulher”. Logo que terminei, a mulher gritou: “Padre, o bebe está se movendo!”


Eu disse para ela não se levantar, eu tinha que sair e pedi para ela continuar rezando até que o bebê começasse a pular dentro dela, cheia do Espírito Santo. Quando eu estava saindo, ela me disse que, enquanto eu rezava, ela sentia um espírito de morte deixando o seu ventre, saindo pelas suas pernas. Talvez um membro da família tenha colocado maldição nela por inveja.


Ela ainda me disse que sabia que seu filho estava morto, e me agradeceu por ser fonte de graça para que ele ressuscitasse. Amém!


Transcrição e Adaptação: Ariane Fonseca
 

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Vídeos com Padre Rufus- Exorcista-trechos de orações e palestras

No ministério de cura e libertação orientamos o que cada um precisa para experimentar a cura. É preciso viver a vida em maturidade emocional, para que possamos fechar as portas das emoções que abrimos para satanás. Como reconhecer que o inimigo está trabalhando? Nós vemos o inimigo afetando nossa vida em várias áreas, principalmente na nossa vontade para que ela esteja sob a vontade dele com vícios de álcool e droga. São áreas que podem estar sob poder de satanás.



Jesus foi tentado a fugir dos soldados romanos, mas Ele fez uma oração que devemos fazer sempre: “Pai, se é possível que eu não passe por esse sofrimento, mas que não seja feita a minha vontade, mas a Sua vontade”. É a melhor e mais curta oração que podemos fazer. Assim, Jesus pôde se libertar da tentação de satanás que queria dominar a Sua vontade. Jesus nos ensina isso na oração do Pai-nosso. “Que seja feita a vontade de Deus aqui na terra como no céu”, é a melhor oração que podemos fazer. No início de meu ministério eu fazia só oração de exorcismo, e vinha tanta gente que eu não tinha tempo de fazer as orações de exorcismo, e fazia a Oração do Pai-nosso, a melhor oração.


Fonte: youtube e Canção Nova .

Divorciados e Recasados-D. Estevão Bettencourt, osb.

Divorciados e Recasados
D. Estevão Bettencourt, osb.
DIVORCIADOS E RECASADOS


Em síntese: O Código de Direito Canônico promulgado em 1917 era muito severo em relação aos fiéis católicos divorciados e recasados, por viverem em situação religiosamente irregular.
A partir do Concílio do Vaticano II, a Igreja, sem retocar a lei divina que proclama a indissolubilidade de um matrimônio validamente contraído e consumado, procura estimular tais fiéis a não se afastarem do convívio da comunidade católica; procurem, antes, tomar parte em atividades da paróquia compatíveis com o seu estado; rezem e tudo façam para educar os filhos na fé católica. É claro, porém, que não podem ter acesso à Comunhão Eucarística, pois esta supõe o estado de graça, que a situação conjugal desses fiéis exclui. O artigo abaixo enuncia minuciosamente os itens que definem a posição dos divorciados recasados frente à Igreja e examina as objeções levantadas contra a praxe da Igreja.


A situação dos fiéis católicos divorciados e recasados constitui um dos mais graves problemas da Igreja em nossos dias. Sempre houve dificuldade de desarmonia conjugal. Eis, porém, que atualmente se tornam mais prementes, pois se têm multiplicado os casos. A Igreja está atenta a tais situações e vem acompanhando os cônjuges infelizes com especial zelo pastoral. A seguir, serão propostas 1) as principais intervenções do Magistério neste particular; 2) os elementos essenciais da doutrina católica; 3) as críticas levantadas contra essa doutrina e as respostas a lhes ser dadas.


1. Os recentes Pronunciamentos do Magistério.
Nas décadas de 1960 e 1970 o divórcio foi legalizado em vários países de população católica em sua maioria, o que tornou candente o problema dos fiéis divorciados e recasados. O Direito Canônico promulgado em 1917 e ainda vigente na época considerava tais cristãos como pecadores públicos (cânon 2356, § 1º), privados dos sacramentos da Penitência e da Eucaristia, enquanto vivessem conjugalmente.


Verdade é que já então se faziam ouvir vozes de clérigos, principalmente nos Estados Unidos, que julgavam demasiado severa tal legislação: lembravam a diversidade das situações e, principalmente, o caso daqueles cônjuges divorciados recasados que tinham dúvidas fundadas a respeito da validade de sua primeira união, mas não podiam apresentar provas suficientes para iniciar um processo de declaração de nulidade. Havia também quem adotasse uma solução de foro meramente interno, afirmando que, em certos casos e sob certas condições, o confessor poderia autorizar os divorciados a receber os sacramentos da Penitência e da Eucaristia.


Diante destes fatos, a Congregação para a Doutrina da Fé enviou, aos 11/4/1973, uma Carta a cada Bispo, reafirmando a indissolubilidade do matrimônio sacramental. Quanto ao problema dos que vivessem em situação irregular, pedia que se observasse a doutrina vigente e lembrava "o possível recurso à praxe da Igreja no foro interno". Tal Carta tinha por objetivo defender a indissolubilidade do matrimônio, ameaçada por vários lados. Mas a expressão "recurso à praxe da Igreja no foro interno" se prestava a interpretações diversas.


A Congregação para a Doutrina da Fé entendia-se no sentido de que os divorciados recasados se poderiam aproximar dos sacramentos desde que passassem a viver como irmão e irmã e evitassem qualquer escândalo. Todavia não foi assim que muitos interpretaram os dizeres da Igreja: julgavam que os fiéis recasados poderiam receber os sacramentos mesmo mantendo sua união conjugal ilegítima; colocavam também o problema daqueles que estavam subjetivamente convictos da nulidade da sua união precedente.


Esses questionamentos vieram à tona no Sínodo Mundial dos Bispos realizado em 1980. Como fruto das reflexões ocorrentes nessa assembléia, o Santo Padre João Paulo II, aos 22 de novembro de 1981, assinou a Exortação Apostólica Familiaris Consortio, que traçava diretrizes a ser observadas no tocante ao sacramento do matrimônio, inclusive com referência aos divorciados recasados. Em 1983 foi promulgado o novo Código de Direito Canônico, que confirmou a praxe vigente: não se admitam à Comunhão Eucarística os fiéis divorciados recasados (cânon 915; o mesmo vale para os católicos de rito oriental, conforme o Direito respectivo, cânon 712).


O Código de 1983 atribui exclusivamente aos tribunais eclesiásticos a competência para examinar a validade do matrimônio dos católicos como também estipula novos impedimentos que tornam nulo o casamento sacramental. Tais impedimentos levam em conta a incapacidade psicológica, que afeta não poucos indivíduos, de assumir uma vida a dois em caráter vitalício; são aí considerados os diversos casos que ajudam a compreender a crise e a angústia de muitos casais. Apesar das explícitas declarações de Familiaris Consortio, do Catecismo da Igreja Católica (nº 1650s) e documentos congêneres, havia na Igreja quem estimulasse os divorciados recasados a receber a Comunhão Eucarística, principalmente quando levassem vida fiel à sua nova união.


Em 1993, os Bispos da Província Eclesiástica do Alto Reno (Alemanha) publicaram uma Carta Pastoral a respeito do acompanhamento pastoral de pessoas infelizes em seu casamento, divorciadas e divorciadas recasadas. Essa Carta reafirmava a indissolubilidade do matrimônio frente a certa insegurança e hesitação existente em algumas paróquias, mas admitia que em certos casos se poderia dar a Comunhão Eucarística a divorciados recasados que em sua consciência se julgassem aptos e para tanto obtivessem o parecer favorável de um sacerdote prudente e experimentado.


Tal atitude dos três Bispos mencionados encontrou cá e lá ecos positivos, mas suscitou outrossim a réplica de muitos prelados e organismos da Cúria Romana que pediram à Congregação para a Doutrina da Fé uma tomada de posição. Outras vozes, porém, pediam a abolição das normas vigentes, em favor de maior liberalização; assim, por exemplo, alguns propunham que dos fiéis divorciados e recasados se exigisse um período de reflexão e penitência, após o qual seriam readmitidos aos sacramentos em geral. Outros ainda proclamavam que se deixasse a decisão à consciência dos interessados ou dos sacerdotes.


Diante deste cruzamento de sentenças, a Congregação para a Doutrina da Fé houve por bem publicar uma Carta aos Bispos sobre a recepção da Comunhão Eucarística por parte dos fiéis divorciados e recasados, com a data de 14/9/94. Tal documento reafirmava as normas clássicas da Igreja para o caso. Vejamos agora:


2. Os Pontos Essenciais da Doutrina Católica.


Pode-se compendiar em sete pontos a doutrina católica concernente ao assunto.
1) Os fiéis divorciados recasados estão em situação que contrasta com o Evangelho.
Basta lembrar a palavra de Jesus em Mc 10,11s:
"Quem repudia a sua mulher e desposa outra, comete adultério contra ela; se a mulher repudia o marido e desposa outro homem, comete adultério".


Em conseqüência, a Igreja afirma que ninguém, nem mesmo o Papa, tem o poder de declarar nulo um matrimônio validamente contraído e consumado. Aliás, a própria lei natural, impregnada no íntimo de cada ser humano, rejeita o divórcio, isto é, a dissolução do casamento com direito a novas núpcias. Do divórcio se distingue a separação conjugal, que pode ser legítima, quando a vida matrimonial se torna muito difícil ou insustentável.


2) Os fiéis divorciados e recasados continuam sendo membros da Igreja dentro da comunidade eclesial e devem experimental o amor de Cristo e o acompanhamento materno da Igreja.
As segundas núpcias de pessoas divorciadas privam da Comunhão Eucarística, mas não acarretam a excomunhão. Esta é uma pena jurídica, de foro externo, e prova, de modo geral, da comunhão com a Igreja e não apenas priva da Eucaristia. A solicitude materna da Igreja deve estender"se a todos os filhos, inclusive aos que vivem em situação irregular. A Igreja é chamada a procurar promover a salvação de todos. Daí as palavras de João Paulo II:


"A Igreja não pode abandonar aqueles que, ligados pelo vínculo matrimonial sacramental, passam a novas núpcias. Por isto Ela se esforçará incansavelmente por colocar à sua disposição os meios de salvação". (Familiaris Consortio, nº 84). Não somente os sacerdotes, mas também os fiéis leigos ou toda a Igreja têm a obrigação de procurar fazer que os irmãos de vida irregular não se considerem separados da Igreja: "A Igreja reze por eles, estimule-os, mostre-se Mãe misericordiosa e assim os sustente na fé e na esperança" (ibid. nº 84).


Leve-se em conta que há diversas situações de cristãos divorciados recasados : existem aqueles que passaram a novas núpcias depois de haver tentado todos os meios possível para salvar seu casamento, e existem aqueles que culpadamente destruíram seu matrimônio. Existem aqueles que contraíram novas núpcias em vista da educação dos filhos e, no momento, não se podem separar. Existem também os que se recasaram porque, em consciência, julgavam ter sido nulo o primeiro casamento (embora não pudessem provar a nulidade). Por fim, há também aqueles que em sua nova união descobriram os valores da fé e perfazem uma caminhada religiosa de grande significado; cf. Familiaris Consortio nº 84.


3) Na qualidade de cristãos batizados, os fiéis divorciados recasados são chamados a tomar parte ativa na vida da Igreja na medida em que isto seja compatível com a sua situação dentro da Igreja.
"Juntamente com o Sínodo, exorto vivamente os pastores e a inteira comunidade dos fiéis a ajudar os divorciados, promovendo com caridade solícita que eles não se considerem separados da Igreja, podendo e, melhor, devendo, enquanto batizados, participar na sua vida. Sejam exortados a ouvir a Palavra de Deus a freqüentar o Sacrifício da Missa, a perseverar na oração, a incrementar as obras de caridade e as iniciativas da comunidade em favor da justiça, a educar os filhos na fé cristã, a cultivar o espírito e as obras de penitência para assim implorarem, dia a dia, a graça de Deus. Reze por eles a igreja, encoraje-os, mostre-se mão misericordiosa e sustente-os na fé e na esperança" (Familiaris Consortio nº 84).


A pertença à Igreja não se manifesta apenas na frequentação da Comunhão Eucarística. Existem várias possibilidades de participar da vida da Igreja no campo extra sacramental.
4) Em virtude da sua situação irregular, os fiéis divorciados recasados não podem exercer certas funções na comunidade católica.
Tais funções seriam, entre outras, a de padrinho ou madrinha do Batismo e da Crisma, pois tal tarefa implica dar testemunho e vivência católica aos afilhados, que necessitam de ver concretamente a fidelidade dos mais velhos.


Eis outras funções excluídas: a de ministros extraordinários na Liturgia, a de catequista, a de membro do Conselho Pastoral, pois tais encargos exigem lúcido testemunho de vida católica; são funções de certo relevo, que não podem ser entregues aos que não vivem integralmente segundo o Evangelho, pois isto poderia suscitar confusão no povo de Deus. Estas restrições não implicam injusta discriminação, mas são conseqüências naturais
da situação em que se acham os fiéis divorciados recasados.


5) Desde que os divorciados recasados deixem seu estado irregular, separando-se ou vivendo em plena continência, podem ser readmitidos aos sacramentos.
Para receber o sacramento da Reconciliação, que no caso é a única via para a Comunhão Eucarística, requer-se que o fiel faça o propósito de não tornar à vida irregular. Isto implica que o(a) penitente se separe do(a) ilegítimo(a) consorte ou, caso não seja possível (por causa dos filhos ou por outras razões), deixe de ter relações sexuais; cf. Familiaris Consortio nº 84. No caso de voltarem aos sacramentos, os dois interessados deverão procurar evitar mal entendidos ou escândalos por parte do povo de Deus.


6) Os divorciados recasados que estão convictos da nulidade de seu precedente casamento, devem regularizar sua situação por vias de foro externo, ou seja, por vias jurídicas.
O casamento é uma realidade pública que afeta tanto a Igreja quanto a sociedade civil. Por isto o consentimento matrimonial não é um ato meramente privado, mas cria uma situação de caráter social. Por isto não compete à consciência de cada um julgar, na base de suas convicções, se o respectivo casamento foi válido ou não e daí tirar conclusões de ordem pública e prática, contraindo novas núpcias.
Por isto a experiência da Igreja atribui aos tribunais eclesiásticos o exame da validade dos casamentos dos fiéis
católicos.


7) Os divorciados recasados nunca perdem a esperança de obter a salvação eterna.
Diz Papa João Paulo II em Familiaris Consortio nº 84:
"Com firme confiança a Igreja crê que mesmo aqueles que se afastaram dos mandamentos do Senhor e vivem atualmente nesse estado, poderão obter de Deus a graça da conversão e da salvação, se perseverarem na oração, na penitência e na caridade".


Embora não possa aprovar formas de vida contrastantes com a Palavra do Evangelho, a Igreja não deixa de amar seus filhos em situação matrimonial irregular. Ela compreende seus sofrimentos e dificuldades e acompanha-os com ânimo materno, procurando fortalecê-los na fé e incutir-lhes a confiança na misericórdia de Deus, que tem amplos recursos para levar os homens à salvação eterna.
Faz-se oportuno agora examinar as principais críticas levantadas contra a doutrina da Igreja.


3. As Críticas
São sete as principais objeções levantadas contra a doutrina da Igreja.
1) A Escritura permite flexibilidade.
Há quem aponte os textos de Mt 5,32 e 19,9, em que Jesus parece abrir uma exceção em favor de separação e novas núpcias. Eis os dizeres do Senhor :
"Eu vos digo: todo aquele que repudia a sua mulher, a não ser por motivo de pornéia1, faz com que ela adultere e aquele que se casa com a repudiada comete adultério" (Mt 5,32, idêntico a Mt 19,9).
A propósito, note-se quanto segue:


Consta dos textos do Novo Testamento que o matrimônio é indissolúvel, como se depreende das citações seguintes:
Mc 10,11s: Disse Jesus: "Todo aquele que repudia a sua mulher e desposa outra, cometerá adultério contra a primeira; e, se essa repudiar o seu marido e desposar outro cometerá adultério".
Lc 16,18: "Todo aquele que repudiar a sua mulher e desposar outra, comete adultério; e quem desposar uma repudiada por seu marido, cometerá adultério".
1Cor 7,10: "Quanto àqueles que estão casados, ordeno não eu, mas o Senhor: a mulher não se separe do marido; se, porém, se separar, não se case de novo ou reconcilie-se com o marido; e o marido não repudie a esposa".


Rm 7,2s: "A mulher casada está ligada por lei ao marido enquanto ele vive; se o marido vier a falecer, ela ficará livre da lei do marido. Por isso, estando vivo o marido, ela será chamada adúltera se for viver com outro homem. Se, porém, o marido morrer, ela ficará livre da lei, de sorte, que, passando a ser de outro homem, não será adúltera".
Como se vê, as afirmações são peremptórias.


Verdade é que as passagens de Mt 5,32 e 19,9 são interpretadas pelos cristãos cismáticos do Oriente e pelos protestantes como se autorizassem o divórcio em caso de adultério. Verifica-se, porém, que tal interpretação não condiz com os textos paralelos de Mc 10,11s e Lc 16,18, em que Jesus ensina irrestritamente a indissolubilidade do matrimônio (omitida a cláusula de adultério); supõe, além disto, haja São Paulo ordenado em nome do Senhor o contrário do que o Senhor mesmo preceituou.


Já estas considerações tomam a interpretação divorcista dos textos de Mt assaz suspeita, se não impossível; o Evangelho tem que ser explicado pelo Evangelho e pela Escritura Sagrada em geral. Ora não resta dúvida de que S. Marcos, S. Lucas e S. Paulo nos transmitem a genuína mente do Senhor.
Por conseguinte, como entender os textos de Mt 5 e 19?
A interpretação mais provável é a seguinte:


Baseados sobre erudito aparato de filologia bíblica e extrabíblica assim como de jurisprudência rabínica, os estudiosos concluem que o termo grego pornéia corresponde ao termo aramaico zenut, que significa união incestuosa. No caso, compreende-se que a separação seja não somente tolerável, mas desejável. Jesus ter-se-ia a zenut, pois este termo significa a união ilegítima, por motivo de parentesco proibido pela Lei de Moisés (cf. Lv 18, 1-24).


É de crer que nas antigas comunidades cristãs houvesse uniões matrimoniais proibidas pela Lei de Moisés, mas toleradas pelos cristãos provenientes do paganismo; estas uniões deveriam causar dificuldades à boa convivência de cristãos provenientes do judaísmo e do paganismo. Daí a ordem autenticamente atribuída a Jesus, de romper tais uniões irregulares, que não eram senão falsos casamentos.


Em At 15, 20,29;21,25 lê-se que os cristãos provenientes do paganismo tendiam a tolerar algumas uniões matrimoniais que Lv 18 julgava ilícitas. Ora isto escandalizava os judeocristãos; por isto o decreto dos Apóstolos no fim do Concílio de Jerusalém em 50 assim rezava:


"Os Apóstolos e os anciãos, vossos irmãos, aos irmãos dentre os gentios que moram em Antioquia, na Síria e na Cilícia, saudações! ... Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor nenhum outro peso além destas coisas necessárias: que vos abtenhais das carnes imoladas aos ídolos, do sangue, das carnes sufocadas e das uniões ilegítimas. Fareis bem preservando-vos de tais coisas. Passai bem" (At 15,23,28s). Ver At 21,25.
Isto quer dizer que os cristãos provenientes do paganismo estariam dispensados de observar a Lei de Moisés, mas, para manter a boa paz com seus irmãos judeocristãos, deveriam observar as quatro cláusulas discriminadas, entre as quais a abstenção de pornéia ou das uniões conjugais que a Lei de Moisés tinha como ilícitas.


2) A tradição dos Padres (ou antigos escritores) da Igreja justifica uma praxe menos severa.
Alega-se que os Padres da Igreja, embora sustentassem o princípio geral da indissolubilidade, toleraram exceções de acordo com as modalidades de cada caso. Em resposta, deve-se notar que as declarações dos Padres que parecem reconhecer um segundo matrimônio em certos casos, são poucas, de modo que não perfazem uma convergência doutrinária. Por isto não podem ser tomadas como critério determinante para a doutrina e a disciplina da Igreja. Nenhum Bispo e nenhum escritor da Igreja antiga autorizou, na base de Mt 5,32, um homem a casar-se de novo após adultério cometido pela esposa. De modo geral, os textos que parecem abrir exceções ao princípio da indissolubilidade conjugal na base de Mt 5,32, são passagens obscuras e imprecisas, que podem ser interpretadas de maneiras diferentes.


3) A Igreja Ortodoxa Oriental aceita o divórcio.
Com efeito; as comunidades orientais separadas da Igreja Católica, em certos casos e após certo tempo de penitência, admitem segundas e, às vezes, terceiras núpcias.
Em resposta, a Igreja Católica não vê fundamento nem na Bíblia nem na Tradição para se adequar à praxe dos cristãos ortodoxos orientais. Além do quê, há historiadores que julgam que a praxe oriental pode decorrer da dependência dos cristãos ortodoxos em relação ao Imperador bizantino.


4) Aceite-se a afirmação feita em consciência por cônjuges infelizes a respeito da nulidade do seu matrimônio.
Dadas as dificuldades de provar a nulidade no foro externo, a Igreja deveria reconhecer as alegações feitas em consciência pelos cônjuges infelizes. Como dito, o matrimônio é de público interesse, de modo que é contraído publicamente e, quando necessário, é declarado nulo por vias públicas ou por instâncias de foro externo.


O novo Código de Direito Canônico ampliou o número de impedimentos que tornam nulo o casamento, levando em conta especialmente os casos de despreparo ou inépcia psicológica, que freqüentemente são alegados por cônjuges infelizes; tais situações são consideradas com seriedade e objetividade pelos tribunais eclesiásticos, de sorte que se pode crer que não deixa de ser atendida nenhuma petição baseada sobre argumentos de ordem psicológica ou mais íntima. A Santa Sé deseja que haja agilização dos processos, evitando-se a molesta duração dos mesmos.


Também se pleiteia na Igreja mais adequada preparação dos jovens para o casamento, a fim de tentar minorar pela raiz os males decorrentes de casamentos precipitados e levianamente contraídos.


5) O matrimônio morre quando o amor morre.
O matrimônio é um contato entre homem e mulher, por isto tem um aspecto jurídico, que interessa à sociedade. Mas também tem seu lado humano, pessoal, que nem sempre coincide com o aspecto jurídico. Daí pleiteia-se a dissolução do casamento quando o relacionamento humano amoroso perece.
Em resposta, deve-se dizer que não há oposição entre o jurídico e o pessoal do matrimônio. As normas jurídicas, deixadas a sós, podem ser cegas e sufocadoras. Mas também os valores pessoais, subjetivos, deixados a sós, podem ser deletérios ou perturbadores da ordem social. Desde que esteja incorporado numa sociedade, já não me posso reger apenas por meus anseios pessoais e subjetivos, mas tenho que observar normas objetivas que garantem o bem comum, para o qual devo colaborar na medida em que sou membro de tal sociedade.


Por isto não se pode sobrepor o aspecto pessoal subjetivo ao aspecto jurídico. Mas deve-se procurar promover o entrosamento de um e outro. A harmonia entre valores subjetivos e valores objetivos é indispensável em qualquer sociedade ... também na sociedade matrimonial.


6) A Igreja deveria aplicar o princípio da epiquéia ou da dispensa da lei aos casos de matrimônio fracassado.
Existe, de fato, o princípio da epiquéia ou a dispensa (bem ponderada) para todas as leis humanas. O legislador que faz a lei, ou seu delegado, pode dispensar da lei, visto que nenhuma lei humana é capaz de prever todos os casos e situações. Toda lei tem sua letra e tem seu espírito (que é a intenção concebida pelo legislador ao formular a letra da lei);


o espírito da lei pode exigir que se dispense ou se ponha de lado a letra da lei, para que se cumpra o desígnio do legislador encarregado do bem comum. Todavia a indissolubilidade conjugal depende não de lei humana; é de direito divino explicitado pelo Senhor Jesus: "O que Deus uniu, o homem não o separe" (Mc 10,9). Daí não poder a Igreja recorrer à epiquéia para dissolver casamentos válidos, mas infelizes.
7) A linguagem da Igreja é demasiado jurídica e não suficientemente pastoral.


Não se deve estabelecer antítese entre a lei, de um lado, e, de outro lado, a compreensão humana ou pastoral. Está claro que a lei é feita para o homem ou para o bem da pessoa humana; deve promover o ser humano e não o sufocar. É notório, porém, que o bem da pessoa humana nem sempre coincide com a satisfação de suas tendências ou impulsos espontâneos; a natureza humana por vezes tende a certos bens aparentes ou ilusórios, a tal ponto que o Apóstolo São Paulo podia dizer:


"Não faço o bem que eu quero, mas pratico o mal que não quero" (Rm 7,19). Consequentemente a lei de Deus, de que a Igreja é porta voz, coibe certas tendências da natureza humana, entre as quais a de realizar mais de um casamento ou de ter por dissolvido um casamento válido com perspectivas de novas núpcias. A lei, especialmente a lei de Deus, não pode ser adaptada a certas iniciativas pastorais que contradigam frontalmente ao preceito do Senhor. É o que nota o Papa João Paulo II na sua encíclica Veritatis Splendor nº 56:


"Há quem proponha uma espécie de duplo estatuto da verdade moral. Para além do nível doutrinal e abstrato, seria necessário reconhecer a originalidade de uma certa consideração existencial mais concreta. Esta, tendo em conta as circunstâncias e a situação, poderia legitimamente estabelecer exceções à regra geral, permitindo desta forma cumprir praticamente, em boa consciência, aquilo que a lei moral qualifica como intrínsecamente mau.


Deste modo, instala-se, em alguns casos, uma separação, ou até oposição entre a doutrina do preceito válido em geral e a norma da consciência individual, que decidiria, de fato, em última instância, o bem e o mal. Sobre esta base, pretende"se estabelecer a legitimidade de soluções chamadas "pastorais", contrárias aos ensinamentos do Magistério, e justificar uma hermenêutica "criadora", segundo a qual a consciência moral não estaria de modo algum obrigada, em todos os casos, por um preceito negativo particular.


É impossível não ver como, nestas posições, é posta em questão a identidade mesma da consciência moral, face à liberdade do homem e à lei de Deus. Apenas o esclarecimento precedente sobre a relação entre liberdade e lei, apoiada na verdade, torna possível o discernimento acerca desta interpretação "criativa" da consciência.


Além destas observações, faz-se mister ainda lembrar que as normas da Igreja referentes a pessoas divorciadas e recasadas não são apenas jurídicas, mas, sem ceder nos pontos intocáveis, desejam incentivar tais fiéis à esperança e à confiança em Deus; a Igreja os convida a participar de atividades da paróquia e a viverem uma vida de oração assídua, que os alimente na fé e os ajude a educar os filhos segundo os princípios do Evangelho, como dito atrás. Eis o que ocorre observar no tocante à situação dos fiéis divorciados e recasados frente à Igreja. Esta não os quer traumatizar com severidade despropositada, mas deseja vivamente que não percam o ânimo nem se afastem do convívio da comunidade eclesial.


1 A palavra grega pornéia é o cerne da discussão. O seu significado será explanado a seguir.
2 Eis os impedimentos que podem vir ao caso : "Não descobrirás a nudez da irmã de teu pai, pois é a carne de teu pai. Não descobrirás a nudez da irmão de tua mãe, pois é a própria carne de tua mãe. Não descobrirás a nudez do irmão de teu pai; não te aproximarás, pois, de sua esposa, visto que é a mulher de teu tio. Não descobrirás a nudez de tua nora. É a mulher de teu filho e não descobrirás a nudez dela. Não descobrirás a nudez da mulher de teu irmão, pois é a própria nudez de teu irmão! (Lv 18, 12-16).


Fonte: comshalom.org/formacao/especial/defesa_vida/familia/divorciados_e_recasados

domingo, 13 de novembro de 2011

Precisamos estar repletos do Espírito Santo





Padre Rufus Pereira
Foto: Wesley Almeida






























Em primeiro lugar, quero dizer que é muito bom estar novamente aqui na Canção Nova. A primeira vez foi em 1999. Depois vim no início do terceiro milênio. Posso, nesse momento, imaginar como Jesus se sentia quando estava diante das multidões. Ele sentia compaixão pelo povo, pois eram como que “ovelhas sem pastor”. Este é o sentimento que tenho ao visitar diversos países durante meu ministério. E, por isso, eu quero falar sobre este primeiro passo em direção à cura total e à saúde total.



Em qualquer vez que visito um desses mais de 85 países que já visitei, eu sempre começo partilhando o que a Boa Nova dos Evangelhos nos diz. A Bíblia inteira é a Palavra de Deus para nós. É a Boa Nova de Deus aos homens. Mas, se tivéssemos de resumir todos os 73 livros da Bíblia em apenas um versículo, devemos então ler e ouvir aquilo que Jesus diz a Nicodemos, no Evangelho segundo João no capítulo 3.



Nicodemos era um homem do bem. Era um dos grandes líderes do povo judeu. Ele não concordava com os outros líderes da nação judaica. Ele sentia que havia algo em Jesus que ele precisava conhecer. Ele não queria encontrar-se com Jesus de maneira pública, porque os outros líderes poderiam ficar furiosos com ele. Nicodemos foi então encontrar-se com Cristo à noite, pois não queria que alguém o soubesse.




Também sabemos que durante a noite normalmente existe mais silêncio. Durante o dia existe muito barulho e a luz do dia nos distrai com facilidade. À noite, conseguimos ficar sozinhos diante de Deus num silêncio maior.



Lemos no primeiro capítulo do Evangelho segundo Marcos como que Jesus passava o seu dia. Veja o que Jesus fazia todos os dias: a primeira coisa que Ele fazia era abrir a boca e anunciar a Boa Nova à multidão. Ele também falava a grupos menores.




Não pregando, mas ensinando. Ele fazia isso o tempo todo. Todos os dias. Ele sempre motivava as pessoas a mudarem de vida.



Em segundo lugar, Jesus alcançava as pessoas que tinham necessidade d'Ele. Ele curava a todos. Os doentes físicos, os emocionalmente abalados. Todos. Jesus curava a todos. E também os libertava de todo o mal.



E a terceira coisa que Jesus fazia era encontrar-se com as pessoas de maneira pessoal. Ele até mesmo ia à casa das pessoas, como fez na casa de Pedro. Para Jesus,
uma pessoa é tão importante quanto uma multidão e, por isso, Ele como um Bom Pastor ia atrás da ovelha perdida.

Há ainda uma quarta coisa que Jesus fez: depois de passar o dia inteiro em Seu ministério, Jesus passava a noite inteira em oração.



Por isso, quando os apóstolos procuravam por Jesus e não O encontravam, eles sabiam que o Mestre havia passado a noite inteira em oração.
Esta foi a coisa mais importante que Jesus fez: passar a noite inteira em oração. Assim, Ele sabia o que o Pai queria que Ele fizesse no dia seguinte.

Uma vez por semana eu passo a noite inteira em oração. Fico dentro da capela rezando. Eu penso que este é um segredo do nosso ministério. Se você quer ajudar as pessoas ao seu redor, siga o exemplo de Jesus, pois você não conseguirá dar ao povo o que não recebeu de Deus. Se você quer ajudar sua família e as pessoas que lhe procuram, saiba que o primeiro exemplo que você deve imitar é o de Jesus. Você não precisa ler a Bíblia inteira para isso. Leia este primeiro capítulo do Evangelho segundo Marcos. Aplauda a Palavra de Deus!

"Somente Deus pode nos dar uma vida nova", afirma padre Rufus durante sua pregação
Foto: Wesley Almeida


Voltando ao trecho de João sobre Nicodemos: os outros líderes judeus tinham inveja de Jesus. Mas Nicodemos sabia que Jesus ensinava palavras vindas da parte de Deus. E, então, ele foi procurar o Mestre com o objetivo de querer ser um bom líder para o seu povo. E qual foi a resposta de Jesus a Nicodemos? “Nicodemos, você precisa nascer de novo”, foi a resposta d'Ele.



Esta resposta é uma forma muito linda de vivermos como cristãos. Nossas mães nos deram uma vida física. Mas somente Deus pode nos dar uma vida nova, uma vida espiritual. Você precisa pedir a Deus esta graça de nascer novamente para uma vida espiritual e não meramente humana.



Sinto que deveríamos pedir a Deus, durante estes quatro dias de retiro, esta grande graça: nascer de novo - pela ação do Espírito Santo - todos os dias e viver cada dia de nossas vidas como se fosse o último. Todo dia deve ser um dia perfeito. É isto o que Jesus quer de nós: precisamos nascer novamente pela força do Espírito Santo.



Vocês hoje são “Nicodemos”. Vão à procura de Jesus não somente durante à noite, mas também durante todo o dia. E peçam a Cristo a graça de um novo nascimento.



Na medida em que Jesus conversava com Nicodemos, Ele conseguia “ler” o coração daquele homem. Jesus percebeu que Nicodemos era um bom homem. Mas a religião tornou-se para ele uma coisa corriqueira, enfadonha.



Com frequência a gente diz: “Eu sou católico”. Talvez a gente é cristão. Mas será que verdeiramente pertencemos a Jesus? Será que realmente fazemos o que Cristo pede para nós? Este capítulo do Evangelho segundo João é maravilhoso! Pois Jesus nos ensina que, para fazermos aquilo que o Pai quer que façamos, temos de voltar ao começo, ou seja, buscar o nosso nascimento em Deus em primeiro lugar.



Quando fiz meu doutorado em Roma, meus superiores queriam que eu estudasse inglês. Mas eu queria estudar somente uma coisa: a Palavra de Deus. As Sagradas Escrituras. E, mesmo contra a própria vontade, meus superiores me deixaram estudar as Sagradas Escrituras.




Eles achavam que não haveria utilidade para a diocese eu estudar as Sagradas Escrituras. Mas, mesmo assim, eles me deram autorização para estudar o que queria. Eu fiquei muito feliz por me deixarem estudar a Bíblia. Não existe algo mais brilhante para se estudar do que a Palavra de Deus, porque a Palavra de Deus não é palavra de pessoas.



Eu tinha de escolher uma tese para meu doutorado. E escolhi o Evangelho segundo João. Este Evangelho me fascina! Quando as pessoas daquele tempo perguntavam a João sobre o seu convívio com Jesus e pediam que ele falasse a respeito de Deus, João resumia tudo em três palavras:
Deus é amor.

João nos dá o mais curto e completo sermão de toda a existência: Deus é amor.



E, a partir disso, comecei a compreender o que é o Cristianismo. O Cristianismo é a religião do amor. Existem religiões que incentivam a morte das pessoas, afirmando que homens-bombas vão para o paraíso por causa de seus atos terroristas.
O Cristianismo não tem homens-bombas, e sim mártires.

Quando participei da 1ª Convenção Internacional da Renovação Carsimática em Roma, havia ali 10 mil carismáticos. E em que lugar foi realizada esta Convenção? Nas catacumbas! E eu fazia questão de celebrar a Santa Missa ali, nas catacumbas, e mostrar o local aos presentes.



Nas catacumbas não existe cimento, corrimões etc. Ali só tem mártires. E as catacumbas nunca vão ruir, porque estão molhadas com o Sangue de Jesus.



A nossa Igreja é maravilhosa! Somos convidados a reconhecer nossa dignidade. Jesus disse a Nicodemos o plano de Deus para a humanidade em João 3,16: Deus, de tal forma amou o mundo, que Ele lhe deu o seu Filho único, Jesus, para que aqueles que crerem e O aceitarem não morram, nunca fiquem doentes, mas sejam felizes e tenham a vida eterna.



Deus escolheu um homem. Este homem se tornou Papa. Papa Bento XVI. E, logo no início do seu pontificado, Deus pediu que ele escrevesse uma Encíclica. E qual o título de sua primeira Encíclica? Deus é amor!




Portanto, existem três pessoas que pensam da mesma forma: o evangelista São João, o Papa Bento XVI e este que vos fala, padre Rufus. Assim, vamos trabalhar em cima desta verdade durante estes dias de encontro: Deus é amor.



Os Evangelhos começam desta forma: com o batismo de Jesus no rio Jordão. E eu me perguntava: "Por que os Evangelhos começam por narrar o batismo de Jesus?" Para mim parecia um fato sem muita importância. Mas daí eu aprendi que, de fato, é um episódio muito importante.



O batismo de Jesus é tão importante quanto o nascimento de Jesus. É tão importante quanto Sua Morte e Ressurreição. Aprendemos isso ao olharmos para os ritos orientais da nossa Igreja.




Um dia Jesus saiu de Nazaré para ir ao rio Jordão, na Judeia. Enquanto João Batista preparava o povo para entrar nas águas do rio Jordão, chamando o povo ao arrependimento e à mudança de vida, ele viu Jesus e disse: “Você é o Messias. É você quem deve me batizar”. Mas Jesus se identifica com nós, pecadores, entrando nas águas do rio Jordão para ser batizado.



Então o céu se abriu naquele momento e duas coisas aconteceram com Jesus: primeiro, Ele recebeu autoridade para pregar. Recebeu autoridade de Seu Pai.



Sem a autoridade de Deus não podemos pregar. E a segunda coisa é que Ele foi investido de poder para curar e libertar. Sem o poder do Espírito Santo, não temos como ministrar a cura e a libertação na vida das pessoas.

Após isso, Jesus ficou cheio do Espírito Santo. É assim que começam os Evangelhos. Sem a força do Espírito Santo, a exemplo de Jesus, não conseguiremos transformar este mundo.






Transcrição e Adaptação: Alexandre de Oliveira

Padre Rufus esclare os mitos sobre as possessões



Wesley Almeida / CN
Padre Rufus concedeu neste domingo uma coletiva de imprensa na sede da Canção Nova
Existem muitas verdades e mentiras sobre as possessões demoníacas. São muitas as histórias, filmes e explorações midiáticas sobre o assunto. O noticias.cancaonova.com perguntou ao presidente da Associação Internacional para o Ministério de Libertação e vice-presidente da Associação Internacional de Exorcistas, padre Rufus Pereira:  O que é verdade e o que mentira quando falamos sobre possessões demoníacas? Quais são os maiores mitos?



“É uma grande pergunta e fundamental, pois como em tudo pode haver dois extremos: um extremo é dizer que o demônio não existe. Isso é muito contrário ao que diz na Bíblia. No outro extremo estão as pessoas que veem o demônio em toda parte, que culpam o demônio por tudo, mesmo por aquilo que é culpa delas próprias”, responde padre Rufus, que participa estes dias do Acampamento de Cura e Libertação na sede da Canção Nova, em Cachoeira Paulista.

O sacerdote indiano salientou durante a entrevista coletiva na manhã deste domingo, 13, que graças aos encontros de cura e libertação que acontecem na Canção Nova, onde ele esteve pela primeira vez em 1999, muitas coisas aconteceram, mas muitas outras coisas poderiam acontecer.



“Da mesma forma devemos evidenciar os dois extremos: pessoas dizendo que não tem nada a ver com o demônio, que basta ir a um bom médico, um psiquiatra, e outras no outro extremos dizendo que não é preciso recorrer a medicina, aos psicólogos, basta recorrer a um exorcista”, reforça.





Possessões demoníacas x doenças físicas e mentais



Para padre Rufus, a questão básica nesse problema todo é o discernimento, não simplesmente conhecer o ensinamento teórico da Igreja como um todo, mas entender a vivência na prática.



“Meu maior desejo é que pudesse dar esse tipo de encontro para a conferência episcopal de cada país, para que a gente possa evitar os dois extremos: ver o demônio em toda parte e não tomar as atitudes necessárias na busca de um médico, ou não acreditar que o problema da pessoa não é causado por germes ou infecções, por algo físico, mas algo espiritual”, destaca.



Outro ponto importante, segundo ele, é conhecer o ensinamento da Igreja que claramente revela do primeiro ao último livro da Bíblia a verdadeira existência do demônio e não somente isso, mas que ele continua trabalhando.



“Nossos pais primeiros, Adão e Eva, Jesus mesmo foi tentado por satanás. E eu tenho visto isso acontecendo todos os dias nos últimos 40 anos casos de pessoas que sofrem pela influência de satanás”, diz o vice-presidente da Associação Internacional de Exorcistas.





Os médicos e a compreensão do exorcismo



Padre Rufus conta que em setembro deste ano foi convidado pela terceira vez para dar um retiro sobre o Ministério de Cura Interior e Libertação para os membros da Associação dos Terapeutas católicos na Itália.



“Foi a terceira vez que fui convidado para falar aos mais renomados psiquiatras da Itália, então você pode compreender que eles acreditaram no que eu disse nas vezes anteriores e eles já me convidaram para o próximo ano. Lá encontrei casos incríveis”,  afirma.



Um desses casos encontrado na Itália por Padre Rufus foi o de uma mulher, entre 50 e 55 anos, que venho junto a seu marido e seu filho. Ele conta que a medida que ia conversando com a mulher, o inimigo se manifestou.



“O marido teve que segurá-la firmemente porque ela queria pular sobre mim e me enforcar. Então comecei a rezar silenciosamente olhando para ela e aos poucos suas mãos foram relaxando”, explica.



E na medida em que o sacerdote conversava com a mulher e seu esposo, pode ver que ela estava sendo afetada desde o momento de sua concepção.



“Eu não fiz uma oração especialmente, somente fiz como Jesus fazia, olhei para ela com grande amor e grande fé, e sua mãos foram relaxando até o pondo que o marido não precisava mais segurar, então ela me deu um beijo no rosto e foi liberta”, afirma.



O sacerdote indiano salienta que sempre quando alguém se apresenta a ele, ele pergunta se a pessoa já esteve num médico, pois não se pode deixar de lado a medicina. Em todos os casos, nas doenças físicas, psicológicas e psiquiátricas, bem como nas influências e possessões demoníacas, a cura está nas mãos de Deus.



“O que o homem não pode fazer, Deus faz, porque Ele é um Deus de amor, nosso Pai”, conclui Padre Rufus.



Fonte> site da Canção Nova