sábado, 5 de janeiro de 2013

Crucificação de Cristo, a partir de um ponto de vista médico de C. Truman Davis






Lendo o livro de Jim Bishop “O Dia Que Cristo Morreu”, eu percebi que durante vários anos eu tinha tornado a crucificação de Jesus mais ou menos sem valor, que havia crescido calos em meu coração sobre este horror, por tratar seus detalhes de forma tão familiar - e pela amizade distante que eu tinha com nosso Senhor. Eu finalmente havia percebido que, mesmo como médico, eu não entendia a verdadeira causa da morte de Jesus. Os escritores do evangelho não nos ajudam muito com este ponto, porque a crucificação era tão comum naquele tempo que, aparentemente, acharam que uma descrição detalhada seria desnecessária. Por isso só temos as palavras concisas dos evangelistas “Então, Pilatos, após mandar açoitar a Jesus, entregou-o para ser crucificado.”





Eu não tenho nenhuma competência para discutir o infinito sofrimento psíquico e espiritual do Deus Encarnado que paga pelos pecados do homem caído. Mas parecia a mim que como um médico eu poderia procurar de forma mais detalhada os aspectos fisiológicos e anatômicos da paixão de nosso Senhor. O que foi que o corpo de Jesus de Nazaré de fato suportou durante essas horas de tortura?





Dados históricos





Isto me levou primeiro a um estudo da prática de crucificação, quer dizer, tortura e execução por fixação numa cruz. Eu estou endividado a muitos que estudaram este assunto no passado, e especialmente para um colega contemporâneo, Dr. Pierre Barbet, um cirurgião francês que fez uma pesquisa histórica e experimental exaustiva e escreveu extensivamente no assunto.





Aparentemente, a primeira prática conhecida de crucificação foi realizado pelos persas. Alexandre e seus generais trouxeram esta prática para o mundo mediterrâneo--para o Egito e para Cartago. Os romanos aparentemente aprenderam a prática dos cartagineses e (como quase tudo que os romanos fizeram) rapidamente desenvolveram nesta prática um grau muito alto de eficiência e habilidade. Vários autores romanos (Lívio, Cícero, Tácito) comentam a crucificação, e são descritas várias inovações, modificações, e variações na literatura antiga.











Por exemplo, a porção vertical da cruz (ou “stipes”) poderia ter o braço que cruzava (ou “patibulum”) fixado cerca de um metro debaixo de seu topo como nós geralmente pensamos na cruz latina. A forma mais comum usada no dia de nosso Senhor, porém, era a cruz “Tau”, formado como nossa letra “T”. Nesta cruz o patibulum era fixado ao topo do stipes. Há evidência arqueológica que foi neste tipo de cruz que Jesus foi crucificado. Sem qualquer prova histórica ou bíblica, pintores Medievais e da Renascença nos deram o retrato de Cristo levando a cruz inteira. Mas o poste vertical, ou stipes, geralmente era fixado permanentemente no chão no local de execução. O homem condenado foi forçado a levar o patibulum, pesando aproximadamente 50 quilos, da prisão para o lugar de execução.





Muitos dos pintores e a maioria dos escultores de crucificação, também mostram os cravos passados pelas palmas. Contos romanos históricos e trabalho experimental estabeleceram que os cravos foram colocados entre os ossos pequenos dos pulsos (radial e ulna) e não pelas palmas. Cravos colocados pelas palmas sairiam por entre os dedos se o corpo fosse forçado a se apoiar neles. O equívoco pode ter ocorrido por uma interpretação errada das palavras de Jesus para Tomé, “vê as minhas mãos”. Anatomistas, modernos e antigos, sempre consideraram o pulso como parte da mão.





Um titulus, ou pequena placa, declarando o crime da vítima normalmente era colocado num mastro, levado à frente da procissão da prisão, e depois pregado à cruz de forma que estendia sobre a cabeça. Este sinal com seu mastro pregado ao topo teria dado à cruz um pouco da forma característica da cruz latina.





O suor como gotas de sangue





O sofrimento físico de Jesus começou no Getsêmani. Em Lucas diz: "E, estando em agonia, orava mais intensamente. E aconteceu que o seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra." (Lc 22:44) Todos os truques têm sido usados por escolas modernas para explicarem esta fase, aparentemente seguindo a impressão que isto não podia acontecer. No entanto, consegue-se muito consultando a literatura médica. Apesar de muito raro, o fenômeno de suor de sangue é bem documentado. Sujeito a um stress emocional, finos capilares nas glândulas sudoríparas podem se romper, misturando assim o sangue com o suor. Este processo poderia causar fraqueza e choque. Atenção médica é necessária para prevenir hipotermia.





Após a prisão no meio da noite, Jesus foi levado ao Sinédrio e Caifás o sumo sacerdote, onde sofreu o primeiro traumatismo físico. Jesus foi esbofeteado na face por um soldado, por manter-se em silêncio ao ser interrogado por Caifás. Os soldados do palácio tamparam seus olhos e zombaram dele, pedindo para que identificasse quem o estava batendo, e esbofeteavam a Sua face.





A condenação





De manhã cedo, Jesus, surrado e com hematomas, desidratado, e exausto por não dormir, é levado ao Pretório da Fortaleza Antônia, o centro de governo do Procurador da Judéia, Pôncio Pilatos. Você deve já conhecer a tentativa de Pilatos de passar a responsabilidade para Herodes Antipas, tetrarca da Judéia. Aparentemente, Jesus não sofreu maus tratos nas mãos de Herodes e foi devolvido a Pilatos. Foi em resposta aos gritos da multidão que Pilatos ordenou que Bar-Abbas fosse solto e condenou Jesus ao açoite e à crucificação.





Há muita diferença de opinião entre autoridades sobre o fato incomum de Jesus ser açoitado como um prelúdio à crucificação. A maioria dos escritores romanos deste período não associam os dois. Muitos peritos acreditam que Pilatos originalmente mandou que Jesus fosse açoitado como o castigo completo dele. A pena de morte através de crucificação só viria em resposta à acusação da multidão de que o Procurador não estava defendendo César corretamente contra este pretendente que supostamente reivindicou ser o Rei dos judeus.





Os preparativos para as chicotadas foram realizados quando o prisioneiro era despido de suas roupas, e suas mãos amarradas a um poste, acima de sua cabeça. É duvidoso se os Romanos teriam seguido as leis judaicas quanto às chicotadas. Os judeus tinham uma lei antiga que proibia mais de 40 (quarenta) chicotadas.





O açoite





O soldado romano dá um passo a frente com o flagrum (açoite) em sua mão. Este é um chicote com várias tiras pesadas de couro com duas pequenas bolas de chumbo amarradas nas pontas de cada tira. O pesado chicote é batido com toda força contra os ombros, costas e pernas de Jesus. Primeiramente as pesadas tiras de couro cortam apenas a pele. Então, conforme as chicotadas continuam, elas cortam os tecidos debaixo da pele, rompendo os capilares e veias da pele, causando marcas de sangue, e finalmente, hemorragia arterial de vasos da musculatura.





As pequenas bolas de chumbo primeiramente produzem grandes, profundos hematomas, que se rompem com as subseqüentes chicotadas. Finalmente, a pele das costas está pendurada em tiras e toda a área está uma irreconhecível massa de tecido ensangüentado. Quando é determinado, pelo centurião responsável, que o prisioneiro está a beira da morte, então o espancamento é encerrado.





Então, Jesus, quase desmaiando é desamarrado, e lhe é permitido cair no pavimento de pedra, molhado com Seu próprio sangue. Os soldados romanos vêm uma grande piada neste Judeu, que se dizia ser o Rei. Eles atiram um manto sobre os seus ombros e colocam um pau em suas mãos, como um cetro. Eles ainda precisam de uma coroa para completar a cena. Um pequeno galho flexível, coberto de longos espinhos é enrolado em forma de uma coroa e pressionado sobre Sua cabeça. Novamente, há uma intensa hemorragia (o couro do crânio é uma das regiões mais irrigadas do nosso corpo).





Após zombarem dele, e baterem em sua face, tiram o pau de suas mãos e batem em sua cabeça, fazendo com que os espinhos se aprofundem em sua cabeça. Finalmente, cansado de seu sádico esporte, o manto é retirado de suas costas. O manto, por sua vez, já havia aderido ao sangue e grudado nas feridas. Como em uma descuidada remoção de uma atadura cirúrgica, sua retirada causa dor toturante. As feridas começam a sangrar como se ele estivesse apanhando outra vez.


A cruz





Em respeito ao costume dos judeus, os romanos devolvem a roupa de Jesus. A pesada barra horizontal da cruz á amarrada sobre seus ombros, e a procissão do Cristo condenado, dois ladrões e o destacamento dos soldados romanos para a execução, encabeçado por um centurião, começa a vagarosa jornada até o Gólgota. Apesar do esforço de andar ereto, o peso da madeira somado ao choque produzido pela grande perda de sangue, é demais para ele. Ele tropeça e cai. As lascas da madeira áspera rasgam a pele dilacerada e os músculos de seus ombros. Ele tenta se levantar, mas os músculos humanos já chegaram ao seu limite.





O centurião, ansioso para realizar a crucificação, escolhe um observador norte-africano, Simão, um Cirineu, para carregar a cruz. Jesus segue ainda sangrando, com o suor frio de choque. A jornada de mais de 800 metros da fortaleza Antônia até Gólgota é então completada. O prisioneiro é despido - exceto por um pedaço de pano que era permitido aos judeus.





A crucificação





A crucificação começa: Jesus é oferecido vinho com mirra, um leve analgésico. Jesus se recusa a beber. Simão é ordenado a colocar a barra no chão e Jesus é rapidamente jogado de costas, com seus ombros contra a madeira. O legionário procura a depressão entre os osso de seu pulso. Ele bate um pesado cravo de ferro quadrado que traspassa o pulso de Jesus, entrando na madeira. Rapidamente ele se move para o outro lado e repete a mesma ação, tomando o cuidado de não esticar os ombros demais, para possibilitar alguma flexão e movimento. A barra da cruz é então levantada e colocado em cima do poste, e sobre o topo é pregada a inscrição onde se lê: "Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus".





O pé esquerdo agora é empurrado para trás contra o pé direito, e com ambos os pés estendidos, dedos dos pés para baixo, um cravo é batido atraves deles, deixando os joelhos dobrados moderadamente. A vítima agora é crucificada. Enquanto ele cai para baixo aos poucos, com mais peso nos cravos nos pulsos a dor insuportável corre pelos dedos e para cima dos braços para explodir no cérebro – os cravos nos pulsos estão pondo pressão nos nervos medianos. Quando ele se empurra para cima para evitar este tormento de alongamento, ele coloca seu peso inteiro no cravo que passa pelos pés. Novamente há a agonia queimando do cravo que rasga pelos nervos entre os ossos dos pés.





Neste ponto, outro fenômeno ocorre. Enquanto os braços se cansam, grandes ondas de cãibras percorrem seus músculos, causando intensa dor. Com estas cãibras, vem a dificuldade de empurrar-se para cima. Pendurado por seus braços, os músculos peitorais ficam paralisados, e o músculos intercostais incapazes de agir. O ar pode ser aspirado pelos pulmões, mas não pode ser expirado. Jesus luta para se levantar a fim de fazer uma respiração. Finalmente, dióxido de carbono é acumulado nos pulmões e no sangue, e as cãibras diminuem. Esporadicamente, ele é capaz de se levantar e expirar e inspirar o oxigênio vital. Sem dúvida, foi durante este período que Jesus consegui falar as sete frases registradas:





Jesus olhando para os soldados romanos, lançando sorte sobre suas vestes disse: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. " (Lucas 23:34)





Ao ladrão arrependido, Jesus disse: "Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso." (Lucas 23:43)





Olhando para baixo para Maria, sua mãe, Jesus disse: “Mulher, eis aí teu filho.” E ao atemorizado e quebrantado adolescente João, “Eis aí tua mãe.” (João 19:26-27)





O próximo clamor veio do início do Salmo 22, “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”





Ele passa horas de dor sem limite, ciclos de contorção, câimbras nas juntas, asfixia intermitente e parcial, intensa dor por causa das lascas enfiadas nos tecidos de suas costas dilaceradas, conforme ele se levanta contra o poste da cruz. Então outra dor agonizante começa. Uma profunda dor no peito, enquanto seu pericárdio se enche de um líquido que comprime o coração.





Lembramos o Salmo 22 versículo 14 “Derramei-me como água, e todos os meus ossos se desconjuntaram; meu coração fez-se como cera, derreteu-se dentro de mim.”





Agora está quase acabado - a perda de líquidos dos tecidos atinge um nível crítico - o coração comprimido se esforça para bombear o sangue grosso e pesado aos tecidos - os pulmões torturados tentam tomar pequenos golpes de ar. Os tecidos, marcados pela desidratação, mandam seus estímulos para o cérebro.





Jesus clama “Tenho sede!” (João 19:28)





Lembramos outro versículo do profético Salmo 22 “Secou-se o meu vigor, como um caco de barro, e a língua se me apega ao céu da boca; assim, me deitas no pó da morte.”





Uma esponja molhada em “posca”, o vinho azedo que era a bebida dos soldados romanos, é levantada aos seus lábios. Ele, aparentemente, não toma este líquido. O corpo de Jesus chega ao extremo, e ele pode sentir o calafrio da morte passando sobre seu corpo. Este acontecimento traz as suas próximas palavras - provavelmente, um pouco mais que um torturado suspiro “Está consumado!”. (João 19:30)





Sua missão de sacrifício está concluída. Finalmente, ele pode permitir o seu corpo morrer.





Com um último esforço, ele mais uma vez pressiona o seu peso sobre os pés contra o cravo, estica as suas pernas, respira fundo e grita seu último clamor: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!” (Lucas 23:46).





O resto você sabe. Para não profanar a Páscoa, os judeus pediam para que o réus fossem despachados e removidos das cruzes. O método comum de terminar uma crucificação era por crucificatura, quebrando os ossos das pernas. Isto impedia que a vítima se levantasse, e assim eles não podiam aliviar a tensão dos músculos do peito e logo sufocaram. As pernas dos dois ladrões foram quebradas, mas, quando os soldados chegaram a Jesus viram que não era necessário.





Conclusão





Aparentemente, para ter certeza da morte, um soldado traspassou sua lança entre o quinto espaço das costelas, enfiado para cima em direção ao pericárdio, até o coração. O verso 34 do capítulo 19 do evangelho de João diz: "E imediatamente verteu sangue e água." Isto era saída de fluido do saco que recobre o coração, e o sangue do interior do coração. Nós, portanto, concluímos que nosso Senhor morreu, não de asfixia, mas de um enfarte de coração, causado por choque e constrição do coração por fluidos no pericárdio.





Assim nós tivemos nosso olhar rápido – inclusive a evidência médica – daquele epítome de maldade que o homem exibiu para com o Homem e para com Deus. Foi uma visão terrível, e mais que suficiente para nos deixar desesperados e deprimidos. Como podemos ser gratos que nós temos o grande capítulo subseqüente da clemência infinita de Deus para com o homem – o milagre da expiação e a expectativa da manhã triunfante da Páscoa.





Fonte:http://www.hermeneutica.com/estudos/crucificacao.html

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Paulo e a teologia dos carismas




shalom


Rômulo dos Anjos Silva


Missionário da Com. Católica Shalom 





Paulo: homem carismático





O ponto de partida para compreendermos a teologia dos carismas é – antes de tudo – notificar a existência de Paulo. Uma existência entendida somente à luz de uma vivência não “mais na carne”, mas “no Espírito”, “pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2,20). São Paulo é considerado o “teólogo da graça”, e este reconhecimento é mais que justo e fundamentado em uma verdade, pois das 155 vezes que a palavra “charis” (graça) ocorre no Novo Testamento, 100 ocorrências estão nos escritos paulinos. A palavra “chárisma” (carisma) tem a mesma raiz da palavra charis.





A palavra grega chárisma é um substantivo derivado do verbo “charízomai” que significa mostrar-se generoso, presentear algo. Desde já podemos começar a entender o significado geral deste termo, que indica um dom generoso, um presente. Todavia encontramos na teologia paulina vários significados referentes a este termo. Das 17 vezes que este termo é usado no Novo Testamento, 16 vezes é citado por Paulo nas suas Cartas e uma vez por Pedro na sua primeira Epístola (cf. 1Pd 4,10). Podemos, assim, sem hesitação, afirmar também que Paulo é o “teólogo dos Carismas”.





Partindo da teologia paulina percebemos que os charísmas – num sentido mais específico – significam dons particulares distribuídos segundo o beneplácito da Vontade Divina, para o bem de cada um e para a utilidade de todos os membros do único Corpo de Cristo que é a Igreja. Desta forma, torna-se evidente que, para falar destes dons, precisamos partir da graça divina, pois é possível falar dos carismas somente partindo de uma “vida no Espírito”, porque os carismas são: uma “manifestação do Espírito Santo” (cf. 1Cor 12,7).





Tanto o apóstolo Paulo como Pedro, exprimem uma íntima relação entre os carismas e a graça de Deus. Os carismas são considerados como uma manifestação da “multiforme graça de Deus”. Os chárismas são de natureza divina, diferentes dos talentos humanos, pois são manifestações do Espírito Santo: “Mas tudo isso é o único e mesmo Espírito que o realiza, concedendo a cada um diversos dons pessoais, segundo a sua vontade” (1Cor 12,11). Os textos paulinos mais importantes sobre este argumento são os capítulos 12 da Epístola aos Romanos e da primeira  carta aos Coríntios.





Finalidade dos Carismas: a edificação da Igreja





A Igreja primitiva se caracteriza pela fundamental experiência de Pentecostes. Esta experiência assinala o começo de um tempo novo de evangelização e o abundante florescimento dos carismas na vida dos Apóstolos e dos primeiros cristãos. Esta experiência, não sendo simplesmente algo do passado, que marcou a história da Igreja, é uma experiência sempre nova, como afirma Santo Tomás de Aquino, dizendo que o Espírito Santo pode ser enviado muitas vezes na vida de cada um, implicando “um conhecimento mais íntimo e mais vivenciado de Deus presente na alma, um conhecimento que explode num amor mais ardente” (cf. Suma Teológica I, q 43). De fato, o Espírito Santo continua a atuar na Igreja fazendo com que esta experiência repita-se muitas vezes na vida de cada um de nós.





Os Carismas têm como origem o próprio Deus, a Santísima Trindade. Nos primeiros versículos da primeira carta aos Coríntios, no capítulo 12, o apóstolo evidencia esta verdade afirmando por meio de três palavras: dons, no plural (charismata), serviço (diakonia) e operações (energemata); temos aqui uma fórmula trinitária. Deste modo, ele atribui os carismas ao Espírito Santo, os ministérios ao Senhor Jesus Cristo e as operações ou poderes a Deus Pai. Contudo, nele não há a pretensão de indicar ou separar três categorias distintas de dons, mas mostrar a unidade entre ambos e evidenciar que os dons da graça (charismata) são destinados ao serviço (diakonia) e que todos manifestam com poder a ação ou operação divina (energemata).





Em 1Coríntios 12, Paulo nos apresenta – sem pretender dar um elenco completo e fechado – uma série de “manifestações do Espírito”: a palavra de sabedoria, a palavra de ciência, a fé, o dom das curas, o dom de milagres, a profecia, o discernimento dos espíritos, o dom de falar em línguas e o dom de as interpretar (cf. 1Cor 12,8-11).





Já no capítulo 12 da Epístola aos Romanos ele nos apresenta uma lista de outros dons (chárismas) do Espírito Santo: o dom de serviço, de ensino, de exortação, de distribuição dos bens, da presidência, e até mesmo o dom de exercer a misericórdia (cf. Rm 12, 3ss). São Paulo fala ainda de ministérios hierárquicos (cf. 1Cor 12,28; Ef 4,11), ministérios ordenados (cf. 1Tm 4,14; 2 Tm 1,6) e outros.





Deus livremente dá os seus dons e cada um recebe o dom do Espírito para a utilidade de todos, ou seja, para o bem comum, e mesmo que exista dom em vista de uma edificação pessoal, como é o caso do dom de línguas (cf. 1Cor 14,4), os chárismas têm uma dimensão eclesial, eles existem para atuar como uma realidade edificante, construtiva no interior de toda a Igreja.





Para entender a teologia dos carismas podemos notar três características importantes que devem ser consideradas: I. Os chárismas são dons provindos da graça de Deus, são uma manifestação do Espírito Santo na vida e na missão da Igreja; II. São dons com caráter de utilidade pública, são dados em vista do bem pessoal, mas sobretudo do bem comum e III. Enfim, são dons do Espírito Santo, a vida do Espírito é uma vida na fé, é uma experiência concreta e real.











A caridade: medida de todos os chárismas





Sem a caridade – nota o Apóstolo – os carismas por mais impressionantes que sejam, não têm nenhuma utilidade (cf 1Cor 13,1-3). Afirma o Catecismo da Igreja: “Os carismas devem ser acolhidos com reconhecimento por aquele que os recebe, mas também por todos os membros da Igreja, pois são uma maravilhosa riqueza de graça para a vitalidade apostólica e para a santidade de todo o Corpo de Cristo, contanto que se tratem de dons que provenham verdadeiramente do Espírito Santo e que sejam exercidos de maneira plenamente conforme aos impulsos autênticos deste mesmo Espírito, isto é, segundo a caridade, verdadeira medida dos carismas” (cf. Cat. 800).





A Caridade é a verdadeira medida dos chárismas, pois se falta a Caridade “nada vale” e “nada lhe adiantaria” (cf. 1Cor 13,2-3).











Igreja: carisma e instituição





Existem tendências que afirmam haver uma contraposição entre a dimensão institucional e a dimensão carismática da Igreja, atribuindo esta última dimensão como sendo característica do apóstolo Paulo. No entanto, não há fundamentos no Novo Testamento para justificar uma oposição entre estas duas dimensões, como se fossem duas realidades independentes. Ao invés, o conjunto dos textos Neo-Testamentários nos afirmam a existência de uma única Igreja com uma única estrutura Carismática-Institucional, a qual encontra o seu modelo na instituição dos Doze Apóstolos escolhidos por Jesus Cristo (cf. Mc 3,13 ss) e repletos do Espírito Santo para formar a Igreja de Deus (cf. At 2,4 ss). Na Constituição Dogmática Lumem Gentium do Concílio Vaticano II ao número 12 nos mostra que existe na Igreja de Cristo a presença de dons carismáticos e hierárquicos. Enfim, vemos que existe uma plena harmonia entre as duas dimensões da Igreja: a institucional e a carismática.











Conclusão





A Igreja sempre foi assistida pelas “manifestações do Espírito” e sempre será. Podemos afirmar – cheios de fervor (parresia), sem temor – que vivemos como Igreja, sob o Espírito Santo. Nos tempos atuais, de fato, vivemos um “Novo Pentecostes”, como pediu o nosso caro Papa João XXIII por ocasião do Concílio Vaticano II. Sem negar, de modo realista, os desafios que vivemos hoje, não podemos deixar de ser “homens de esperança”, não podemos esquecer que estamos numa profunda “Renovação Carismática” no interior da Igreja, que os Movimentos Carismáticos e as Novas Comunidades são uma graça de Deus para os tempos atuais. É o próprio Concílio Vaticano II que nos convida a estarmos atentos e tomar consciência da presença permanente e ativa do Espírito Santo na vida e na missão da Igreja. É o Espírito Santo, a força da Igreja que a impele para as rotas do mundo para anunciar o Evangelho da Paz. Somos a Igreja da Esperança, pois Deus não cessa de conceder-nos “dons generosos”, ou seja, chárismas, para com parresia vivermos a nossa fé e anunciá-la ao mundo de hoje.





Façamos então, como nos recomenda o “teólogo dos carismas”: “Já que aspirais aos dons do Espírito Santo, procurai tê-los em abundância, para a edificação da Igreja” (1Cor 14,12).





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por 


Revista Shalom Maná - Ed. Shalom


Fonte:http://www.comshalom.org/formacao/exibir.php?form_id=4159

Entrevista com Fr Raniero Cantalamessa sobre a RCC






Na Igreja há fiéis que consideram que o "batismo no Espírito" é uma invenção dos carismáticos. Inclusive que puseram nome a uma vivência, mas que não está "catalogada" na Igreja. Poderia explicar, desde sua própria experiência, o que é o batismo no Espírito? 









O batismo no Espírito não é uma invenção humana, é uma invenção divina. É uma renovação do batismo e de toda a vida cristã, de todos os sacramentos. Para mim foi também uma renovação de minha profissão religiosa, de minha confirmação, de minha ordenação sacerdotal. Todo o organismo espiritual se reaviva como quando o vento sopra sobre uma chama. Por que o Senhor decidiu atuar neste tempo desta maneira tão forte? Não sabemos. É a graça de um novo pentecostes. Não é que a Renovação Carismática tenha inventado o batismo no Espírito. 





De fato, muitos o receberam sem saber nada da Renovação Carismática. É uma graça; depende do Espírito Santo. É uma vinda do Espírito Santo que se traduz em arrependimento dos pecados, que faz ver a vida de uma maneira nova, que revela Jesus como o Senhor vivo --não como um personagem do passado-- e a Bíblia se converte em uma palavra viva. A verdade é que não se pode explicar. 





Há uma relação com o batismo, porque o Senhor diz que quem crê será batizado e será salvo. Nós recebemos o batismo de crianças e a Igreja pronunciou nosso ato de fé; mas chega o momento em que nós temos que ratificar o que sucedeu no batismo. Esta é uma ocasião para fazê-lo, não como um esforço pessoal, mas sob a ação do Espírito Santo. 





Não se pode afirmar que milhões de pessoas estejam equivocadas. Yves Congar, este grande teólogo que não pertencia à Renovação Carismática, em seu livro sobre o Espírito Santo afirmava que a realidade é que esta experiência mudou profundamente a vida de muitos cristãos. E é um fato. A mudou e iniciou caminhos de santidade. 





Como vive seu ministério como pregador da Casa Pontifícia desde sua experiência na Renovação Carismática? 





Para mim tudo o que passou desde 1977 é um fruto de meu batismo no Espírito. Era professor na Universidade. Dedicava-me à pesquisa científica na história das origens cristãs. E quando aceitei não sem resistência esta experiência, depois tive o chamado de deixar tudo e colocar-me à disposição da pregação, e também a nomeação como pregador da Casa Pontifícia chegou depois de que tinha experimentado esta "ressurreição". Vejo isso como uma grande graça. Depois de minha vocação religiosa, a Renovação Carismática foi a graça mais assinalada de minha vida. 





Desde seu ponto de vista, os membros da Renovação Carismática têm uma vocação específica dentro da Igreja? 





Sim e não. A Renovação Carismática, temos que dizer e repetir, não é um movimento eclesial. É uma corrente de graça que está destinada a transformar toda a Igreja: a pregação, a liturgia, a oração pessoal, a vida cristã. Assim que não é uma espiritualidade própria. Os movimentos têm uma espiritualidade e acentuam um aspecto, por exemplo a caridade. Antes de tudo, a Renovação Carismática não tem fundador; nenhum pensa em atribuir à Renovação Carismática um fundador porque é algo que começou em muitos lugares de diferentes maneiras. E não tem uma espiritualidade; é a vida cristã vivida no Espírito. 





Mas pode-se dizer que como a gente que viveu esta experiência constitui socialmente uma realidade --são pessoas que fazem determinados gestos, oram de certa maneira-- então se pode identificar uma realidade social cujo papel é simplesmente o de colocar-se à disposição para que outros possam ter a mesma experiência. O cardeal Leo Jozef Suenens, que foi o grande protetor e partidário da Renovação Carismática no início, dizia que o destino final da Renovação Carismática poderá ser o de desaparecer quando esta corrente de graça tenha contagiado toda a Igreja. 





A ponto de concluir a pregação de um retiro no qual estiveram mil líderes carismáticos de todo o mundo, que mensagem gostaria de deixar ao crente que desconhece a Renovação? 





Quero dizer aos fiéis, aos bispos, aos sacerdotes, que não tenham medo. Desconheço por que há medo. Talvez em alguma medida porque esta experiência começou entre outras confissões cristãs, como pentecostais e protestantes. Contudo, o Papa não tem medo. Falou dos movimentos eclesiais, inclusive da Renovação Carismática, como de sinais de uma nova primavera da Igreja, e muito com freqüência faz referência na importância disso. E Paulo VI afirmou que era uma oportunidade para a Igreja. 





Não há que ter medo. Há Conferências Episcopais, por exemplo na América Latina --é o caso do Brasil--, onde a hierarquia descobriu que a Renovação Carismática não é um problema: é parte da solução ao problema dos católicos que se afastam da Igreja porque não encontram nela uma palavra viva, a Bíblia vivida, uma possibilidade de expressar a fé de maneira gozosa, de forma livre, e a Renovação Carismática é um meio formidável que o Senhor pôs na Igreja para que se possa viver uma experiência do Espírito, pentecostal, na Igreja católica, sem necessidade de sair dela. 





Tampouco se deve considerar que se trata de uma "ilha" na qual se reúnem algumas pessoas que são um pouco emocionais. Não é uma ilha. É uma graça destinada a todos os batizados. Os sinais externos podem ser diferentes, mas em sua essência é uma experiência destinada a todos os batizados. 





Fonte: Fr Raniero Cantalamessa


Fonte: Comshalom 











Como se forma a espiritualidade de uma vocação?

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Comunidade Shalom




Vinte e cinco anos! Tempo de Jubileu. Tempo de grandes graças. Tempo de contemplar o que Deus fez apesar de nossa fraqueza. Tempo de colher. Tempo de podar, de preparar novas mudas e replantar. Tempo de louvar, louvar, louvar.





 Como se forma a espiritualidade de uma vocação? Ou, se você preferir: Como se revela a espiritualidade de um Carisma? É disso que trataremos brevemente.





A pessoa do fundador





Um primeiro e indispensável elemento é a pessoa do fundador: sua história de vida, sua forma de relacionar-se com Deus, com a Igreja, com a Palavra, com o homem, com os irmãos, com os pobres, com as contingências de sua vida, sua maneira própria de ver o mundo e de viver a fé, a esperança e a caridade.





Isso é feito ao longo de toda a sua vida. Antes mesmo de seu nascimento já se pode e deve encontrar na história de sua família elementos do que se chama de “espírito do fundador”. Deus, que é o autor do Carisma, providencia sinais que poderão ser lidos depois pelos discípulos do fundador como elementos importantes na formação da espiritualidade de sua vocação.





Na medida em que o fundador vai vivendo, o Carisma revela-se, como vimos, em sua história e visão de mundo. Isso, logicamente, de forma natural, espontânea, não programada. Ninguém nasce e cresce sabendo que vai fundar uma comunidade. Somente ao longo da vida – e, no nosso caso, depois que a Obra foi fundada, com a lanchonete – a pessoa vai percebendo que Deus lhe deu dois carismas essenciais para a fundação: o Carisma de Fundador (para fundar uma comunidade, instituto religioso, congregação, movimento, etc.) e o Carisma da Fundação (ou seja, o Carisma que caracterizará o que fundou: Carisma Franciscano, Carisma Carmelita, Carisma Vicentino, Carisma Shalom). O primeiro, é exclusivo do fundador. Ninguém a não ser ele tem o Carisma de Fundador[1]. O segundo, o Carisma da Fundação, é o carisma que o fundador fará despertar, por identificação, em todos os seus discípulos ou, se preferirmos uma linguagem mais técnica, o Carisma que o fundador transmitirá aos seus discípulos. Estes, desde toda a eternidade, foram eleitos por Deus para viver este determinado Carisma e o trazem como parte de sua identidade de filhos de Deus.





Ao longo da história de vida do fundador, vai-se delineando a espiritualidade de um Carisma a partir do que se chama de “espírito do fundador” que é, em resumo, a forma histórica como o fundador viveu e vive o Carisma da Fundação. O Carisma da Fundação passa pela pessoa do fundador, necessariamente, mas independe dele. A Espiritualidade da Fundação também passa pela pessoa do fundador, necessariamente, e também independe dele. Já o Espírito do Fundador, não somente “passa” pela pessoa do fundador, mas o acompanha durante toda a vida e depende essencialmente dele, pois é a forma como ele, e mais ninguém, o vive.





Enquanto vivo, viverá a Espiritualidade do Carisma de sua forma própria, isto é, revelando o Espírito do Fundador. Uma vez falecido o fundador e o co-fundador[2], a Espiritualidade do Carisma, ou da Fundação, estará, já estabelecida. Da mesma forma, o Espírito do Fundador. Este permanece na história, tradição e espiritualidade da fundação e deverá ser imitado e seguido por seus discípulos, mas, evidentemente, confinado ao tempo histórico do fundador. Caberá aos discípulos “cavar”, pesquisar, rezar, explicitar e vivenciar o Espírito do Fundador e a Espiritualidade da Fundação e conservá-los vivos através de uma adesão vivencial. No entanto, estes não serão mais modificados, sob pena de se mutilar o próprio Carisma, revelado enquanto o fundador e co-fundador estiverem em vida.





Os discípulos





A existência de discípulos é o “atestado de Deus” de que um Carisma é autêntico. Pela identificação com o fundador e o espírito do fundador, eles começam a aproximar-se dele e se unirem a ele em sua missão e vocação. Estes discípulos, ao longo da história de um Carisma, serão formados de acordo com a Espiritualidade do Carisma (ou da Fundação) e com o Espírito do Fundador, levando-os adiante, através da vivência, mesmo após o falecimento deste. Daí a necessidade absoluta de, no tempo certo, sem queimar etapas, deixar-se bem clara a identidade de um Carisma, sua espiritualidade e o espírito do fundador e de se formar os discípulos segundo esta identidade e espiritualidade. A própria vivência dos discípulos, ao longo da história de vida do fundador, vai confirmando e modulando esta espiritualidade sem, entretanto, em nenhuma hipótese, modificá-la.





As expressões





As expressões de uma espiritualidade são partes essenciais da mesma. Embora adaptável aos tempos e costumes em aspectos superficiais, há características de expressões da espiritualidade (no nosso caso, o louvor e nossa forma de louvar, para dar só um exemplo) que não poderão ser modificadas sem atingir profundamente a própria espiritualidade.





A Dimensão Cristológica e Evangélica





Ao longo da história do fundador, o Espírito o introduz no mistério de Cristo cumprindo uma ação iluminativa e conformativa ao mesmo tempo. A partir da compreensão de um determinado mistério e em torno a esse, articula-se, em uma síntese harmônica e completa, a visão de todo o mistério de Cristo e do seu Evangelho. Também em torno deste mistério, se harmonizam os elementos estruturais da vocação, o que dá a ela sua característica e identidade única.





A dimensão cristológica que o Espírito nos apresentou foi a de Jesus Cristo como nossa Paz, o Ressuscitado que passou pela Cruz e nos comunica a Sua Paz, em Jo 20,19ss. Tal mistério cristológico, embora vivido por todos os cristãos, é entendido e vivenciado pelos que possuem o Carisma Shalom de forma única, a partir da estrada nova percorrida pelo fundador.





Ter clareza quanto ao mistério cristológico de uma vocação é essencial para a identificação vocacional e adesão pessoal incondicional ao Carisma com a conseqüente e coerente vivência do mesmo.











A partir do próximo número, estaremos apresentando, ainda que brevissimamente, alguns aspectos da Espiritualidade Shalom. Estamos conscientes de que ela não está ainda totalmente definida, uma vez que, graças a Deus, nosso fundador está vivo. No entanto, em vistas do jubileu e do rápido crescimento e expansão da Comunidade e com o objetivo de partilhar nossa vivência com todos que o desejarem, nos aventuramos, conscientes de nossa imperfeição, a oferecer vislumbres do que até hoje nos tem dado o Senhor neste aspecto.











Maria Emmir Nogueira





Para aprofundar o assunto:





I Fondatori Uomini Dello Spirito,





Fabio Ciardi, ed. Città Nuova Editrice, 1982,





Roma, pp 387-391








[1] É um engano pensar que toda vocação precisa ter um co-fundador; engano, igualmente, pensar que este tem “uma porcentagem” do Carisma de Fundador. O Carisma de Fundador e Co-fundador são dois carismas complementares, porém diversos.








[2] Referimo-nos aqui ao co-fundador com relação ao carisma e não ao co-fundador histórico, como se denominam os irmãos que iniciaram com o fundador, mas não têm necessariamente o carisma de co-fundação.


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por ,


Comunidade Católica Shalom


http://www.comshalom.org/formacao/exibir.php?form_id=3041

Novas comunidades são dom e missão a favor do povo, diz Moysés






O que as Novas Comunidades devem ser para o Povo? Mais ainda, o que são as Novas Comunidades? Segundo o fundador da Comunidade Shalom, Moysés Azevedo, elas são formadas por pessoas que descobriram seu Batismo e nele encontraram o seu carisma particular, a sua forma de viver o Evangelho e seguir plenamente a Cristo, ser Igreja.





"Devemos saber que somos constituídos por Deus a serviço do Seu Povo, aquele em cuja vida vamos concretizar, provar nosso amor por Deus", afirma.





Ele acredita que um dos maiores dons destas comunidades é o de se colocar a serviço. "As Novas Comunidades não são um clube, não vivem para si mesmo. São um dom e uma missão em favor dos outros. Nosso papel é consumir e doar, sacrificar a nossa vida em favor deste povo, para que ele possa, nos olhando, ver os olhos de Cristo; nos ouvindo, ouvir a Palavra de Cristo e da Igreja. E que possam, no amor e no acolhimento, se sentirem amados e acolhidos por Cristo e a própria Igreja".





E é exatamente esse um dos grandes desafios dos tempos atuais, segundo Moysés: fazer o povo se sentir acolhido e amado. Nesse sentido, as NC precisam oferecer o alimento necessário da sã doutrina, da evangelização fundamental, da boa formação cristã, católica, para que se possa formar homens e mulheres que façam a diferença neste mundo.








Dicas





Para as comunidades que começam a se estruturar, Moysés recorda que é preciso ter consciência de que a Obra não é humana, mas de Deus. "Às vezes, corremos o risco de querer fazer tudo com nossas próprias mãos".





Ele oferece duas dicas fundamentais:





1 – Deus tem um projeto, uma promessa divina, e às vezes se quer realizar de modo humano. É preciso lembrar que, se a comunidade é autêntica, deve ser um projeto de Deus. É o espírito de escuta e obediência à vontade de Deus que sela essa autenticidade;





2 – "Não comecem pelo telhado". Moysés cita que há comunidades que mal começaram a dar os primeiros passos e já têm grandes estruturas. Em primeiro lugar, o carisma precisa ser acolhido, compreendido e entendido para ir se institucionalizando, não começar pelo contrário, com regras e estatutos antes mesmo de a Comunidade existir concretamente. "É Deus quem precisa estar no comando e condução", afirma.





Fonte: Canção Nova

Características para um caminho de santidade






Segundo o Padre Fábio Ciardi, as características que devem ser imitadas por quem deseja traçar um caminho de santidade são:





1 - ama a todos, porque é Pai de todos: para ser santo, é preciso amar a todos;





2 - ama por primeiro, não espera que o homem o ame antes: para ser santo, é preciso dar o primeiro passo e amar principalmente quem não me ama;





3 - ama sempre, pois é sua natureza, doando-se totalmente no Filho: para ser santo, é preciso viver essa doação integral;





4 - ama a partir de dentro, não de fora: para ser santo, é preciso imitar o círculo de amor formado pela Santíssima Trindade - se Deus é comunhão, deve-se reconhecer a necessidade do outro.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O Anúncio









Olá, vamos meditar a palavra de Deus?




Jesus diz que quem tiver deixado casa, família e bens, por causa Dele e da palavra de Deus, já vai receber nesta vida, casas, irmãos, irmãs, mãe, filhos e campos, junto com perseguições. 





Então, essa é uma realidade. Não há como fugir das perseguições. Elas vem junto com o “pacote” prometido por Deus. E Ele diz mais, que quem assim o fizer receberá 100 vezes mais, pois receberá também no mundo futuro, a eternidade.Veja o que diz o evangelho:





Jesus respondeu: "Eu garanto a vocês: quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, filhos, campos, por causa de mim e da Boa Notícia,vai receber cem vezes mais. Agora, durante esta vida, vai receber casas, irmãos, irmãs, mãe, filhos e campos, junto com perseguições. E, no mundo futuro, vai receber a vida eterna. (São Marcos 10,29-30)



Preste bem atenção, pois aquilo que você acha que vai perder por segui-lo, vai é ganhar.



Dando sequência às palavras de Jesus Ele falou o que as pessoas vão ganhar em seguir a Ele e o evangelho, que são:

a)casas, 

b)irmãos, 

c)irmãs, 

d)mãe, 

e)filhos  

f) campos, 

g)perseguições




O significado de boa notícia é a "palavra do Senhor", ou seja, a boa nova, o evangelho.(Atos 15,35)



Resumindo: ao deixar casas, irmãos, irmãs, mãe, filhos e campos(aqui representado pelos bens), você só tem a ganhar. Podemos por exemplo verificar o caso de Padre Jonas, deixou a casinha dos seus pais, e o que ele ganhou? A canção Nova, uma multidão de filhos, ganhou muitos pais, mães, um terreno enorme onde está a sede da canção nova e vai ganhar a vida eterna. 



Ele ganhou ou não cem vezes mais? E no pacote veio as perseguições, dificuldades financeiras e tantas outras provações, foi tido como louco, quantas coisas falaram dele, não é mesmo? E assim, ocorre com todos os que desejam servir a Cristo de verdade. 



Podemos citar o exemplo dos nossos padres, bispos, religiosos e o povo de Deus no geral, que no seu ministério deixou muita coisa para servir o Senhor, mas porém ganhou muito mais. Pode perguntar para qualquer um que confirma isso. Ganhou muito mais nesta vida e vai ganhar a vida eterna que é o mais importante.





Então Jesus disse-lhes: "Vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Notícia para toda a humanidade.Quem acreditar e for batizado, será salvo. Quem não acreditar, será condenado.Os sinais que acompanharão aqueles que acreditarem são estes: expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas;se pegarem cobras ou beberem algum veneno, não sofrerão nenhum mal; quando colocarem as mãos sobre os doentes, estes ficarão curados."Depois de falar com os discípulos, o Senhor Jesus foi levado ao céu, e sentou-se à direita de Deus.


(São Marcos 16,15-19)



Posso testemunhar essa palavra acima, obviamente quando fala de veneno, de cobra, pode até ser isso, quando alguém faz o mal para o   servo de Deus utilizando essas situações, mas Jesus disse no sentido figurativo, tanto posso confirmar a palavra que tive um acidente a menos de dois meses atrás e estava dirigindo. 



Estou residindo atualmente em Bela Vista do Maranhão, pertencente a Diocese de Viana, digo a vocês, que estava num cruzamento, então, um outro carro bateu no meu e do meu lado que é do motorista ficou completamente amassado e comigo não aconteceu nada, só um furinho na cabeça porque voou uns cacos. 



Na verdade, como pode as duas portas terem sido destruídas, amassadas do meu lado sem que me amassasse, sem que eu machucasse? É o cumprimento desta palavra, meus amados. Teve o acidente e não sofri nenhum mal.  





Penso, meus irmãos, que há uma necessidade urgente do anúncio do evangelho, até para cumprir o desejo de Jesus e sabemos perfeitamente bem, que a segunda vinda de Cristo só ocorrerá quando o evangelho tiver sido anunciado a todas as nações. É o que a palavra de Deus diz. “Mas antes a Boa Notícia deve ser anunciada a todas as nações”.(Marcos 13,10)





Esses dias estava pensando porque um profeta não é valorizado na sua terra. Até Jesus deixou de fazer milagres na cidade onde nasceu. 





E me veio um pensamento que acredito ser uma inspiração que é pelo fato de termos que ir ao encontro do outro pelo mundo inteiro. Se o anúncio fosse feito só onde moramos não iria ser cumprida a palavra bíblica na sua integridade. Pois Ele mandou ir pelo mundo inteiro.





"nenhum profeta é bem recebido em sua pátria". (São Lucas 4,24)



Outro dado é muito importante, como foi constituída a primeira comunidade cristã, isto é, algo original, como deveria sermos, quero que preste bastante atenção em cada palavra, para que ela possa ser configurada em você.



Nela vai dizer que todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum.Vendiam as suas propriedades e os seus bens, e dividiam-nos por todos, segundo a necessidade de cada um.Unidos de coração freqüentavam todos os dias o templo.





"Que toda a casa de Israel saiba, portanto, com a maior certeza de que este Jesus, que vós crucificastes, Deus o constituiu Senhor e Cristo.Ao ouvirem essas coisas, ficaram compungidos no íntimo do coração e indagaram de Pedro e dos demais apóstolos: Que devemos fazer, irmãos?Pedro lhes respondeu: Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.Pois a promessa é para vós, para vossos filhos e para todos os que ouvirem de longe o apelo do Senhor, nosso Deus.Ainda com muitas outras palavras exortava-os, dizendo: Salvai-vos do meio dessa geração perversa!Os que receberam a sua palavra foram batizados. E naquele dia elevou-se a mais ou menos três mil o número dos adeptos.Perseveravam eles na doutrina dos apóstolos, na reunião em comum, na fração do pão e nas orações.De todos eles se apoderou o temor, pois pelos apóstolos foram feitos também muitos prodígios e milagres em Jerusalém e o temor estava em todos os corações.Todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum.Vendiam as suas propriedades e os seus bens, e dividiam-nos por todos, segundo a necessidade de cada um.Unidos de coração freqüentavam todos os dias o templo. Partiam o pão nas casas e tomavam a comida com alegria e singeleza de coração,louvando a Deus e cativando a simpatia de todo o povo. E o Senhor cada dia lhes ajuntava outros que estavam a caminho da salvação.(Atos 2,36-47)"



Nesta comunidade acima narrada, está o verdadeiro sentido da vida, é para isso que viemos ao mundo para louvar o Senhor, para bendizer o seu santo nome. 



E veja como estamos agora, faça um comparativo daquela comunidade daquela época e a forma que vivemos hoje. Então, é preciso inovar, deixar o espírito conduzir nossa vida.



Portanto, meus amados, é preciso refletirmos mais a palavra de Deus, para que ela possa frutificar em nós aquilo que o Senhor deseja.





Augusta Moreira dos Santos


Ministério de Pregação e Cura Interior-Vazante-MG

Grupo de Oração São Francisco de Assis.







quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Minhas Frases Preferidas-Santos Católicos









"Se você julga as pessoas, você não tem tempo para amá-las" 


(Santa Teresa de Ávila)





"Amar é querer bem a qualquer um". (Santo Tomás de Aquino)





Frases de Madre Tereza de Calcutá





A falta de amor é a maior de todas as pobrezas.


Madre Teresa de Calcutá





O primeiro passo para conseguir algo é desejá-lo.





Continue, quando todos esperam que desistas





Aquele que tem caridade no coração tem sempre qualquer coisa para dar.





É fácil amar os que estão longe. Mas nem sempre é fácil amar os que vivem ao nosso lado.





A oração torna nossos corações transparentes e só um coração transparente pode escutar a Deus !





Não sou nada; sou apenas um instrumento, um pequeno lápis nas mãos do Senhor, com o qual Ele escreve aquilo que deseja.





O bem que você faz hoje, poderão esquecê-lo amanhã. Faça o bem assim mesmo! Se você é bondoso e franco poderão enganá-lo. Seja bondoso e franco assim mesmo!O que você levou anos para construir, alguém pode destruir de uma hora para a outra. Construa assim mesmo! 



























Entrevista com Padre Fábio Ciardi

Padre Fábio Ciardi




Nesta semana o portal cancaonova.com traz a você a coletiva de imprensa com o padre italiano Fábio Ciardi1, membro da Congregação dos Missionários Oblatos de Maria Imaculada, que esteve na sede da Comunidade Canção Nova, em Cachoeira Paulista (SP), para conduzir a Escola para Formadores. O evento aconteceu de 5 a 8 de julho e teve a participação de formadores e fundadores de várias das Novas Comunidades espalhadas pelo Brasil. 







cancaonova.com: Quais os principais propósitos e como se pode evangelizar a partir do conceito de comunidade?





Padre Ciardi: Partimos do exemplo da primeira comunidade, que é a comunidade de Jerusalém, porque todas as outras comunidades  são um espelho desta. O livro dos Atos dos Apóstolos relata que todos os cristãos eram um só coração e uma só alma. Existem quatro relatos que descrevem como a comunidade vivia unida e como ela crescia. 





Isso tem uma relação muito estreita entre como uma comunidade vive e como evangeliza. Antes de ser um anúncio, a evangelização é um testemunho, ou seja, o que verdadeiramente evangeliza é a minha vida, mas não só minha vida pessoal, mas a vida em comunidade, porque vendo a comunidade a pessoa já vê o efeito da obra de Cristo. 





O que Jesus veio fazer na terra? Ele veio refazer a família dos filhos de Deus. Então quem vê uma comunidade diz: “É possível viver juntos, é possível perdoar-se, é possível viver o amor recíproco, é possível viver a fraternidade”. Então a mensagem de Jesus Cristo é verdadeira, o que Ele fez é verdadeiro. Penso, então, que o primeiro anúncio de uma comunidade é a comunhão.





cancaonova.com: Que relação o senhor faz com os carismas, variados e diferentes no seio da Igreja, que é Una, e com a Trindade, que é formada por três Pessoas diferentes, mas Una em Sua natureza? 





Padre Ciardi: O Pai diz uma única Palavra na Trindade: o Verbo, que é a Palavra. Deus diz uma Palavra só, e naquela Palavra o Senhor se dá inteiramente. Quando o Verbo vem à terra Ele diz muitas palavras, mas Ele mesmo é uma só Palavra. Então por que o Verbo, quando se encarna, diz a nós muitas palavras? 





Para se fazer compreender por nós. A única Palavra se abre em tantas palavras. O amor de Deus se faz compreender e para isso usa nossa linguagem. Jesus, para nos fazer compreender que Deus é amor, diz muitas parábolas, como a do Filho Pródigo, como a Palavra que diz que o Pai do céu cuida das aves do céu e veste os lírios do campo, outra que diz: 





''Vocês, mesmo sendo maus, sabem dar coisas boas aos seus filhos, quanto mais o Pai, que está no céu, dará o Espírito Santo aos que lho pedirem!'' (Lc 11, 13). Bastava Jesus dizer só uma palavra: Deus é amor. Mas para se fazer entender usou muitas outras palavras, e aí nós temos o Evangelho. O Evangelho é a Palavra de Jesus, que se desdobra em tantas outras palavras. Que relação eu faço com os carismas? São as várias palavras de Jesus, as quais se tornam vida ao longo da história da Igreja. 





'Ser santo é ser como Deus, que ama se doando por inteiro, por primeiro e sempre'


Foto: Wesley Almeida/CN





A primeira Palavra que se abre é "ame a Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma" e, assim, nasce o monaquismo. Jesus diz "Ide pregar o Evangelho, não leveis coisa alguma para o caminho, nem bordão, nem mochila, nem pão, nem dinheiro, nem  tenhais duas túnicas [...]" (Lc 9, 3), ou seja, sejam livres. E assim nasce São Francisco e a ordem franciscana. 





O Senhor diz "Eu estava enfermo e foste me visitar. Tudo o que fizerdes a estes pequeninos, foi a Mim que o fizestes" e assim nasce São Camilo de Lélis, que cuida dos doentes. Jesus diz “Eu estava com fome e me destes de comer” e assim nasce São Vicente de Paulo. 





Então, se nós olharmos para a história da Igreja - olhando para todas as ordens religiosas que nasceram - nós percebemos que cada uma delas é uma palavra do Evangelho que se fez carne. A história da Igreja é o Evangelho, que se torna vida, é Cristo que se revela ao longo dos séculos. 





Cada palavra é o amor de Deus, mas traduzida em várias palavras para se fazer compreender, no entanto, a substância é a mesma. Assim são os carismas, as Ordens Religiosas, as Novas Comunidades, são diferentes uns dos outros, porque cada um expressa algo do Evangelho, um aspecto do mistério de Jesus, porém, por trás de tudo são todos iguais, porque todos são Jesus, todos são Evangelho, todos são amor. 





Então, como o Evangelho é um, mas feito de tantas palavras, assim é a Igreja, é una, mas feita de tantas palavras vivas. E daí temos os oblatos de Maria Imaculada, os jesuítas, os franciscanos, a Canção Nova; isso é que faz a beleza da Igreja. 





Se existisse uma multidão e todos estivessem vestidos de vermelho... que tristeza! Se tivéssemos um jardim só com margaridas... que tristeza, porque um jardim é belo pela variedade de flores. Uma multidão é bonita quando há velhos, crianças, jovens, com roupas diferentes. Assim é a Igreja, ela é bela porque possui vários carismas.





cancaonova.com: Nós poderíamos, então, dizer que ser santo é viver junto com os outros e para os outros?





Padre Ciardi: Jesus disse "Sede perfeitos como é perfeito vosso Pai dos céus". Cristo, quando nos fala da santidade e da perfeição, nos mostra o Pai, mas na Sua forma de amar e não para sermos perfeitos como na Onipotência ou Onisciência de Deus. 





Disse “sejam perfeitos como o Pai vive o amor”, e a característica do amor do Pai é que Ele ama a todos: bons e maus. Por essa razão, para ser santo eu preciso amar a todos: bons e maus, amigos e inimigos. Depois, a segunda característica do amor do Pai é que Ele ama primeiro, como diz São Paulo “ainda quando éramos pecadores, Deus nos amou primeiro”, ou seja, não é que o Pai espera que O amemos primeiro, é Ele que dá o primeiro passo. 





Então "Ser perfeito como o vosso Pai do céu é perfeito" quer dizer que eu também devo amar primeiro, que eu também devo dar o primeiro passo, não amar apenas quem me ama, pois isso é fácil. Eu devo amar primeiramente aqueles que não me amam, porque a força do meu amor fará com que o outro também ame. Uma terceira característica do amor do Pai é que Ele ama sempre, é a Sua natureza. De que maneira o Pai ama? Dando-se a si mesmo, ou seja, Ele gera o Filho e se doa totalmente ao Filho. 





Vocês já se perguntaram por que na Trindade são somente Três Pessoas e não quatro? Por que Deus tem só um Filho? Qual a diferença entre Deus e uma mulher? Quando uma mulher tem um primeiro filho ela diz “você é minha vida, eu te dou toda a minha vida”. 





Mentira! Porque quando nasce um outro filho o primeiro não era toda a sua vida, ela agora vai dar uma outra parte de sua vida para o segundo filho e vai dizer como disse para o primeiro “você é toda a minha vida.”. 





Mentira! Pois quando vier o terceiro filho ela tem mais vida para dar. Agora, quando o Pai do céu diz na Sua Palavra: “Tu és Meu Filho, hoje Eu Te gerei”, Ele está dizendo “Você é toda a Minha vida!”, Ele diz a verdade, não sobra nada para dar a outro Filho, por isso nós dizemos na profissão de fé: “Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro”, ou seja, o Filho é todo o Pai, 





Ele recebeu tudo do Pai, então quando eu amo devo dar tudo. Isso é para dizer que ser santo é ser como Deus, que ama se doando por inteiro, por primeiro e sempre.





cancaonova.com: Quais as atitudes que as Novas Comunidades devem ter para não caírem na tentação de viver uma vida à parte da vida da Igreja?





Padre Ciardi: É sempre um perigo que se tornem uma seita, mas não é só hoje, isso também está na história da Igreja, até no monaquismo houve desvios. A primeira regra do monaquismo foi escrita por Santo Atanásio, a qual poderíamos responder com uma história. 





Santo Antão do Deserto fez uma experiência com Deus e deixou tudo, foi para o deserto e, como ele, muitos outros homens largaram tudo e também foram para o deserto, mas cada um vivia o Evangelho do seu jeito, por isso, existia o perigo de se ter uma vida fora da vida da Igreja. 





Naquela época, no Egito, havia só uma diocese, a de Alexandria, e o bispo era Santo Atanásio. Ele viu como crescia este estilo de vida e pensou numa regra, mas ele não escreveu uma regra, ele escreveu a vida de Santo Antão e a colocou como proposta para um modo de vida de todos os monges. 





Isso já mostrava que um bispo tinha o poder de ligar a ele todos os monges, para que estes não fossem independentes, mas sim, ligados à Igreja. Penso que esta é a primeira regra: sentir a necessidade de estar ligado ao bispo. 





A primeira coisa que deve fazer uma Nova Comunidade é se apresentar ao bispo e dizer: "Olha, nós nascemos espontaneamente na Igreja, é o Espírito que nos fez nascer" e o bispo, que tem o dom de reconhecer os carismas, os reconhece ou não como “filhos”  dele. 





Geralmente o bispo coloca-os à prova, e só depois diz: “Sim, aqui está a mão de Deus” e neste momento acolhe o carisma na sua comunidade eclesial. 





É preciso que haja este contato constante com o bispo, porque todo carisma vai ter um trabalho, uma missão específica dentro da Igreja. E o bispo deve ter a consciência de que os carismas são para edificar e construir a Igreja. 





Para construir uma casa são necessárias muitas pessoas com especialidades diferentes: o engenheiro, o pedreiro, o eletricista, o encanador; eu não posso pegar o eletricista e dizer “faça uma parede”. 





Da mesma forma, a Igreja é a casa de Deus, para construí-la são necessários muitos trabalhos diversos e, assim, são os carismas, cada um deve fazer o seu trabalho. 





Fonte: Canção Nova