terça-feira, 17 de setembro de 2013

Casamentos que podem ser considerados nulos




Casamentos que podem ser considerados nulos – EB (Parte 1)





terminar-namoroA Cruz dos Recasados:


Em síntese: O presente artigo considera os impedimentos que tor­nam nulo o casamento e mostram como devem proceder as pessoas que julgam ter contraído um casamento nulo. A Igreja não anula um casa­mento validamente contraído e carnalmente consumado, mas pode de­clarar nulo o matrimônio que haja sido contraído com impedimento dirimente (anulante).


O Pe. Vitor Gropelli publicou um livro intitulado “A Cruz dos Recasados”1, em que aborda a situação das pessoas que, infelizes no seu casamento, vivem sós ou se unem a outrem sem a bênção de Deus. A obra é muito oportuna, pois oferece uma palavra de reconforto a tais pessoas e abre-lhes perspectivas geralmente pouco conhecidas. Com efeito; um casamento fracassado pode ter sido nulo em sua origem mes­ma, porque contraído com algum impedimento dirimente (anulante). Quan­do alguém julga que seu matrimônio se enquadra em algum dos casos de impedimento dirimente, pode procurar o tribunal eclesiástico e pedir a investigação da validade ou não de tal matrimônio.


Visto que o assunto é de grande atualidade, vão, a seguir, transcri­tas as páginas dos capítulos V e VI da obra atinente a problemática.


CAPITULO V


QUANDO O MATRIMÔNIO É NULO?


A Igreja, como também o direito civil, estabelece algumas condições para que o sacramento do matrimônio seja válido. Assim, há deter­minadas condições, chamadas juridicamente impedimentos dirimentes, que, quando ocorrem, tornam o ato da celebração sem efeito. Isso signi­fica que, teoricamente, alguns casamentos são nulos ou inválidos apesar de terem sido celebrados com grande pompa e na frente de inúmeras testemunhas. O Código de Direito Canônico (CDC) chama impedimento dirirnente o que impede que o matrimônio seja válido. Os cânones 1083-1094 são dedicados a essa matéria.


Quais são, então, os impedimentos que tornam nulo o casamento? Vamos apresentá-los de forma resumida para que todos os conheçam e possam tirar suas conclusões.


1) O impedimento dirimente da idade  (cânone 1083)


O homem que não tenha ainda 16 anos completos e a mulher an­tes que tenha 14 anos completos não podem contrair matrimônio válido. Não são raros os casos de adolescentes forçados a casar antes da idade impeditiva por terem tido uma suposta relação sexual. Conheci pessoal­mente gente que declarou falsamente idade superior dos filhos para con­seguir realizar o casamento. Infelizmente, isso acontece muitas vezes.


Portanto, as pessoas que foram vítimas desse crime e se casaram sem obter uma legítima dispensa do impedimento da idade devem saber que seu matrimônio nunca existiu como sacramento.


2) A impotência coeundi (sexual)   (cânone 1084)


Essa impotência consiste na impossibilidade física ou psíquica, quer relativa quer absoluta, de se ter uma relação sexual completa com o próprio cônjuge. Para que o ato se torne nulo  é  necessário que a impotência coeundi seja antecedente ao matrimônio e perpetua, relativa ou absolu­ta. A esterilidade não impede que o matrimônio seja válido.


3) A existência de outro matrimônio religioso   (cânone 1085)


Esse cânone afirma que “tenta invalidamente contrair matrimônio quem está ligado pelo vinculo de matrimônio anterior, mesmo que esse matrimônio não tenha sido consumado”. Isso porque o matrimônio validamente celebrado é indissolúvel e dura até a morte de um dos côn­juges. Já encontrei uma pessoa que admitiu ter casado três vezes na Igreja sem se ter dado conta da lei da Igreja. Falou-me isso tendo ao lado a terceira esposa enquanto me perguntava: “O que devo fazer, agora?”


As duas esposas anteriores estavam vivas e, possivelmente, casadas com outros.


Como isso aconteceu? Creio que por falta de diligência na hora de pedir a certidão de batismo ou de registrar nela o casamento acontecido. De fato, no registro dos batizados deve ser anotado o casamento acon­tecido para evitar que alguém minta e case de novo. As vítimas desse engano são vítimas também da pouca solicitude de nossas secretarias paroquiais.


Certa vez, alguém me alertou que um conhecido seu estava para casar de novo em outra cidade. Deu-me os dados do primeiro matrimô­nio e fui conferir nos livros da paróquia onde tinha sido celebrado. Levei um susto quando li que eu tinha sido o presidente da cerimônia a pedido do vigário. Tentei em vão tomar as providências do caso. A segunda es­posa conhecia os antecedentes do noivo? Não saberia dizer. Mais um matrimônio nulo.


4) Impedimento de disparidade de culto (cânone 1086)


Como prescreve o cânone 1086, é inválido o matrimônio entre duas pessoas, uma das quais católica, e outra não batizada, que tenha sido celebrado sem a devida dispensa do impedimento.


 


5) Impedimento da ordem sagrada (cânone 1087 e 1088)


E nulo o matrimônio de sacerdote, diácono celibatário e diácono permanente (cânone 1087) e de religiosos (as) ligados por voto público perpétuo de castidade (cânone 1088), que seja realizado sem a devida autorização (dispensa) da Igreja.


6) Impedimento de rapto (cânone 1089)


Se um dos dois e seqüestrado (raptado) a fim de realizar casamen­to, não pode existir matrimônio enquanto permanecer a situação de rapto.


7) Impedimento de crime (cânone 1090)


É inválido o matrimônio de quem, “com intuito de contrair matrimô­nio com determinada pessoa, matar o cônjuge dessa pessoa ou o pró­prio cônjuge” (cânone 1090). Isso, infelizmente, não é fantasia, pois já aconteceu várias vezes. A dispensa desse impedimento só pode ser con­cedida pela Santa Se”.


8) Impedimento de consanguinidade  (cânone 1091)


É absolutamente nulo o matrimônio entre pais e filhos, avós e ne­tos e irmãos e irmãs. Sem a devida dispensa da Igreja, é nulo também o matrimônio entre tios e sobrinhos e entre primeiros primos, quer dizer, quando um ou os dois pais de um noivo são irmãos de um ou dois pais do outro.


9) Impedimento de afinidade (cânone 1092)


A afinidade é a relação existente entre os cônjuges validamente casados e os consangüíneos do outro. Este impedimento torna sempre inválido o matrimônio entre um dos dois e os ascendentes ou descen­dentes do outro. Quer dizer que os viúvos não podem casar validamente com sogro, sogra, enteado, enteada.


10) Impedimento de pública honestidade (cânone 1093)


É parecidocom o impedimento de afinidade. Só que o impedimen­to de pública honestidade se dá quando os dois convivem sem ter casa­do (concubinato notório ou público) ou dentro de um matrimônio invalido. Nesse caso, não pode haver matrimônio válido entre o homem ou a mu­lher e eventuais filhos ou pais do companheiro.


11) Parentesco legal  (cânone 1094)


É nulo o casamento entre o adotante e o adotado ou entre um des­tes e os parentes próximos do outro.


Além dos impedimentos, outras circunstâncias colaboram para que o matrimônio não seja válido.


12) Falta de consentimento (cânone 1095)


Assim reza o cânone 1095:


“São incapazes de contrair matrimônio: 1-os que não tem suficien­te uso da razão; 2- Os que tem grave falta de discrição de juízo a respeito dos direitos e obrigações essenciais do matrimônio, que se devem mutu­amente dar e receber; 3-os que são incapazes de assumir as obrigações essenciais do matrimônio, por causa de natureza psíquica”.


As circunstâncias previstas por este cânone são mais freqüentes do que se magma. São elas que mais aparecem nos tribunais eclesiás­ticos quando se dá entrada ao processo para a declaração de nulidade.


13)  A ignorância a respeito da essência do matrimônio (c. 1096)


O cânone 1096 define como desconhecimento da essência do ma­trimônio o do “consórcio permanente entre homem e mulher, ordenado a procriação da prole por meio de alguma cooperação sexual”.


14)  O erro de pessoa (cânone 1097)


Isso se dá quando alguém pensa que esta casado com urna pes­soa, quando na realidade se trata de outra.


15) O dolo perpetrado (cânone 1098)


Isso acontece quando alguém é enganado por dolo perpetrado por outro, a fim de “obter o consentimento matrimonial, a respeito de alguma qualidade” pessoal que não existe, cuja falta “possa perturbar gravemen­te o consórcio da vida conjugal”.


16)  Alguma condição negativa (cânone 1102)


A exclusão voluntária e consciente de filhos ou a firme vontade de não viver até a morte o matrimônio o torna inválido.


17) Medo e violência (cânone 1103)


Reza o cânone 1103:


“É inválido o matrimônio contraído por violência ou por medo grave proveniente de causa externa, ainda que não dirigido para extorquir o consentimento, quando, para dele se livrar, alguém se veja obrigado a contrair o matrimônio”.


Assim, como foi possível constatar, os casos ou as circunstâncias que podem tornar nulo o matrimônio são muitos e complexos. Por isso, um aprofundamento dirigido poderá ajudar os casais a sanar os erros e a recuperar a liberdade sacrificada num casamento inválido ou nulo. É opor­tuno divulgar o que a Igreja diz a respeito de casamento nulo para dar condição aos fiéis de discernir o que devem fazer para poder alcançar a declaração de nulidade do primeiro matrimônio.


Casamentos que podem ser considerados nulos – EB (Parte 2)



Categoria: Artigos




 




 




CAPITULO VI


COMO CONTACTAR O TRIBUNAL ECLESIÁSTICO


O que deve fazer quem acredita ter sérios motivos para duvidar da validade de seu matrimônio? Quais devem ser os primeiros passos para iniciar o processo de nulidade?


Há pouca informação a respeito do procedimento a ser adotado para a declaração de nulidade de um matrimônio. Quando uma pessoa acha que seu matrimônio, embora celebrado perante o representante da Igreja, não foi válido, o que deve ela fazer ? Nem sempre os sacerdotes e suas secretarias paroquiais sabem informar corretamente, deixando as pessoas agoniadas e confusas. Portanto, é necessário divulgar o mais pos­sível quer os impedimentos que tornam nulo o matrimônio, quer o acesso ao tribunal eclesiástico, que a o órgão responsável para realizar o processo..


O que é um tribunal eclesiástico?


A expressão tribunal eclesiástico pode ata assustar levando as pessoas a imaginar que se trate de algo complicado, como vêem nos processos e julgamentos que aparecem em muitos filmes e seriados de TV.


Na realidade, o tribunal eclesiástico a um órgão formado por urna equipe (colegiado) de três juizes (cânone 1425). Porém, se em primeira instância não for possível formar o colegiado de juizes, a Conferência Episcopal pode autorizar o bispo a entregar a causa a um único juiz sa­cerdote  (cânone 1425 § 4).


Quem trabalha no processo?


Durante o processo, intervêm sempre o defensor do vínculo (cânone 1432) e o notário (cânone 1437). Cabe ao defensor do vinculo a defesa do vinculo matrimonial e ao notário assinar as atas. Sem a assinatura do notário as atas devem ser consideradas nulas.


Como começa e se desenvolve o processo?


A introdução da causa a feita por meio de um pedido escrito (libelo) de uma das partes, a qual solicita a declaração de nulidade do matrimô­nio (petitum) a partir de uma resumida descrição dos fatos e das provas (cânone 1504).


O presidente do colegiado, após uma tentativa de reconciliação entre os cônjuges (cânone 1676), tem o prazo de um mês para aceitar ou rejeitar, por decreto, o libelo (cânone 1505). Caso o decreto não seja dado dentro de um mês, passados dez dias depois do prazo, considera-­se o libelo admitido (cânone 1506).


Depois disso, o presidente deve decretar que a citação seja comunicada a parte requerente, ao outro cônjuge e ao defensor do vin­culo (cânone 1677).


Passados quinze dias após a notificação, o presidente terá mais dez dias para publicar o decreto e dar continuidade ao processo. Se a outra parte não responder a solicitação, o processo pode continuar após a declaração de sua ausência (cânone 1592).


As provas que dizem respeito a presumível nulidade do matrimô­nio são colhidas durante o interrogatório das partes, das testemunhas e dos peritos. As partes não tem direito de assistir ao interrogatório das testemunhas e dos peritos (cânone 1678).


Os depoimentos devem ser registrados durante as audiências. Uma vez terminada a instrutória, o juiz deve publicar as atas (cânone 1598).


Se a sentença de nulidade for afirmativa, ela deve ser publicada e transmitida ao tribunal de apelação. O tribunal de segunda instância de­vera confirmar ou rejeitar com um decreto (cânone 1617) a sentença re­cebida.


Quando se conseguir uma dupla decisão em favor da nulidade do matrimônio, as partes poderão celebrar um novo matrimônio religioso, pois se entende que o primeiro nunca existiu.


Em que consiste o libelo?


O libelo é o pedido escrito que a parte demandante faz para solici­tar a abertura do processo para a declaração de nulidade do matrimônio. Seu conteúdo compreende:


· Os dados pessoais da parte demandante e da parte demandada (endereço, profissão, religião, etc.);


· exposição dos fatos que podem justificar o pedido. Trata-se de um breve histórico, claro e objetivo, de como nasceu o amor, a decisão de casar, como foi vivido o relacionamento dentro do ma­trimônio, como se chegou a separação;


· documentos vários: certidão de casamento religioso e civil, docu­mentos relativos a separação;


· rol de cinco testemunhas que tenham conhecimento dos fatos.


Nem toda separação leva necessariamente a declaração de nuli­dade. Existem casos em que o matrimônio foi celebrado validamente. Portanto, seria um desgaste e uma perda de tempo iniciar um processo sabendo que não dará em nada. Para evitar este risco, é bom que as pessoas interessadas procurem a orientação de um sacerdote ou de um advogado.


Qual é a duração e quanto custa o processo?


A duração do processo é bem mais curta do que geralmente acon­tece nos processos civis. Ela depende da disponibilidade de tempo dos envolvidos: o casal, suas testemunhas, os juizes. O calendário das audiências é estabelecido de acordo com essa disponibilidade. Podemos di­zer que um processo bem-sucedido pode durar cerca de um ano no Tri­bunal de Primeira Instância. A demora pode depender, as vezes, da falta de tribunais e do número grande de processos em andamento.


As vezes, encontram-se pessoas que chegam a fazer o pedido anos depois da separação e quando já começaram um novo namoro. Nesse caso elas tem pressa em conseguir a declaração de nulidade. Um tribu­nal eclesiástico não pode levar em conta a pressa da parte demandante.


O custo do processo é relativamente baixo. O peso do trabalho é sustentado por gente gabaritada que merece receber uma recompensa por sua participação. Mesmo que juizes, notário e defensor do vinculo não visem ao lucro, eles são profissionais que precisam de receber retri­buições pelo trabalho sano que desenvolvem e que exige plena dedicação. Como não formam nenhuma associação de voluntariado que trabal­ha de graça, para eles também vale o que diz o evangelho: “O operário é digno do seu salário” (Lc 10, 7). Além disso, há outras despesas conexas com o trabalho de um tribunal.


A CNBB estabelece tabelas de custos para determinar qual será a contribuição econômica da parte demandante e os honorários de quem trabalha nos processos.


De pessoas comprovadamente pobres não são cobradas as des­pesas do processo. A Igreja local prevê para elas urna ajuda de custo especial chamada patrocínio gratuito.


 




 




 



Qualquer erro invalida o matrimônio?




Não, não é qualquer erro que pode ser causa da nulidade do matrimônio. Tem de tratar-se de algum ponto bem importante para a constituição da comunhão de vida que é o matrimônio. Vamos expor, muito sinteticamente, os casos previstos pela legislação da Igreja:


A) ERRO SOBRE O PRÓPRIO MATRIMÔNIO, enquanto instituição, quer dizer, tal como ele querido por Deus e regulamentado pela Igreja. É o que chamamos de “erro de direito”. Lembremos que o casamento é um pacto, mediante o qual os cônjuges se comprometem a formar uma comunhão da vida toda, que tende a ser fecunda. Ainda mais, conforme a doutrina da Igreja, expressa no cânon 1056, essa comunhão é necessariamente uma e indissolúvel; e, para os cristãos, é um sacramento. Quantos, porém, pensam atualmente de modo diferente? Sobretudo, após a introdução da lei civil do divórcio. Quantos casam pensando que, “se não der certo, a gente parte para uma outra”? Há, nesses casos, verdadeiro consentimento matrimonial?


O problema não é fácil de resolver. A legislação canônica faz uma distinção fundamental: não é o mesmo pensar do que querer. Eu posso pensar que o matrimônio se pode dissolver, mas isso não significa necessariamente que eu queira que ele seja dissolvido de fato. Pode até acontecer exatamente o contrário, ou seja, que, pensando que o matrimônio é dissolúvel, eu queira que o meu matrimônio dure para toda a vida. É desta distinção que deriva a norma do código canônico: “O erro a respeito da unidade, da indissolubilidade ou da dignidade sacramental do matrimônio, contanto que não determine a vontade, não vicia o consentimento matrimonial” (cân. 1099)


B) ERRO SOBRE A IDENTIDADE DA PESSOA. É algo tão óbvio que quase não precisa de explicação. Se André quer casar com Maria e, no momento de casar, quem dá o “sim” é Joana, é evidente que André não consentiu em unir sua vida com a de Joana. O caso é, porém, pouco menos do que teórico.


Contudo, mais do que a identidade física, deveríamos olhar a identidade moral das pessoas, ou seja, o que chamamos comumente de personalidade. Ora, quando a personalidade de um cônjuge se revela completamente diferente de como era conhecida antes do casamento, pode-se dizer que o consentimento matrimonial do cônjuge que errou é verdadeiro? Não acabou por casar com uma pessoa inexistente, que formou em sua imaginação? Ao nosso modo de ver, nesse caso, poderia ser invocado, como causa de nulidade o erro sobre a pessoa de que trata o cânon 1097 §1. O problema está em terminar o limite entre o que é apenas uma qualidade, mas não muda fundamentalmente a personalidade, e a própria personalidade. A dificuldade, porém, não nos deve impedir de reconhecer que pode haver matrimônios nulos por erro sobre a personalidade do cônjuge.


C) ERRO SOBRE AS QUALIDADES DA PESSOA. Aqui o caso se complica. Sempre existe margem de erro. Há, por exemplo, quem pensa que sua noiva é rica e acaba resultando que é de condição bastante modesta; um outro acha que ela será uma boa ama de casa, e acaba comprovando que nem sequer sabe fritar ovos; um outro ainda acredita que sua noiva é virgem, mas está rotundamente errado. Por sua vez, uma moça acha que seu noivo é muito responsável, mas, quando casa, percebe que ele é incapaz de organizar a própria vida e que tem de receber tudo prontinho; uma outra o imagina muito atencioso, mas, após o casamento ele passa a comportar-se grosseiramente. Os casos se podem multiplicar à vontade. Até onde se pode invocar o erro sobre uma qualidade acidental, que não muda basicamente a personalidade, para dizer que um casamento foi nulo? O Código de Direito Canônico resolve a questão declarando que a nulidade existe se o erro for em relação a “uma qualidade direta e principalmente visada” (cân.1097§2). Ou seja, quando se faz muita questão de que essa qualidade exista no parceiro com que se vai unir a vida.


D) UM ERRO DOLOSO. A nova legislação canônica ainda introduziu uma norma nova sobre o erro acerca das qualidades de uma pessoa. Pode acontecer que alguém nem sequer pense sobre uma qualidade concreta- por exemplo, sobre uma doença contagiosa, ou melhor, sobre a ausência dela. É claro que não se pode falar então de que visasse direta e principalmente a essa qualidade (a saúde). Mas não há dúvida de que essa doença (por exemplo, sífilis) perturba gravissimamente a convivência conjugal. Suponhamos agora que aquele que sofre essa doença a oculte propositadamente até o momento do casamento. Pois bem, para prevenir esses casos, o Código de Direito Canônico declara: “Quem contrai enganado por dolo perpetrado para obter o consentimento matrimonial, e essa qualidade, por sua natureza, possa perturbar gravemente o consórcio de vida conjugal, contrai invalidamente”. Além do exemplo que já demos (a doença grave contagiosa), pode-se pensar em outros, como o crime inafiançável, a existência de filhos nascidos de outras uniões etc.


HORTAL, J. Casamentos que nunca deveriam ter existido: uma solução pastoral. Ed. Loyola: São Paulo, 1987. p.18-20


Revelações privadas: Critérios de Discernimento




Revelações privadas: Critérios de Discernimento







Atualmente uma gigantesca onda de ‘mensagens inspiradas’ tem invadido o mundo católico, como reflexo de um fenômeno mais amplo: a grande explosão de misticismo que vem substituindo um já desgastado e rançoso racionalismo. Acrescentem-se aí as angústias de um fim de milênio ”e de uma civilização espiritualmente agonizante” ‘e teremos o mais propício ambiente para a subcultura do ‘aparicionismo’, que infesta hoje muitos ambientes católicos. As aparições de Nossa Senhora se multiplicam por todo o mundo, às centenas, sendo a de Medjugorje, na Croácia, a mais difundida. Além dessas aparições, não são poucas as pessoas que se dizem divinamente inspiradas, recebendo ‘mensagens espirituais’ de Jesus e Maria. Entre essas poderíamos citar o Pe. Stefano Gobbi ”que diz receber locuções interiores de Nossa Senhora” e a ortodoxa Vassula Ryden, cuja obra em seis volumes (supostamente escrita sob o ditado de Jesus) tem sido amplamente difundida no Brasil, mesmo depois de condenada pelo Vaticano. Tais manifestações, por serem tão abundantes, tendem a provocar no católico uma polarização: ou ceticamente recusam todos os fenômenos (e pretensos fenômenos) ou os aceitam integralmente, sem nenhum discernimento. Diante do silêncio da maioria das autoridades eclesiásticas, que parecem ter abdicado da função de ensinar, é conveniente recordarmos aqui o perene ensinamento da Igreja em matéria tão delicada, e não obstante tão importante, cuja omissão tem levado os fiéis a aderir indiscriminadamente a doutrinas inspiradas que nada têm de inspiradas nem de católicas. As revelações são manifestações sobrenaturais de verdades ocultas ou de fatos incomuns. Para que haja verdadeiramente revelação é necessário que o seu conhecimento se opere por via sobrenatural. Quanto à destinação, as revelações podem ser públicas ou privadas. As revelações públicas (ou universais) estão contidas na Bíblia e no depósito da tradição apostólica, transmitidas e mantidas pela Igreja. Essas revelações universais terminaram com a pregação dos apóstolos e são de crença obrigatória para todos os fiéis. As revelações privadas (ou particulares) são feitas usualmente aos santos, e a Igreja não obriga acreditá´las, mesmo quando as aprova.


Quando a Igreja aprova uma revelação privada, essa aprovação é simplesmente uma declaração de que ela não encontrou nada nessas revelações que fosse contrário à fé e aos bons costumes, e que os fiéis podem lê´las sem nenhum perigo para as almas. Ouçamos o que diz o papa Bento XIV: ´O que se deve pensar das revelações privadas aprovadas pela Santa Sé, as de Santa Hildegarda, Santa Brígida, Santa Catarina de Sienna? Dissemos que não é nem obrigatório nem possível dar´lhes um assentimento de fé católica, mas somente de fé humana, conforme as regras da prudência, que no-las apresenta como prováveis e piedosamente críveis.´ (De canon.,1 III,c. Li n° 15). Repetimos a afirmação básica: não é obrigatório nem possível dar às revelações privadas um assentimento de fé católica, mesmo que tais revelações tenham sido aprovadas pela Igreja. É importante que o leitor tenha isso bem presente, para que não se pense que é pecado colocar´se contra uma revelação privada. Ouçamos o cardeal Pitra: ”Sabemos que somos plenamente livres de crer ou não nas revelações privadas, mesmo nas mais dignas de fé. Mesmo quando a Igreja as aprova, elas são recebidas como prováveis e não como indubitáveis (…) É totalmente permitido afastar-se dessas revelações, mesmo aprovadas, quando alguém se apoia sobre razões sólidas, sobretudo quando a doutrina contrária é estabelecida por documentos inatacáveis e uma experiência certa.” (Livro sobre Santa Hildegarda, p. XVI) E não se admire o leitor de que mesmo em revelações aprovadas de pessoas canonizadas existam erros dos mais variados tipos. Vale a pena conhecer algumas causas de erros que podem ocorrer numa revelação verdadeira, ou tida como tal em determinada época.


1) Interpretações incorretas 

Não é incomum que o próprio vidente possa interpretar mal a revelação que recebe. Isso se deve, em primeiro lugar, à obscuridade da revelação, sobre a qual o vidente possui uma inteligência apenas parcial. Há também outras causas, como por exemplo o apego do vidente a certos preconceitos que interferem na correta compreensão da mensagem recebida. O exemplo clássico é o de São Pedro, que teve a visão de uma toalha contendo diversos animais, enquanto uma voz por três vezes lhe dizia: ‘Levanta-te Pedro, mata e come’. Ele acreditou que se tratasse de sua alimentação, tanto mais que teve a visão quando estava com fome e lhe preparavam o almoço. (Atos, X, 10). Inicialmente ele não compreendeu o sentido simbólico da visão, que tinha por objetivo convencê-lo de que devia batizar os pagãos sem lhes impor primeiro as práticas da lei mosaica.


Santa Joana d’Arc também interpretou erroneamente as mensagens que ouvia interiormente: acreditou que seria libertada. Foi martirizada.



2) Imprópria consideração dos elementos históricos 

Engana-se frequentemente aquele que atribui aos detalhes históricos de uma revelação ou visão uma exatidão absoluta. Detalhes como a paisagem, o tipo de roupa, a língua falada, os costumes locais, quase sempre estão em desacordo com os conhecimentos históricos ou senão, diferem consideravelmente mesmo em santos que tiveram visões sobre o mesmo tema. Quando Deus dá uma visão a uma alma, é para a sua santificação pessoal e não para satisfazer a curiosidade histórica. Há inúmeros exemplos desse engano em visões sobre a paixão e morte de Nosso Senhor.


3) Intromissão da atividade humana na ação sobrenatural 

Engana-se aquele que pensa que uma revelação não diabólica ou é inteiramente divina ou inteiramente humana; o espírito humano pode imiscuir-se, em certa medida, na ação sobrenatural, alterando partes da revelação. Catarina Labouré, por exemplo, fez predições verdadeiras com até quarenta anos de antecedência, e fez também predições falsas. 

Santa Hildegarda é outro exemplo: analfabeta, ela compunha e ditava textos em latim. Suas numerosas obras inspiradas, entretanto, contém os erros científicos de sua época. Embora nos repugne encontrar erros em revelações recebidas por santos e santas, a lição que daí se tira não é a de que se deve desprezá-las por completo, mas sim que se deve abandonar a ideia tão popular e romântica de que tudo que vem da parte de um santo é infalível.


(O leitor interessado em conhecer mais profundamente os exemplos de erros em revelações aprovadas deve consultar a obra clássica de A. Poulain, ‘Des Grâces d’Oraison’, na qual nos baseamos para este artigo).


Se a situação é assim complicada em relação aos santos, o que pensar das revelações privadas recebidas (como é hoje tão frequente) por pessoas comuns ‘donas de casa, estudantes , empresários?’ E se existem erros mesmo em revelações privadas aprovadas, qual a diferença entre esses erros e os que aparecem numa revelação condenada? Como julgar aquelas pessoas que se apresentam como portadoras de uma mensagem ‘inspirada’? A igreja nos propõe um procedimento de extremo bom senso, baseado na sua experiência bimilenar com a matéria. 


Paulo A. Martin




sexta-feira, 13 de setembro de 2013

O que distingue a influência demoníaca






O que distingue a influência demoníaca?




Memórias de um Exorcista


Aos 40 anos, o(padre) José Antonio Fortea tem sido uma vida cheia de experiências que custariam mais do que se poderia acreditar. Mas seu último livro, Memórias de um Exorcista, um retrato é faceta um pouco menos conhecida da sua vida, muito menos reconhecido do que Exorcista: o trabalho sacerdotal. "Eu sei que as pessoas vão comprar o livro à procura de histórias do diabo, mas na verdade o que conta é o meu tempo no seminário, a minha vida como um pastor de uma pequena aldeia no campo, minhas experiências como capelão no exército ..." José Antonio Fortea explica enquanto mostra o seu mais recente livro.


"O título original do livro esteve entre os livros e os demônios, que se refere a uma das minhas grandes paixões, que é a literatura", diz o padre, também apaixonado caligrafia artística, passeio, cinema e trilhas sonoras . "Eu amo Forrest Gump Suite, de Pleasantville, a trilha sonora de Beleza Americana, que do piano, de Pleasantville. 
Esta tarde, o padre José Antonio Fortea Vendedor estará na Bertrand, no centro comercial Alcalá Magna, onde quem quiser assinar cópias de Memórias de um Exorcista das 19.00. 
Mais informações sobre www.fortea.ws


Quando José Antonio Fortea concluiu sua dissertação sobre exorcismo, não teve escolha senão gastar metade da minha vida. "Eles começaram a chegar casos, e eu não estava com vontade de dizer-lhes para sair", diz o padre vizinho Alcala, agora apresenta o seu mais recente livro. Ele diz que nunca teve medo, porque você vê-lo de um ponto de vista asséptica. Mas você teve que dar um monte de pensamento para o assunto a ser compreendido.


- É verdade que você é um dos dois únicos exorcistas em Espanha?


-Sou apenas um padre que reza para as pessoas que vêm me ver na paróquia, as pessoas com influências demoníacas. E na Espanha, os sacerdotes dedicados a esta há cinco anos, embora alguns lugares não querem que você saiba.


- Qual é a influência demoníaca?


-É um fenômeno pelo qual os demônios influenciar uma pessoa, sem realmente possuí-lo. Eles tendem a influenciar a mente, às vezes no corpo, mas mesmo que o padre rezou por um longo tempo, nunca deixa de ocorrer um estado em que se perdeu a consciência, o diabo vai tremer o chão e falar com eles .


- Tudo o que pode acontecer?


- Você pode chegar ao ponto de poder, nos poucos casos em que isso aconteça.Normalmente existem muitos. No entanto, algumas pessoas ficaram muito em esoterismo e passaram a render completamente como meio para essas entidades. Há pessoas que depois de praticar esoterismo Santeria ou por meses ou anos são possuídos. A regra geral é que só o que é de propriedade comprometida.


- Você recebe muitos pedidos de pessoas com influências demoníacas?


-Muitos. Outra coisa é que os casos reais são poucos. Liguei para as pessoas em todos os lugares. O gotejamento é contínua. Agora, há mais casos do que antes, porque o esotérico se espalhou. Lá onde a lei de Cristo, onde se põe a mão no passado, os casos são mínimas.


- O que distingue a influência demoníaca?


-É complicado quando se leva em conta todas as exceções, a doença ea complexidade da mente. Mas o processo é simples: alguém chega a vê-lo, orar por ele, e se você começa a perceber que sua barriga dói, eu pressione a cabeça, náuseas ou começa a cuspir lama grossa, e coisas desse tipo, isso indica que existe uma influência.


- Pode confundir depois com uma doença mental?


-Sim. Não pode ser uma doença que leva a adotar este tipo de reações, pois a doença provoca-los a adotar um comportamento histriônico.


- Quais os sintomas essas pessoas vêm para ver você?


-Há coisas mais raro acontecer que fazê-los pensar que há algo de fundo espiritual. A outra coisa que eles dúvida faz é que muitas vezes está relacionado com ter ido para alguém que fez uma limpeza, ou um feitiço para encontrar um namorado ou um trabalho ... Eles não são necessariamente crentes. Venha crentes, ateus, muçulmanos, budistas, ortodoxos e pessoas de todos os tipos de crenças ou descrenças.


- Como você recebe uma influência demoníaca posse?


-É comum que a pessoa tenha ido para um feiticeiro ou uma bruxa para você fazer um ritual, e que à noite se sentir presenças, ou começar a ter pesadelos horríveis toda noite, ou ter momentos em transe ... Acontece mas a pessoa era muito cético.


- O que você acha do filme O Exorcista?


-A parte do padre e do ritual é bem refletida. Mas a parte do possuído é como um catálogo de tudo o que pode acontecer em milhares de exorcismos, considerando que nem a cor dos olhos ou da mudança de rosto, como no filme. É verdade que na literatura sobre o assunto tem sido referido levitação, mas não havia um por mil casos.


- Dúvidas padre Karras também produziu?


- Entre os sacerdotes que se dedicam a isso, não. Mas eu tenho tido muitas voltas, muitas, para explicar tudo de uma forma natural. Porque escrever livros, falando para muitos psiquiatras e médicos estiveram no Congresso, fui forçado a bancar o advogado do diabo, tentando explicar tudo isso sem levar em conta o espírito. Eu não tenho nenhuma dúvida, mas eu entendo aqueles que não têm conhecimento do campo. Mas sabemos que há algo além da psicologia da pessoa.É possível que certas doenças são curados apenas rezar.




 

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

E o 666?



FORMAÇÕES



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O que significa o 666?



Os católicos não podem se deixar levar pelas superstições





A data de 06-06-06 fez surgir muitas perguntas sobre o 666 do Apocalipse de São João. O que ele significa? Os católicos não podem se deixar levar pelas superstições que se originaram ao redor desta data. Para não ser enganado é preciso saber o que os números representavam para os antigos judeus. Por exemplo, os 144 mil eleitos (Apocalipse, cap. 14): é o povo cristão, que não aderiu ao culto imperial, permanecendo fiel a Cristo. 144.000 = 12 x 12 x 1000. O número 12 era símbolo da perfeição e é citado 187 vezes na Bíblia. O número 1000 representava a glória de Deus.





O simbolismo do 666 é claramente interpretado pela Igreja. A mentalidade judia afirmava que o número 7 significava a perfeição e o contato com Deus, e o que estava abaixo era imperfeito, de modo que o número 6 era sinal de imperfeição, erro. Temos por exemplo os 7 Sacramentos, os 7 dons do Espírito Santo, as 7 dores de Virgem Maria e de São José, etc; é um número símbolo de perfeição. O número 6 repetido quer dizer "perfeição da maldade" e o autor do Apocalipse identifica a besta com o 666, fala desta como de vários personagens ou de alguém que perseguia os cristãos dessa época.





É bom lembrar que o Apocalipse foi escrito no final do séc. I (95 d.C), em grego, e tinha como destinatário as comunidades cristãs da Ásia Menor (Ap 1,4; 2,1-3,22) que falavam o grego. Nessa época, esta região estava sob o domínio do Império Romano e o Cristianismo era duramente perseguido pelo terrível imperador Domiciano (81-96 d.C). Este imperador se considerava um deus e exigia que todos os seus súditos o adorassem, o que os cristãos jamais aceitaram.





São João, assim, escreve o Apocalipse, divinamente inspirado, e proclama que, no final, o Cristianismo sairá vencedor. Querendo dizer quem era a Besta, sem poder falar claramente para não ser acusado de crime de "lesa majestade" (estava desterrado na ilha de Patmos por causa da Palavra de Deus - cf. Ap. 1,9). De maneira que o apóstolo fez uso da gematria, que consistia em atribuir um número formado pela soma das letras de certo alfabeto para expressar uma verdade conhecida pelos leitores.





Os povos antigos não usavam o sistema arábico (o nosso) para expressar os números, mas sim, as próprias letras do alfabeto. Os romanos usavam apenas 7 letras. Também os judeus e os gregos atribuíam números às letras de seus respectivos alfabetos, mas de forma muito mais ampla que os romanos, já que toda letra (grega ou hebraica) possuía um certo valor. Alfabeto Grego: Alfa = 1; Beta = 2; Gama = 3; Delta = 4; Epsilon = 5; Stigma = 6 (antiga letra grega que depois de certo tempo deixou de ser usada); Zeta = 7; Eta = 8; Teta = 9; Iota = 10; Kapa = 20; Lamba = 30; Mu = 40; Nu = 50; Xi = 60; Omicron = 70; Pi = 80; Ro = 100; Sigma = 200; Tau = 300; Upsilon = 400; Phi = 500; Chi = 600; Psi = 700 e Omega = 800. Alfabeto Hebraico: Alef = 1; Bet = 2; Guimel = 3; Dalet = 4; He = 5; Vau = 6; Zayin = 7; Chet = 8; Tet = 9; Yod = 10; Kaf = 20; Lamed = 30; Mem = 40; Num = 50; Sameq = 60; Ayin = 70; Pe = 80; Tsadi = 90; Kof = 100; Resh = 200; Shin = 300; Tau = 400.





São João era de origem hebraica e escreveu o Apocalipse em grego. Se fizermos a gematria da expressão grega "NVRN RSQ" (César Nero), usando o alfabeto hebraico, totalizaremos 666, pois: N(50)V(6)R(200)N(50) R(200)S(60)Q(100)=666.





As comunidades da Ásia Menor falavam o grego, mas conheciam os caracteres hebraicos. São João misturou aí os dois idiomas, ou seja, o grego e hebraico por esse fato. Se, acaso, o livro caísse nas mãos das autoridades romanas, que não conheciam o hebraico, não colocaria em risco seus leitores. Nero (†67) foi o primeiro grande perseguidor dos cristãos e, na época em que foi escrito o Apocalipse (anos 90), Domiciano voltava a perseguir os cristãos com mais força e crueldade. Era “um novo Nero”. Esta e outras evidências levaram aos estudiosos a interpretar quea Besta do Apocalipse era o próprio Imperador Romano, perseguidor dos cristãos.





O Ap 17,10-11 reafirma esta interpretação. Este versículo diz: "São também sete reis, dos quais cinco já caíram, um existe e o outro ainda não veio, mas quando vier deverá permanecer por pouco tempo. A Besta que existia e não existe mais é ela própria o oitavo e também um dos sete, mas caminha para a perdição". Os reis de que trata a citação são os imperadores romanos. Considerando, cronologicamente, os imperadores a partir da vinda de Cristo, até a época da redação do livro do Apocalipse: 5 já caíram - Augusto (31aC-14dC), Tibério (14-37dC), Calígula (37-41dC), Cláudio (41-54dC) e Nero (54-68dC); 1 existe – Vespasiano (69-79dC); e 1 que durará pouco – Tito (79-81dC: só 2 anos!); a besta é o oitavo – Domiciano (81-96dC).





E as duas bestas (Apocalipse, cap.13) quem são? A primeira besta, que sobe do mar (v. 1), é o próprio imperador de Roma, Domiciano (como foi explicado); o mar é o Mar Mediterrâneo, onde se localizava Roma, a capital do Império. Sua autoridade vem de Satanás (v. 2) e as palavras blasfêmicas que profere (v. 5) se referem ao culto de adoração ao imperador imposto por Domiciano a todos os povos do Império. A segunda besta, que sai da terra (v.11), classificada como "falso profeta" (Ap 16, 13; 19,20; 20,10), é a ideologia do culto imperial favorecido pelas religiões pagãs. A prostituta (caps. 16-17) significa a Roma pagã e idólatra (v. 9). Os reis das terras que se prostituíram com ela (v. 2) são os povos que adotaram o culto de adoração ao imperador.





De maneira figurada o 666 pode ser símbolo também de toda força, cultura, pessoa, que combata contra Deus e a sua santa Igreja. São João dizia, no séc. I, que o anti-Cristo já estava no mundo.










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Felipe Aquino

felipeaquino@cancaonova.com


Prof. Felipe Aquino


quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Armas contra o inimigo -Frei Elias Vella


 

Tua Palavra, Senhor, é mais penetrante que uma espada de dois gumes. Toca-nos, agora, Senhor, para que tua Palavra possa trazer a vitória sobre qualquer espírito mal que queira nos enganar.

Eu acho que todos devem saber o que os romanos faziam quando derrotavam um império ou um general. O vencedor entrava de forma triunfante em Roma. E em meio àquela entrada triunfal, o general era aplaudido, louvado. E o general derrotado era amarrado à carruagem do vencedor. E isso era o máximo de humilhação para quem que havia sido derrotado.

Se olharmos Colossenses 2,15, Paulo usa esse mesmo fato para falar da derrota do inimigo de Deus. Já foi dito várias vezes que o demônio já foi derrotado. Não precisamos temer nada. É verdade que o maligno é como um leão que ruge à nossa volta, tentando achar uma brecha e nos devorar. Mas por que ele continua a entrar nesse campo de batalha, uma vez que já foi derrotado? A intenção dele é diminuir a força do reinado de Jesus. Satanás continua a tentar enfraquecer aqueles filhos e filhas de Deus que fazem parte do Reino. E a experiência de muitos é essa: “Por que depois que comecei a seguir Jesus tenho mais tentações, me sinto mais oprimido que antes, e tenho mais crises?”

Muitas pessoas, muitos cristãos, uma vez que tomam a decisão de seguir ao Senhor pensam que vão ter uma vida mais tranqüila. Mas a verdade é o contrário, pois o demônio não tem interesse em atacar os que não são seguidores de Jesus. O interesse dele é colocar obstáculos na vida daqueles que decidiram seguir o Senhor. Tanto mais eu “subo a montanha”, mais descubro que as dificuldades são grandes. Os cristãos são as pessoas mais atacadas. Até mesmo os santos o foram.

Não estranhe se, vocês que seguem a Jesus, começam a sentir mais problemas, mais ataques. Isso não é motivo de nos levar a uma crise. Não temos porquê temer o inimigo, pois ele já foi derrotado. O demônio é que tem de ter medo de você, de mim. A razão é simples. Porque nós somos filhos e filhas de Deus, herdeiros do Reino. Ele tem muita raiva, porque aquilo que foi dado a ele uma vez, agora é dado para nós. Ele tem raiva, tem ódio por causa disto. Ele odeia a cada um de nós. Ela faz tudo para nos enganar, para que a gente possa voltar desencorajado, desanimado. Ele tenta nos enganar de várias maneiras.

Mas tem uma coisa, uma técnica que ele usa freqüentemente para nos atacar. É o desânimo, o desencorajamento. Ele também usa essa “carta do baralho” com os santos. O desânimo não vem de Deus, sempre vem do inimigo, daquele que nos faz desistir de ir em frente.

Vamos olhar para Padre Pio de Pietrelcina. Quando um analista do Vaticano disse que ele era um psicopata, este santo entrou numa crise tremenda. Ele olhou para os estigmas dele e se questionou se tudo era falso. Madre Teresa de Calcutá, no seu leito de morte, também viveu uma grande crise ao sentir o amor de Deus longe dela. O bispo teve de enviar um exorcista até ela e convencê-la de que aquele sentimento de não-amor não vinha de Deus.

É muito normal que também nós vivamos esses momentos de crise. Seguir Jesus num momento de entusiasmo é fácil, mas continuar O seguindo nos momentos de sofrimento, isso sim é difícil. O inimigo virá tentá-lo quando você estiver se sentindo fraco, cheio de medos, com raiva, ansiedade, tristeza.

A Renovação Carismática Católica é baseada no louvor a Deus. O inimigo de Deus é como um rato dentro de um duto. Você não o vê. Ele age durante a noite, esconde-se sem que ninguém o veja. Mas imagina se eu derramar uma chaleira de água quente lá onde ele está, ele vai ter de sair do buraco. E é isso que a RCC está fazendo para perturbá-lo. Está derrubando “água fervendo” sobre ele [o inimigo de Deus], através do louvor a Deus. Quanto mais louvamos a Deus, tanto menos ele não consegue suportar isso.




É nosso papel lutar contra essas táticas que ele usa para nos desanimar. A tática que ele também usa é nos apresentar meias verdades, porque o demônio é um mentiroso, enganador, trapaceiro. Ele nos apresenta algo que parece muito bom, quando, na verdade, é muito ruim.

O maligno diz que por causa dos seus pecados, você não consegue fazer nenhuma tentativa para ser mais santo. Mas eu posso tentar vencer a tentação pelo poder que vem do alto, do Espírito Santo.

Muitas vezes nós pensamos que tentações são relacionados ao sexo, raiva, ódios. Essas são grandes tentações. Mas temos de estar atentos a uma grande tentação que é não fazer a vontade de Deus. O inimigo faz de tudo para que eu saia do caminho da vontade do Senhor. Ele ousou tentar Jesus a desobedecer ao Pai, quando O levou no alto do monte e mostrou-Lhe as cidades, dizendo que elas lhe pertenciam.

Com certeza, nos Parlamentos, Senado, Congressos há leis contra a vontade de Deus. E o inimigo diz que esses lugares pertencem a ele. A cidade em que eu vivo é uma cidade onde o inimigo é o senhor, ou Jesus o é? Se no meu bairro, o povo que habita está seguindo mais os valores do mundo do que de Deus, o inimigo diz que aquele bairro pertence a ele. O nosso papel é tirar essas pessoas da mão dele e entregá-las nas mãos de Deus.
 

A tentação do inimigo a Jesus era muito atraente. O Pai dizia para Jesus ir para a cruz e o inimigo pedia para ele desobedecer ao Pai e ter aquelas cidades. Mas Jesus diz: “Afasta-te de mim, satanás. Eu adoro somente ao Pai”.

Irmãos e irmãs, será uma luta até o fim de nossa vida, mas se nós usarmos as armas não precisamos ter medo nenhum. A primeira arma é a Eucaristia. O inimigo treme diante da Eucaristia, porque ela é sinal de humildade, enquanto o inimigo luta para ter poder. Jesus quis por um momento aniquilar a Si mesmo, entrando nas espécies do pão e do vinho para ficar perto de nós. Se eu tivesse tempo aqui eu contaria para vocês os inúmeros milagres graças à Eucaristia.

Uma outra arma forte contra o inimigo é o Sacramento da Confissão. Este Sacramento é mais poderoso do que a própria oração do exorcismo.

Quando eu falei o nome de Maria, numa certa vez, uma mulher possuída disse numa língua em latim, a qual ela não conhecia, por meio do inimigo: “Não mencione este nome”. O inimigo tem medo de Maria. Numa das orações de exorcismo, ele disse que tem muito medo da humildade de Maria. Temos que guardar Maria como nossa Mãe. Maria tem que nos acompanhar sempre.



Momentos de desânimo podem acontecer em nossas vidas. Quando isso acontecer se agarre a Maria. Um jovem teve uma visão que ele precisava construir uma barco para atravessar o oceano. Enquanto ele construía este oojeto as pessoas diziam que ele não iria conseguir e que ele não conseguiria vencer a fúria do mar. Até que aquele jovem terminou de construi-lo e começou a remar em direção à longa jornada no oceano. Mas um amigo disse a ele: “Meu amigo, tenha coragem. Seja forte!” E aquele jovem olhou somente para aquele homem que estava dando força para que ele continuasse. E toda vez que ele sentia o desânimo se aproximar ele se lembrava daquelas palavras do amigo.

Muitos poderão nos chamar de doidos, de loucos, mas há uma Maria que está gritando em nossos ouvidos: “Boa viagem! Não tenhais medo do inimigo. Não desanimem com as ondas revoltas do mar, porque a vitória é nossa. Uma vez que Jesus derrotou o inimigo, com Jesus, nós também o derrotaremos.”

Maria diz a nós, hoje: “Eu estarei com vocês. Não tenham medo. Vão em frente. Vocês serão vencedores!”

Maria, nós cremos em Ti, porque Tu és nossa Mãe. Nenhuma mãe deixará o filho em perigo sem dar a ele uma mão, sem ajudá-lo. Maria, sabemos que Tu estás conosco, e por causa de Ti nos sentimos seguros. Nós conseguiremos.

Maria diz a nós: “Fazei tudo o que Ele vos disser. Vá em frente. Não desanime! Lembre das palavras de Jesus: ‘Eu sou, porque nada é impossível para aquele que crê’”.





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Frei Elias Vella


Franciscano conventual, líder da RCC na Ilha européia de Malta (seu país de origem) e um dos maiores exorcistas da atualidade;

Fonte: Canção Nova

As influências demoníacas


As influências demoníacas








 



Primeiramente é preciso dizer que assim como na possessão é possível chegar à completa segurança ou ao menos a uma certeza moral de que uma pessoa está sofrendo esse fenômeno -a possessão-, não ocorre a mesma coisa com as influências demoníacas que algumas pessoas sofrem. No caso das influências tudo é mais dissipado, mais difuso e na maior parte dos casos de impossível comprovação. Digo na maior parte dos casos, porque noutros a conexão causal entre o demônio e alguns sofrimentos estão mais que demonstrados.

É certo que houve casos em que determinadas visões, pesadelos diários, problemas aparentemente psicológicos e outras coisas provaram ter uma conexão direta com a ação do demônio.

Mas ainda que haja casos nos quais esta conexão é indubitável e direta, no entanto, na maior parte dos casos é preciso levar em conta que quase nunca é possível chegar a saber com certeza se estas coisas provêm do demônio ou são naturais.

Certamente houve pessoas nas quais a ciência médica, depois de anos ou meses, não achou a solução para um problema aparentemente físico ou psicológico, e no entanto a oração de libertação deu solução ao problema.


As pessoas que padecem uma influência demoníaca encontrarão a solução na oração de libertação. A oração de libertação é a que um grupo de cristãos recita para que uma pessoa fique libertada das influências malignas que tenha. São freqüentes este tipo de orações (a oração de libertação) nos grupos da Renovação Carismática. Mas na realidade qualquer grupo de oração pode orar por um irmão para que seja libertado das ataduras que sobre ele tenha o demônio.

Se no momento não encontrar nenhum grupo que faça a oração de libertação pode rezar a oração que aparece abaixo.
Se, rezando a oração que aparece abaixo, se encontrasse cada vez melhor e esta melhoria tivesse um caráter duradouro, então seria um sinal de que aquilo tinha uma causa que ia além da natureza.

Uma pessoa que ache que está sofrendo em seu corpo ou em sua mente uma influência do demônio que sobrepassa o natural pode rezar cada dia esta oração:


Senhor, Deus todo-poderoso, misericordioso e onipotente,
Pai, Filho e Espírito Santo,
expulsai de mim toda influência dos espíritos malignos.
Pai, em nome de Cristo vos peço que derrubeis toda corrente
Nas quais os demônios me tenham atado.
Derramai sobre mim o preciosíssimo sangue de vosso Filho.
Que seu sangue imaculado e redentor rompa
toda atadura sobre meu corpo e minha mente.
Tudo isso vos peço por intercessão da Santíssima Virgem Maria.
São Miguel arcanjo, intercedei, vinde em meu socorro.
Em nome de Jesus ordeno a todo demônio que possa ter alguma influência sobre mim,
que saia para sempre.
Por vossa flagelação, por vossa coroa de espinhos, por vossa cruz, por vosso sangue, por vossa ressurreição, ordeno a todo espírito maligno que saia.
Pelo Deus verdadeiro,
pelo Deus santo,
pelo Deus que tudo pode,
te ordeno, demônio imundo, que saias em nome de Jesus, meu Salvador e Senhor.
.............................


Esta oração deve ser repetida cada dia, uma ou mais vezes. Mais que o número de vezes que se reze o que vale é o fervor e a fé com que se recita. Para isso é preciso concentrar-se na oração e pedir humildemente a Deus e ordenar ao demônio que saia. Nesta oração a Deus, se deve pedir com humildade e amor, ao demônio se ordena, sem ira, só com fé.


Claro que esta oração deve ir acompanhada de uma converão na vida da pessoa. Quer dizer, de nada vale pedir que se arranque de nós uma influência do demônio se seguimos vivendo em pecado mortal.

A pessoa que quer romper com o demônio deve confessar-se, ir à missa aos domingos e cumprir os dez Mandamentos. E quanto mais oração faça (terços, meditação da Bíblia, etc) mais irá desatando essa influência do demônio sobre si mesma.


http://www.fortea.us/portugal/respuestas/influencias.htm