sábado, 25 de fevereiro de 2012

Bloco Pirados por Jesus!!!






O que é bonito precisa ser imitado. Cristo
precisa ser imitado!





Os bailes de Carnaval onde não há bebida alcoólica e nem
droga precisa também desta imitação e mais ainda, o povo precisa ver que as
pessoas têm outra forma de embriagar, essa poucos conhecem que é através do
Espírito de Deus.





A Palavra diz em
Atos dos Apóstolos que eles ficaram embriagados do Espírito.





Eu, Augusta
Moreira dos Santos, confirmo essa palavra, por inúmeras vezes já fiquei
embriagada do Espírito Santo, essa é uma verdade e testifico!





Que Nossas
Paróquias possam seguir o exemplo do Bloco Pirados por Jesus, de Bela Vista do
Maranhão. Conheço esse pessoal das fotos. 





Essa alegre mais séria e mais madura
é Geni, coordenadora da RCC diocese de  Viana, as outras três são do
Instituto das Irmãs Pequeninas, minhas amigas.





Ao final, o autor da música: Eu tô Pirado por Jesus. Disse pessoalmente para ele que essa música vai explodir no país todo. Ela é simplesmente linda!





Beijos, a todos e
muita saudade!






















BLOCO DE CARNAVAL PIRADOS
POR JESUS




Foram dias de muita oração e alegria no Senhor.Vivendo um carnaval diferente, buscando a alegria que não passa. E essa alegria é Jesus Cristo!










Flávio Araujo Campos 






























O Ano da Fé significa agradecer



















O ser humano, em seu
estado natural, possui inteligência e vontade com potencialidades infinitas. A
beleza que surge das mãos dos homens é um reflexo da beleza que surge das mãos
do Criador. No entanto, não quis Deus que o homem permanecesse apenas em seu
estado natural e nos deu o dom da fé.







O dom da fé e da graça eleva o homem ao
estado sobrenatural, somos filhos de Deus (1Jo 3,1). Neste estado podemos dizer
com São Paulo “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gal 2,20). O
estado sobrenatural não está em conflito com o estado natural. A graça não
destrói a natureza, a supõe, eleva e aperfeiçoa.







A fé nos eleva a uma
condição superior, mas não de superioridade. É na vivência profunda da fé que o
homem se encontra completamente consigo mesmo e com o outro, e realiza
plenamente a vocação a que foi chamado.







Cristo é nosso Senhor e nos convida a
contemplar o mundo e seus irmãos com novos olhos. A fé, bem acolhida e
cultivada, nos oferece uma lente que permite perceber a realidade com o coração
de Deus. 






Por isto, o cristão não é indiferente aos assuntos do mundo. O
sofrimento e a dor que assolam a humanidade devem ser sentidos, sofridos e
compadecidos com maior intensidade por aqueles que se declaram apóstolos de
Cristo. É com o amor de Deus que amamos o mundo.






A fé não é alienação, ao
contrário, é trazer ao mundo um pouco do divino, é lapidar a beleza da criação
muitas vezes escondida pela nuvem do pecado. A verdadeira alienação é não
acolher, cultivar e promover o dom da fé. 






A busca de infinito que permeia o
coração humano encontra nela seu porto seguro, pois somente através desse
magnífico dom descobrimos quem realmente somos. Como dizia Santo Agostinho:
“Fizeste-me para Ti, Senhor, e o meu coração inquieto está enquanto não descansa
em Ti” (Confissões, l.1, n.1). 






Elevemos todos uma oração de agradecimento a Deus
pelo dom da Fé que nos enriquece, fazendo-nos mais humanos e filhos de
Deus.





Dom Orani João Tempesta




sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Persevera no caminho do Senhor, quem tem sabedoria.
















Olá! Quero partilhar com vocês a palavra de Deus, ela que é
o meu maior tesouro. É esse tesouro que estou descobrindo agora e que ao invés
de ficar só comigo, quero que as outras pessoas não só apreciem, como também
possam ter esse mesmo tesouro consigo.





Lucas 21,9-19





9. Quando ouvirdes falar de guerras e de tumultos, não vos
assusteis; porque é necessário que isso aconteça primeiro, mas não virá logo o
fim. 


10. Disse-lhes também: Levantar-se-ão nação contra nação e
reino contra reino. 


11. Haverá grandes terremotos por várias partes, fomes e
pestes, e aparecerão fenômenos espantosos no céu. 12. Mas, antes de tudo isso,
vos lançarão as mãos e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e aos
cárceres, levando-vos à presença dos reis e dos governadores, por causa de
mim. 


13. Isto vos acontecerá para que vos sirva de
testemunho. 


14. Gravai bem no vosso espírito de não preparar vossa
defesa, 


15. Porque eu vos darei uma palavra cheia de sabedoria, à
qual não poderão resistir nem contradizer os vossos adversários. 


16. Sereis entregues até por vossos pais, vossos irmãos,
vossos parentes e vossos amigos, e matarão muitos de vós. 


17. Sereis odiados por todos por causa do meu nome. 


18. Entretanto, não se perderá um só cabelo da vossa
cabeça. 


19. É pela vossa constância que alcançareis a vossa
salvação.





Veja os sinais dos últimos tempos. Essa palavra ela é tão
viva, que ela própria sequer precisa de comentários e interpretações. Uma
palavra que Jesus quis deixar para nós, não em forma de parábola, não com duplo
significado, é uma palavra que não é comparativa, essa palavra ela é real,
direta.





Não posso deixar de comentar sobre as perseguições, que é
uma realidade na vida de cada servo e, Jesus vem nos exortar dizendo que os
servos serão perseguidos e entregues à presença das autoridades.





Jesus nos consola dizendo: "Gravai bem no vosso
espírito de não preparar vossa defesa, pois vos darei uma palavra cheia de
sabedoria, à qual não poderão resistir nem contradizer os vossos
adversários."





Sim, meus amigos, é preciso que nós não crucifiquemos os
nossos irmãos, levando-os às autoridades. Quanta vez, a gente, até pensando que
está certo, atrapalha a caminhada do nosso irmão, sendo um verdadeiro espinho
na vida.





Hoje, o Senhor me mostrou muito sobre a importância de se
ter sabedoria, porque veja o que diz Jesus aí, à sabedoria, ninguém pode
resistir e nem contradizer.





Sinto que me falta sabedoria e, hoje, comecei a implorar ao
Senhor essa graça de me dar sabedoria e pedi aos amigos que a peçam também para
mim ao Senhor. 





Porque sinto que me falta. Fiquei imaginando, que recebi
tantos dons, pela bondade do pai, mas que tenho colocado por terra esses dons
maravilhosos, exatamente porque me falta sabedoria.  





E quando falta algo para nós, temos que procurar. Tenho
lido tanta coisa, mas não estava lendo sobre sabedoria. Pois, agora vou ler. Tenho
que correr atrás é do que está me faltando e digo mais, do que está faltando
para a minha salvação.





Sem a sabedoria de Deus não posso ir muito longe.
 Salomão quando foi pedir algo para Deus, pediu sabedoria.  Dê-me
Senhor um Coração que te escute.





Portanto, concluímos que é pela persistência que
alcançaremos a salvação e só persevera no caminho do Senhor, quem tem
sabedoria. 





Vejamos algumas frases sobre sabedoria:




"O
sábio envergonha-se dos seus defeitos, mas não se envergonha de corrigi-los."
(Confúcio)



"Não há lugar para a sabedoria onde não há
paciência." (Santo Agostinho)


"Sê humilde para evitar o orgulho, mas voa
alto para alcançar a sabedoria."

 (Santo Agostinho)


"O começo da sabedoria é encontrado na
dúvida; duvidando começamos

a questionar, e procurando podemos achar a verdade." (Pierre Abelard)


"A sabedoria começa na reflexão."
(Sócrates)


"Para alcançar conhecimento, adicione coisas
todo dia. Para alcançar sabedoria, elimine coisas todo dia." (Lao Tsé)




"Para
adquirir conhecimento, é preciso estudar; mas para adquirir sabedoria, é preciso
observar." (Marilyn vos Savant)





"Só
sei que nada sei." (Sócrates)



Deus é como o médico; não atende aos desejos do doente,
atende apenas as exigências da saúde. Santo Agostinho (354 - 430 dC.)





São essas frases muito profundas, não é mesmo? Que
possamos tirar algum proveito através delas no nosso cotidiano.





Que Deus nos conceda a graça de receber a sabedoria, que
tanto nos falta.








Augusta Moreira dos Santos











































Mensagem do Papa para a Quaresma 2012












«Prestemos atenção uns aos outros, para nos
estimularmos ao amor e às boas obras»

(Heb 10,
24)









Mensagem do Papa Bento XVI para a Quaresma de 2012





Irmãos e irmãs!


A Quaresma oferece-nos a oportunidade de refletir mais uma vez sobre o cerne
da vida cristã: o amor. Com efeito este é um tempo propício para renovarmos, com
a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o nosso caminho pessoal e
comunitário de fé. Trata-se de um percurso marcado pela oração e a
partilha, pelo silêncio e o jejum, com a esperança de viver a alegria
pascal.





Desejo, este ano, propor alguns pensamentos inspirados num breve texto
bíblico tirado da Carta aos Hebreus: «Prestemos atenção uns aos outros,
para nos estimularmos ao amor e às boas obras» (10, 24). Esta frase aparece
inserida numa passagem onde o escritor sagrado exorta a ter confiança em Jesus
Cristo como Sumo Sacerdote, que nos obteve o perdão e o acesso a Deus. 





O
fruto do acolhimento de Cristo é uma vida edificada segundo as três virtudes
teologais: trata-se de nos aproximarmos do Senhor «com um coração sincero, com a
plena segurança da »
 (v. 22), de conservarmos
firmemente «a profissão da nossa esperança» (v. 23), numa solicitude
constante por praticar, juntamente com os irmãos, «o amor e as boas
obras» (v. 24). 





Na passagem em questão afirma-se também que é
importante, para apoiar esta conduta evangélica, participar nos encontros
litúrgicos e na oração da comunidade, com os olhos fixos na meta escatológica: a
plena comunhão em Deus (v. 25). Detenho-me no versículo 24, que, em poucas
palavras, oferece um ensinamento precioso e sempre atual sobre três aspectos da
vida cristã: prestar atenção ao outro, a reciprocidade e a santidade
pessoal.





1. «Prestemos atenção»: a responsabilidade pelo irmão.


O primeiro elemento é o convite a «prestar atenção»: o verbo grego usado
é katanoein, que significa observar bem, estar atento, olhar
conscienciosamente, dar-se conta de uma realidade. Encontramo-lo no Evangelho,
quando Jesus convida os discípulos a «observar» as aves do céu, que não se
preocupam com o alimento e, todavia, são objeto de solícita e cuidadosa
Providência divina (cf. Lc 12, 24), e a «dar-se conta» da trave que têm
na própria vista antes de reparar no argueiro que está na vista do irmão
(cf. Lc 6, 





41). Encontramos o referido verbo também noutro trecho da
mesma Carta aos Hebreus, quando convida a «considerar Jesus» (3, 1)
como o Apóstolo e o Sumo Sacerdote da nossa fé. Por conseguinte o verbo,
que aparece na abertura da nossa exortação, convida a fixar o olhar no outro, a
começar por Jesus, e a estar atentos uns aos outros, a não se mostrar alheio e
indiferente ao destino dos irmãos.
 Mas, com frequência, prevalece a
atitude contrária: a indiferença, o desinteresse, que nascem do egoísmo,
mascarado por uma aparência de respeito pela «esfera privada». 





Também
hoje ressoa, com vigor, a voz do Senhor que chama cada um de nós a cuidar do
outro. Também hoje Deus nos pede para sermos o «guarda» dos nossos irmãos
(cf. Gn 4, 9), para estabelecermos relações caracterizadas por
recíproca solicitude, pela atenção ao bemdo outro e a todo o
seu bem
O grande mandamento do amor ao próximo exige e incita
a consciência a sentir-se responsável por quem, como eu, é criatura e filho de
Deus: o fato de sermos irmãos em humanidade e, em muitos casos, também na fé
deve levar-nos a ver no outro um verdadeiro alter ego, infinitamente
amado pelo Senhor. 





Se cultivarmos este olhar de fraternidade, brotarão
naturalmente do nosso coração a solidariedade, a justiça, bem como a
misericórdia e a compaixão.
 O Servo de Deus Paulo VI afirmava que o
mundo atual sofre sobretudo de falta de fraternidade: «O mundo está doente. O
seu mal reside mais na crise de fraternidade entre os homens e entre os povos,
do que na esterilização ou no monopólio, que alguns fazem, dos recursos do
universo» (Carta enc. Populorum progressio, 66).





A atenção ao outro inclui que se deseje, para ele ou para ela, o bem
sob todos os seus aspectos: físico, moral e espiritual.
 Parece
que a cultura contemporânea perdeu o sentido do bem e do mal, sendo necessário
reafirmar com vigor que o bem existe e vence, porque Deus é «bom e faz o
bem» 
(Sal 119/118, 68). 





O bem é aquilo que suscita, protege e
promove a vida, a fraternidade e a comunhão. Assim a responsabilidade
pelo próximo significa querer e favorecer o bem do outro, desejando que também
ele se abra à lógica do bem; interessar-se pelo irmão quer dizer abrir os olhos
às suas necessidades. 
A Sagrada Escritura adverte contra o perigo de
ter o coração endurecido por uma espécie de «anestesia espiritual», que nos
torna cegos aos sofrimentos alheios. 





O evangelista Lucas narra duas parábolas de
Jesus, nas quais são indicados dois exemplos desta situação que se pode criar no
coração do homem. Na parábola do bom Samaritano, o sacerdote e o levita, com
indiferença, «passam ao largo» do homem assaltado e espancado pelos salteadores
(cf. Lc 10, 30-32), e, na do rico avarento, um homem saciado de bens
não se dá conta da condição do pobre Lázaro que morre de fome à sua porta
(cf. Lc 16, 19). 





Em ambos os casos, deparamo-nos com o contrário de
«prestar atenção», de olhar com amor e compaixão. O que é que impede
este olhar feito de humanidade e de carinho pelo irmão? Com frequência, é a
riqueza material e a saciedade, mas pode ser também o antepor a tudo os nossos
interesses e preocupações próprias.
 Sempre devemos ser capazes
de «ter misericórdia» por quem sofre; o nosso coração nunca deve estar tão
absorvido pelas nossas coisas e problemas que fique surdo ao brado do
pobre.
 





Diversamente, a humildade de coração e a experiência pessoal do
sofrimento podem, precisamente, revelar-se fonte de um despertar interior para a
compaixão e a empatia: «O justo conhece a causa dos pobres, porém o ímpio não o
compreende» (Prov 29, 7). Deste modo entende-se a
bem-aventurança «dos que choram» (Mt 5, 4), isto é, de quantos são
capazes de sair de si mesmos porque se comoveram com o sofrimento
alheio.
 O encontro com o outro e a abertura do coração às suas
necessidades são ocasião de salvação e de bem-aventurança.





O fato de «prestar atenção» ao irmão inclui, igualmente, a solicitude
pelo seu bem espiritual. E aqui desejo recordar um aspecto da vida cristã que me
parece esquecido: a correção fraterna, tendo em vista a salvação
eterna.
 De forma geral, hoje se é muito sensível ao tema do
cuidado e do amor que visa o bem físico e material dos outros, mas quase não se
fala da responsabilidade espiritual pelos irmãos. 





Na Igreja dos primeiros tempos
não era assim, como não o é nas comunidades verdadeiramente maduras na fé, nas
quais se tem a peito não só a saúde corporal do irmão, mas também a da sua alma
tendo em vista o seu destino derradeiro. Lemos na Sagrada Escritura: «Repreende
o sábio e ele te amará. Dá conselhos ao sábio e ele tornar-se-á ainda mais
sábio, ensina o justo e ele aumentará o seu saber» (Prov 9, 8-9). 





O
próprio Cristo manda repreender o irmão que cometeu um pecado
(cf. Mt 18, 15). O verbo usado para exprimir a correção fraterna
– elenchein – é o mesmo que indica a missão profética, própria dos
cristãos, de denunciar uma geração que se faz condescendente com o mal
(cf. Ef 5, 11). 





A tradição da Igreja enumera entre as obras
espirituais de misericórdia a de «corrigir os que erram». É importante recuperar
esta dimensão do amor cristão. 
Não devemos ficar calados diante do mal.
Penso aqui na atitude daqueles cristãos que preferem, por respeito humano ou
mera comodidade, adequar-se à mentalidade comum em vez de alertar os próprios
irmãos contra modos de pensar e agir que contradizem a verdade e não seguem o
caminho do bem. 





Entretanto a advertência cristã nunca há de ser animada
por espírito de condenação ou censura; é sempre movida pelo amor e a
misericórdia e brota duma verdadeira solicitude pelo bem do irmão.
 Diz
o apóstolo Paulo: «Se porventura um homem for surpreendido nalguma falta, vós,
que sois espirituais, corrigi essa pessoa com espírito de mansidão, e tu olha
para ti próprio, não estejas também tu a ser tentado» (Gl 6, 1). 





Neste
nosso mundo impregnado de individualismo, é necessário redescobrir a importância
da correção fraterna, para caminharmos juntos para a santidade. É que «sete
vezes cai o justo» (Prov 24, 16) – diz a Escritura –, e todos nós somos
frágeis e imperfeitos (cf. 1 Jo 1, 8). Por isso, é um grande serviço
ajudar, e deixar-se ajudar, a ler com verdade dentro de si mesmo, para melhorar
a própria vida e seguir mais retamente o caminho do Senhor. Há sempre
necessidade de um olhar que ama e corrige, que conhece e reconhece, que discerne
e perdoa (cf. Lc 22, 61), como fez, e faz, Deus com cada um de
nós.





2. «Uns aos outros»: o dom da reciprocidade.


O fato de sermos o «guarda» dos outros contrasta com uma mentalidade que,
reduzindo a vida unicamente à dimensão terrena, deixa de considerá-la na sua
perspectiva escatológica e aceita qualquer opção moral em nome da liberdade
individual. Uma sociedade como a atual pode tornar-se surda quer aos sofrimentos
físicos, quer às exigências espirituais e morais da vida. 





Não deve ser assim na
comunidade cristã! O apóstolo Paulo convida a procurar o que «leva à paz e à
edificação mútua» (Rm 14, 19), favorecendo o «próximo no bem, em ordem
à construção da comunidade» (Rm 15, 2), sem buscar «o próprio
interesse, mas o do maior número, a fim de que eles sejam salvos» (1
Cor
 10, 33). Esta recíproca correção e exortação, em espírito de humildade
e de amor, deve fazer parte da vida da comunidade cristã.





Os discípulos do Senhor, unidos a Cristo através da Eucaristia, vivem
numa comunhão que os liga uns aos outros como membros de um só corpo. Isto
significa que o outro me pertence: a sua vida, a sua salvação têm a ver com a
minha vida e a minha salvação. Tocamos aqui um elemento muito profundo da
comunhão: a nossa existência está ligada com a dos outros, quer no bem quer no
mal; tanto o pecado como as obras de amor possuem também uma dimensão
social.
 





Na Igreja, corpo místico de Cristo, verifica-se esta
reciprocidade: a comunidade não cessa de fazer penitência e implorar perdão para
os pecados dos seus filhos, mas alegra-se contínua e jubilosamente também com os
testemunhos de virtude e de amor que nela se manifestam. Que «os membros tenham
a mesma solicitude uns para com os outros» (1 Cor 12, 25) – afirma São
Paulo –, porque somos um e o mesmo corpo. 





O amor pelos irmãos, do qual é
expressão a esmola – típica prática quaresmal, juntamente com a oração e o jejum
– radica-se nesta pertença comum. Também com a preocupação concreta
pelos mais pobres, pode cada cristão expressar a sua participação no único corpo
que é a Igreja. 





E é também atenção aos outros na reciprocidade saber reconhecer
o bem que o Senhor faz neles e agradecer com eles pelos prodígios da graça que
Deus, bom e onipotente, continua a realizar nos seus filhos. Quando um cristão
vislumbra no outro a ação do Espírito Santo, não pode deixar de se alegrar e dar
glória ao Pai celeste (cf. Mt 5, 16).





3. «Para nos estimularmos ao amor e às boas obras»: caminhar juntos
na santidade.


Esta afirmação da Carta aos Hebreus (10, 24) impele-nos a considerar
a vocação universal à santidade como o caminho constante na vida espiritual, a
aspirar aos carismas mais elevados e a um amor cada vez mais alto e fecundo
(cf. 1 Cor 12, 31 – 13, 13). 





A atenção recíproca tem como finalidade
estimular-se, mutuamente, a um amor efetivo sempre maior, «como a luz da aurora,
que cresce até ao romper do dia» (Prov 4, 18), à espera de viver o dia
sem ocaso em Deus. O tempo, que nos é concedido na nossa vida, é precioso para
descobrir e realizar as boas obras, no amor de Deus. Assim a própria Igreja
cresce e se desenvolve para chegar à plena maturidade de Cristo
(cf. Ef 4, 13). É nesta perspectiva dinâmica de crescimento que se
situa a nossa exortação a estimular-nos reciprocamente para chegar à plenitude
do amor e das boas obras.





Infelizmente, está sempre presente a tentação da tibieza, de sufocar o
Espírito, da recusa de «pôr a render os talentos» que nos foram dados para bem
nosso e dos outros (cf. Mt 25, 24-28). Todos recebemos riquezas
espirituais ou materiais úteis para a realização do plano divino, para o bem da
Igreja e para a nossa salvação pessoal
 (cf. Lc 12, 21; 1
Tm
 6, 18). Os mestres espirituais lembram que, na vida de fé, quem não
avança, recua.





Queridos irmãos e irmãs, acolhamos o convite, sempre atual, para tendermos à
«medida alta da vida cristã» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio
ineunte
, 31). A Igreja, na sua sabedoria, ao reconhecer e proclamar a
bem-aventurança e a santidade de alguns cristãos exemplares, tem como finalidade
também suscitar o desejo de imitar as suas virtudes. São Paulo exorta:
«Adiantai-vos uns aos outros na mútua estima» (Rm 12, 10).





Que todos, à vista de um mundo que exige dos cristãos um renovado testemunho
de amor e fidelidade ao Senhor, sintam a urgência de esforçar-se por adiantar no
amor, no serviço e nas obras boas (cf. Heb 6, 10). Este apelo ressoa
particularmente forte neste tempo santo de preparação para a Páscoa. Com votos
de uma Quaresma santa e fecunda, confio-vos à intercessão da Bem-aventurada
Virgem Maria e, de coração, concedo a todos a Bênção Apostólica.


Vaticano, 3 de Novembro de 2011
















Depressão tem cura



















A medicina cuida do corpo e Deus cuida da alma




Depressão significa buraco. O Vaticano fez um congresso sobre esse assunto,
porque eles estão preocupados com esse mal. Eu li o resumo do congresso e vi que
são 300 milhões de pessoas no mundo que sofrem com esse mal. Precisamos tratar
desse povo.




A medicina cuida do corpo e Deus cuida da alma. E a depressão é uma doença
mais da alma que do corpo. E quem cuida da alma é o psicólogo e a religião. Essa
enfermidade tem cura e a cura tem três caminhos:


- Procure um médico psiquiatra, ele pode dar remédio;


- É preciso um psicólogo para saber como se comportar diante das situações
difíceis;


- O tratamento tem de ser físico e espiritual.




Não tenha medo de procurar os três tratamentos. A depressão é muito difícil
de ser diagnosticada.


Uma pessoa deprimida pode apresentar: doença crônica, problema afetivo, falta
de sentido para a vida, excesso de trabalho. Essas são causas. Mas o que ela
sente? Muitos podem ser os sintomas da depressão, como: cansaço, pensamento de
culpa, tristeza, autoestima baixa, falta de apetite, falta de vontade de rezar,
fadiga, memória fraca, insônia, dificuldade para decidir, pensamento de morte,
quedas de cabelo, entre outros.




O importante é saber que esse mal tem cura. Deus nos deu os psicólogos e
temos também a família. Esta tem de cercar a pessoa e não deixá-la no buraco.
Todos têm de se juntar e se unir.


Não adianta falar que a pessoa é fraca. Não importa por que ela está em
depressão, você tem de tirá-la do buraco. Tem de ajuntar pai, mãe, irmãos,
namorado, chamá-la para tomar um sol, sair, tomar um sorvete… Tem de tirar a
pessoa do buraco com carinho e vagarosamente. É um ato de amor e caridade – e a
família é importantíssima.




O deprimido tem de agir contra esse mal, ou seja, reagir, não pode se
entregar à tristeza. Ele precisa cultivar a alegria e lutar para sair do buraco
em que se encontra.


Como sair da depressão? Você tem de ver o valor que você tem. Só assim não
ficará no fundo do poço. Só fica nesse local quem não dá valor a si mesmo. Você
acredita que você é obra de Deus? Então, por que você deixa a obra d’Ele no
buraco? Quem fica nesse lugar é lixo. E você é uma obra de Deus!




A primeira coisa que um deprimido tem de entender é que ele tem valor, que
ele é alguém muito importante para Deus. Quando louvamos ao Senhor, damos voz e
sentimentos a este mundo. Por que Jesus morreu na cruz? Por causa dos macacos,
das galinhas? Não. Ele entregou a vida na cruz por causa de você, do valor que
você tem. E Ele o ama individualmente. Nenhum de nós tem a mesma impressão
digital, pois Deus não quis nos fazer em série, mas individualmente. A história
do mundo é a história de cada um de nós. Ele sabe o meu nome, a minha angústia,
a minha dor.




Quando Cristo morreu na cruz, Ele não carregava somente seus pecados, mas
suas angústias e dores. Ele já venceu suas tendências, por isso você não precisa
ficar deprimido por causa dos erros, pois Deus é “louco” de amor por você. Só o
amor é mais forte que a dor e a morte. Olhe para a cruz e você verá o quanto
Deus o ama.




Você quer a prova de que Deus o ama? Jesus disse que Ele pode ter 99 ovelhas,
mas se tem uma perdida Ele deixa as 99 para buscar você. Se você é a ovelha
deprimida, perdida, Ele larga as outras e vai buscar você.


Diga para sua depressão: “Eu não morrerei nesta depressão, porque sou filho
de Deus – e filho de Deus não pode morrer no buraco!”




Não podemos abaixar a cabeça para a depressão. Se você perdeu um namorado e
está com essa enfermidade, não olhe para o barulho do mar, olhe para Cristo.
Para Deus não existe “beco sem saída”. O Todo-poderoso está pronto para mover o
céu a fim de que seu milagre possa acontecer, mas Ele não move um palha para
fazer aquilo que você pode fazer.




Doutor em Física pela UNESP e pelo ITA; há trinta e cinco anos é professor universitário e foi Diretor Geral do Instituto de Engenharia de Lorena - da USP-SP.
E-mail: felipeaquino@cancaonova.com
Site: http://www.cleofas.com.br/





Reconhecimento Legal das Uniões Homossexuais



















Considerações sobre os projetos
de reconhecimento legal das uniões entre pessoas
homossexuais


Congregação para a doutrina da fé





Introdução


1. Diversas questões relativas à homossexualidade foram recentemente tratadas várias vezes pelo Santo Padre João Paulo II e pelos competentes Dicastérios da Santa Sé.(1) Trata-se, com efeito, de um fenómeno moral e social preocupante, inclusive nos Países onde ainda não se tornou relevante sob o ponto de vista do ordenamento jurídico. 





A preocupação é, todavia, maior nos Países que já concederam ou se propõem conceder reconhecimento legal às uniões homossexuais, alargando-o, em certos casos, mesmo à habilitação para adoptar filhos. As presentes Considerações não contêm elementos doutrinais novos; entendem apenas recordar os pontos essenciais sobre o referido problema e fornecer algumas argumentações de carácter racional, que possam ajudar os Bispos a formular intervenções mais específicas, de acordo com as situações particulares das diferentes regiões do mundo: intervenções destinadas a proteger e promover a dignidade do matrimónio, fundamento da família, e a solidez da sociedade, de que essa instituição é parte constitutiva. 





Têm ainda por fim iluminar a actividade dos políticos católicos, a quem se indicam as linhas de comportamento coerentes com a consciência cristã, quando tiverem de se confrontar com projectos de lei relativos a este problema.(2) Tratando-se de uma matéria que diz respeito à lei moral natural, as seguintes argumentações são propostas não só aos crentes, mas a todos os que estão empenhados na promoção e defesa do bem comum da sociedade.





I. Natureza e características irrenunciáveis do matrimônio


2. O ensinamento da Igreja sobre o matrimónio e sobre a complementaridade dos sexos propõe uma verdade, evidenciada pela recta razão e reconhecida como tal por todas as grandes culturas do mundo. O matrimónio não é uma união qualquer entre pessoas humanas. Foi fundado pelo Criador, com uma sua natureza, propriedades essenciais e finalidades.(3) Nenhuma ideologia pode cancelar do espírito humano a certeza de que só existe matrimónio entre duas pessoas de sexo diferente, que através da recíproca doação pessoal, que lhes é própria e exclusiva, tendem à comunhão das suas pessoas. Assim se aperfeiçoam mutuamente para colaborar com Deus na geração e educação de novas vidas.





3. A verdade natural sobre o matrimónio foi confirmada pela Revelação contida nas narrações bíblicas da criação e que são, ao mesmo tempo, expressão da sabedoria humana originária, em que se faz ouvir a voz da própria natureza. São três os dados fundamentais do plano criador relativamente ao matrimónio, de que fala o Livro do Génesis.





Em primeiro lugar, o homem, imagem de Deus, foi criado « homem e mulher » (Gn 1, 27). O homem e a mulher são iguais enquanto pessoas e complementares enquanto homem e mulher. A sexualidade, por um lado, faz parte da esfera biológica e, por outro, é elevada na criatura humana a um novo nível, o pessoal, onde corpo e espírito se unem.





Depois, o matrimónio é instituído pelo Criador como forma de vida em que se realiza aquela comunhão de pessoas que requer o exercício da faculdade sexual. « Por isso, o homem deixará o seu pai e a sua mãe e unir-se-á à sua mulher e os dois tornar-se-ão uma só carne » (Gn 2, 24).


Por fim, Deus quis dar à união do homem e da mulher uma participação especial na sua obra criadora. Por isso, abençoou o homem e a mulher com as palavras: « Sede fecundos e multiplicai-vos » (Gn 1, 28). No plano do Criador, a complementaridade dos sexos e a fecundidade pertencem, portanto, à própria natureza da instituição do matrimónio.





Além disso, a união matrimonial entre o homem e a mulher foi elevada por Cristo à dignidade de sacramento. A Igreja ensina que o matrimónio cristão é sinal eficaz da aliança de Cristo e da Igreja (cf. Ef 5, 32). Este significado cristão do matrimónio, longe de diminuir o valor profundamente humano da união matrimonial entre o homem e a mulher, confirma-o e fortalece-o (cf. Mt 19, 3-12; Mc 10, 6-9).





4. Não existe nenhum fundamento para equiparar ou estabelecer analogias, mesmo remotas, entre as uniões homossexuais e o plano de Deus sobre o matrimónio e a família. O matrimónio é santo, ao passo que as relações homossexuais estão em contraste com a lei moral natural. Os actos homossexuais, de facto, « fecham o acto sexual ao dom da vida. Não são fruto de uma verdadeira complementaridade afectiva e sexual. Não se podem, de maneira nenhuma, aprovar ».(4)





Na Sagrada Escritura, as relações homossexuais « são condenadas como graves depravações... (cf. Rm 1, 24-27; 1 Cor 6, 10; 1 Tm 1, 10). Desse juízo da Escritura não se pode concluir que todos os que sofrem de semelhante anomalia sejam pessoalmente responsáveis por ela, mas nele se afirma que os actos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados ».(5) Idêntico juízo moral se encontra em muitos escritores eclesiásticos dos primeiros séculos,(6) e foi unanimemente aceite pela Tradição católica.





Também segundo o ensinamento da Igreja, os homens e as mulheres com tendências homossexuais « devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Deve evitar-se, para com eles, qualquer atitude de injusta discriminação ».(7) Essas pessoas, por outro lado, são chamadas, como os demais cristãos, a viver a castidade.(8) A inclinação homossexual é, todavia, « objectivamente desordenada »,(9) e as práticas homossexuais « são pecados gravemente contrários à castidade ».(10)





II. Atitudes perante o problems das uniões homossexuais


5. Em relação ao fenómeno das uniões homossexuais, existentes de facto, as autoridades civis assumem diversas atitudes: por vezes, limitam-se a tolerar o fenómeno; outras vezes, promovem o reconhecimento legal dessas uniões, com o pretexto de evitar, relativamente a certos direitos, a discriminação de quem convive com uma pessoa do mesmo sexo; nalguns casos, chegam mesmo a favorecer a equivalência legal das uniões homossexuais com o matrimónio propriamente dito, sem excluir o reconhecimento da capacidade jurídica de vir a adoptar filhos.





Onde o Estado assume uma política de tolerância de facto, sem implicar a existência de uma lei que explicitamente conceda um reconhecimento legal de tais formas de vida, há que discernir bem os diversos aspectos do problema. É imperativo da consciência moral dar, em todas as ocasiões, testemunho da verdade moral integral, contra a qual se opõem tanto a aprovação das relações homossexuais como a injusta discriminação para com as pessoas homossexuais. 





São úteis, portanto, intervenções discretas e prudentes, cujo conteúdo poderia ser, por exemplo, o seguinte: desmascarar o uso instrumental ou ideológico que se possa fazer de dita tolerância; afirmar com clareza o carácter imoral desse tipo de união; advertir o Estado para a necessidade de conter o fenómeno dentro de limites que não ponham em perigo o tecido da moral pública e que, sobretudo, não exponham as jovens gerações a uma visão errada da sexualidade e do matrimónio, que os privaria das defesas necessárias e, ao mesmo tempo, contribuiria para difundir o próprio fenómeno. 





Àqueles que, em nome dessa tolerância, entendessem chegar à legitimação de específicos direitos para as pessoas homossexuais conviventes, há que lembrar que a tolerância do mal é muito diferente da aprovação ou legalização do mal.





Em presença do reconhecimento legal das uniões homossexuais ou da equiparação legal das mesmas ao matrimónio, com acesso aos direitos próprios deste último, é um dever opor-se-lhe de modo claro e incisivo. Há que abster-se de qualquer forma de cooperação formal na promulgação ou aplicação de leis tão gravemente injustas e, na medida do possível, abster-se também da cooperação material no plano da aplicação. Nesta matéria, cada qual pode reivindicar o direito à objecção de consciência.







III. Arugumentações racionais contra o reconhecimento legal das uniões homossexuais


6. A compreensão das razões que inspiram o dever de se opor desta forma às instâncias que visem legalizar as uniões homossexuais exige algumas considerações éticas específicas, que são de diversa ordem.


De ordem relativa à recta razão.





A função da lei civil é certamente mais limitada que a da lei moral.(11) A lei civil, todavia, não pode entrar em contradição com a recta razão sob pena de perder a força de obrigar a consciência.(12) Qualquer lei feita pelos homens tem razão de lei na medida que estiver em conformidade com a lei moral natural, reconhecida pela recta razão, e sobretudo na medida que respeitar os direitos inalienáveis de toda a pessoa.(13) As legislações que favorecem as uniões homossexuais são contrárias à recta razão, porque dão à união entre duas pessoas do mesmo sexo garantias jurídicas análogas às da instituição matrimonial. Considerando os valores em causa, o Estado não pode legalizar tais uniões sem faltar ao seu dever de promover e tutelar uma instituição essencial ao bem comum, como é o matrimónio.





Poderá perguntar-se como pode ser contrária ao bem comum uma lei que não impõe nenhum comportamento particular, mas apenas se limita a legalizar uma realidade de facto, que aparentemente parece não comportar injustiça para com ninguém. A tal propósito convém reflectir, antes de mais, na diferença que existe entre o comportamento homossexual como fenómeno privado, e o mesmo comportamento como relação social legalmente prevista e aprovada, a ponto de se tornar numa das instituições do ordenamento jurídico. 





O segundo fenómeno, não só é mais grave, mas assume uma relevância ainda mais vasta e profunda, e acabaria por introduzir alterações na inteira organização social, que se tornariam contrárias ao bem comum. As leis civis são princípios que estruturam a vida do homem no seio da sociedade, para o bem ou para o mal. « Desempenham uma função muito importante, e por vezes determinante, na promoção de uma mentalidade e de um costume ».(14) As formas de vida e os modelos que nela se exprimem não só configuram externamente a vida social, mas ao mesmo tempo tendem a modificar, nas novas gerações, a compreensão e avaliação dos comportamentos. A legalização das uniões homossexuais acabaria, portanto, por ofuscar a percepção de alguns valores morais fundamentais e desvalorizar a instituição matrimonial.


De ordem biológica e antropológica





7. Nas uniões homossexuais estão totalmente ausentes os elementos biológicos e antropológicos do matrimónio e da família, que poderiam dar um fundamento racional ao reconhecimento legal dessas uniões. Estas não se encontram em condição de garantir de modo adequado a procriação e a sobrevivência da espécie humana. A eventual utilização dos meios postos à sua disposição pelas recentes descobertas no campo da fecundação artificial, além de comportar graves faltas de respeito à dignidade humana,(15) não alteraria minimamente essa sua inadequação.





Nas uniões homossexuais está totalmente ausente a dimensão conjugal, que representa a forma humana e ordenada das relações sexuais. Estas, de facto, são humanas, quando e enquanto exprimem e promovem a mútua ajuda dos sexos no matrimónio e se mantêm abertas à transmissão da vida.





Como a experiência confirma, a falta da bipolaridade sexual cria obstáculos ao desenvolvimento normal das crianças eventualmente inseridas no interior dessas uniões. Falta-lhes, de facto, a experiência da maternidade ou paternidade. Inserir crianças nas uniões homossexuais através da adopção significa, na realidade, praticar a violência sobre essas crianças, no sentido que se aproveita do seu estado de fraqueza para introduzi-las em ambientes que não favorecem o seu pleno desenvolvimento humano. 





Não há dúvida que uma tal prática seria gravemente imoral e pôr-se-ia em aberta contradição com o princípio reconhecido também pela Convenção internacional da ONU sobre os direitos da criança, segundo o qual, o interesse superior a tutelar é sempre o da criança, que é a parte mais fraca e indefesa.


De ordem social





8. A sociedade deve a sua sobrevivência à família fundada sobre o matrimónio. É, portanto, uma contradição equiparar à célula fundamental da sociedade o que constitui a sua negação. A consequência imediata e inevitável do reconhecimento legal das uniões homossexuais seria a redefinição do matrimónio, o qual se converteria numa instituição que, na sua essência legalmente reconhecida, perderia a referência essencial aos factores ligados à heterossexualidade, como são, por exemplo, as funções procriadora e educadora. Se, do ponto de vista legal, o matrimónio entre duas pessoas de sexo diferente for considerado apenas como um dos matrimónios possíveis, o conceito de matrimónio sofrerá uma alteração radical, com grave prejuízo para o bem comum. Colocando a união homossexual num plano jurídico análogo ao do matrimónio ou da família, o Estado comporta-se de modo arbitrário e entra em contradição com os próprios deveres.





Em defesa da legalização das uniões homossexuais não se pode invocar o princípio do respeito e da não discriminação de quem quer que seja. Uma distinção entre pessoas ou a negação de um reconhecimento ou de uma prestação social só são inaceitáveis quando contrárias à justiça.(16) Não atribuir o estatuto social e jurídico de matrimónio a formas de vida que não são nem podem ser matrimoniais, não é contra a justiça; antes, é uma sua exigência.





Nem tão pouco se pode razoavelmente invocar o princípio da justa autonomia pessoal. Uma coisa é todo o cidadão poder realizar livremente actividades do seu interesse, e que essas actividades que reentrem genericamente nos comuns direitos civis de liberdade, e outra muito diferente é que actividades que não representam um significativo e positivo contributo para o desenvolvimento da pessoa e da sociedade possam receber do Estado um reconhecimento legal especifico e qualificado. 





As uniões homossexuais não desempenham, nem mesmo em sentido analógico remoto, as funções pelas quais o matrimónio e a família merecem um reconhecimento específico e qualificado. Há, pelo contrário, razões válidas para afirmar que tais uniões são nocivas a um recto progresso da sociedade humana, sobretudo se aumentasse a sua efectiva incidência sobre o tecido social.


De ordem jurídico





9. Porque as cópias matrimoniais têm a função de garantir a ordem das gerações e, portanto, são de relevante interesse público, o direito civil confere-lhes um reconhecimento institucional. As uniões homossexuais, invés, não exigem uma específica atenção por parte do ordenamento jurídico, porque não desempenham essa função em ordem ao bem comum.





Não é verdadeira a argumentação, segundo a qual, o reconhecimento legal das uniões homossexuais tornar-se-ia necessário para evitar que os conviventes homossexuais viessem a perder, pelo simples facto de conviverem, o efectivo reconhecimento dos direitos comuns que gozam enquanto pessoas e enquanto cidadãos. Na realidade, eles podem sempre recorrer – como todos os cidadãos e a partir da sua autonomia privada – ao direito comum para tutelar situações jurídicas de interesse recíproco. Constitui porém uma grave injustiça sacrificar o bem comum e o recto direito de família a pretexto de bens que podem e devem ser garantidos por vias não nocivas à generalidade do corpo social.(17)







IV. Comportamentos dos políticos católicos perante legislações favoráveis às uniões homossexuais


10. Se todos os fiéis são obrigados a opor-se ao reconhecimento legal das uniões homossexuais, os políticos católicos são-no de modo especial, na linha da responsabilidade que lhes é própria. Na presença de projectos de lei favoráveis às uniões homossexuais, há que ter presentes as seguintes indicações éticas.





No caso que se proponha pela primeira vez à Assembleia legislativa um projecto de lei favorável ao reconhecimento legal das uniões homossexuais, o parlamentar católico tem o dever moral de manifestar clara e publicamente o seu desacordo e votar contra esse projecto de lei. Conceder o sufrágio do próprio voto a um texto legislativo tão nocivo ao bem comum da sociedade é um acto gravemente imoral.





No caso de o parlamentar católico se encontrar perante uma lei favorável às uniões homossexuais já em vigor, deve opor-se-lhe, nos modos que lhe forem possíveis, e tornar conhecida a sua oposição: trata-se de um acto devido de testemunho da verdade. Se não for possível revogar completamente uma lei desse género, o parlamentar católico, atendo-se às orientações dadas pela Encíclica Evangelium vitae, « poderia dar licitamente o seu apoio a propostas destinadas a limitar os danos de uma tal lei e diminuir os seus efeitos negativos no plano da cultura e da moralidade pública », 





com a condição de ser « clara e por todos conhecida » a sua « pessoal e absoluta oposição » a tais leis, e que se evite o perigo de escândalo.(18) Isso não significa que, nesta matéria, uma lei mais restritiva possa considerar-se uma lei justa ou, pelo menos, aceitável; trata-se, pelo contrário, da tentativa legítima e obrigatória de proceder à revogação, pelo menos parcial, de uma lei injusta, quando a revogação total não é por enquanto possível.





Conclusão


11. A Igreja ensina que o respeito para com as pessoas homossexuais não pode levar, de modo nenhum, à aprovação do comportamento homossexual ou ao reconhecimento legal das uniões homossexuais. O bem comum exige que as leis reconheçam, favoreçam e protejam a união matrimonial como base da família, célula primária da sociedade. Reconhecer legalmente as uniões homossexuais ou equipará-las ao matrimónio, significaria, não só aprovar um comportamento errado, com a consequência de convertê-lo num modelo para a sociedade actual, mas também ofuscar valores fundamentais que fazem parte do património comum da humanidade. A Igreja não pode abdicar de defender tais valores, para o bem dos homens e de toda a sociedade.





O Sumo Pontífice João Paulo II, na Audiência concedida a 28 de Março de 2003 ao abaixo-assinado Cardeal Prefeito, aprovou as presentes Considerações, decididas na Sessão Ordinária desta Congregação, e mandou que fossem publicadas.





Roma, sede da Congregação para a Doutrina da Fé, 3 de Junho de 2003, memória de São Carlos Lwanga e companheiros, mártires.


Joseph Card. Ratzinger
Prefecto


Angelo Amato, S.D.B.
Arzobispo titular de Sila
Secretário


(1) Cf. João Paulo II, Alocuções por ocasião da recitação do Angelus, 20 de Fevereiro de 1994 e 19 de Junho de 1994; Discurso aos participantes na Assembleia Plenária do Conselho Pontifício para a Família, 24 de Março de 1999; Catecismo da Igreja Católica, nn. 2357-2359, 2396; Congregação para a Doutrina da Fé, Declaração Persona humana, 29 de Dezembro de 1975, n. 8; Carta sobre a cura pastoral das pessoas homossexuais, 1 de Outubro de 1986; Algumas Considerações sobre a Resposta a propostas de lei em matéria de não discriminação das pessoas homossexuais, 24 de Julho de 1992; Conselho Pontifício para a Família, Carta aos Presidentes das Conferências Episcopais da Europa sobre a resolução do Parlamento Europeu em matéria de cópias homossexuais, 25 de Março de 1994; Família, matrimónio e « uniões de facto », 26 de Julho de 2000, n. 23.


(2) Cf. Congregação para a Doutrina da Fé, Nota doutrinal sobre algumas questões relativas ao empenho e comportamento dos católicos na vida política, 24 de Novembro de 2002, n. 4.


(3) Cf. Concílio Vaticano II, Constituição pastoral Gaudium et spes, n. 48.


(4) Catecismo da Igreja Católica, n. 2357.


(5) Congregação para a Doutrina da Fé, Declaração Persona humana, 29 de Dezembro de 1975, n. 8.


(6) Cf. por exemplo, S. Policarpo, Carta aos Filipenses, V, 3; S. Justino, Primeira Apologia, 27, 1-4; Atenágoras, Súplica em favor dos cristãos, 34.


(7) Catecismo da Igreja Católica, n. 2358; cf. Congregação para a Doutrina da Fé, Carta sobre a cura pastoral das pessoas homossexuais, 1 de Outubro de 1986, n. 10.


(8) Cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 2359; Congregação para a Doutrina da Fé, Carta sobre a cura pastoral das pessoas homossexuais, 1 de Outubro de 1986, n. 12.


(9) Catecismo da Igreja Católica, n. 2358.


(10) Ibid., n. 2396.


(11) Cf. João Paulo II, Carta encíclica Evangelium vitae, 25 de Março de 1995, n. 71.


(12) Cf. ibid., n. 72.


(13) Cf. S. Tomás de Aquino, Summa Theologiae, I-II, q. 95, a. 2.


(14) João Paulo II, Carta encíclica Evangelium vitae, 25 de Março de 1995, n. 90.


(15) Cf. Congregação para a Doutrina da Fé, Instrução Donum vitae, 22 de Fevereiro de 1987, II. A. 1-3.


(16) Cf. S. Tomás de Aquino, Summa Theologiae, II-II, q. 63, a. 1, c.


(17) Deve, além disso, ter-se presente que existe sempre « o perigo de uma legislação, que faça da homossexualidade uma base para garantir direitos, poder vir de facto a encorajar uma pessoa com tendências homossexuais a declarar a sua homossexualidade ou mesmo a procurar um parceiro para tirar proveito das disposições da lei » (Congregação para a Doutrina da Fé, Algumas Considerações sobre a Resposta a propostas de lei em matéria de não discriminação das pessoas homossexuais, 24 de Julho de 1992, n. 14).


(18) João Paulo II, Carta encíclica Evangelium vitae, 25 de Março de 1995, n. 73.





Fonte: comshalom