quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Frei Elias Vella concede entrevista à Revista Isto É
Especial

| N° Edição: 2106 |

A igreja enfrenta seus demônios – Parte 1

O Vaticano reconhece a existência do diabo em suas fileiras. E prepara seu

exército para contra-atacar a presença do mal

João Loes e Rodrigo Cardoso


A igreja enfrenta seus demônios: o repórter João

Lóes comenta a matéria de capa da IstoÉ desta semana, sobre a presença do mal no

Vaticano
 
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O exorcista-chefe do Vaticano, Gabriele Amorth,espantou o mundo na semana passada ao declarar, alto e bom som, que “o demônioestá à solta no Vaticano”. A justificativa para tal desabafo, que macula aresidência oficial dos católicos com a fumaça do diabo, foram os inúmeros eincômodos casos de pedofilia envolvendoreligiosos e o atentado ao papa Bento XVI no Natal do ano passado.


Casos recentes não faltam para sustentar aindigesta frase do padre Amorth, que já tem 85 anos e dedicou os últimos 25 realização de 70 mil rituais de expulsão do diabo do corpo de fiéisatormentados. Na Alemanha, por exemplo, surgiram denúncias de abusos feitos contra meninos dentro do milenar coral Regensburger Domspatzen, administrado até 1994 pelo irmão do papa, Georg Ratzinger.


No Chile, um padre espanhol daCongregação de Clérigos de São Viator foi preso com 400 horas de vídeos  que continham pornografia infantil, boa parte produzida pelo próprio sacerdote. Já no Brasil, dois monsenhores e um padre da cidade de Arapiraca, Alagoas, foramacusados de abusar sexualmente de seus coroinhas. “Quando se fala de Satanásdentro do Vaticano, é de casos como esses que está se falando”, reitera oexorcista.


Para Amorth, o diabo existe, não é uma entidade subjetiva ousimbólica, e precisa ser enfrentado. E o que poderia ser tratado como um arroubomedieval em outras épocas hoje ganha força considerável com um lobby de peso: o do próprio papa Bento XVI, que acredita no demônio e defende a volta dos rituais de exorcismo.






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“Quando se fala na fumaça de Satanás no Vaticano,

é de

casos de pedofilia e violência na Igreja que está se

falando”


Padre Gabriele Amorth, exorcista-chefe do

Vaticano



O sumo pontífice quer criar um exército dos sacerdotes exterminadores de demônios pelo mundo, mas tem uma tarefa árdua pela frente. Tanto o diabo quanto os exorcistas estão fora de moda pelo menos desde o


século XX. Até mesmo entre os católicos, leigos e religiosos, que considera muito caricata e teatral a figura demoníaca e preferem subjetivar o mal,deixando-o, assim, mais palatável para o racionalismo vigente. Com o advento da psiquiatria e os avanços da medicina, muito do que se atribuía ao diabo passou a

ser explicado e remediado pela ciência.


Desvios como os dos padres do coral Regensburger Domspatzen e dos brasileiros de Arapiraca ganharam nome de sintomas psiquiátricos. Até quem se diz possuído pelo demônio já tem diagnóstico reconhecido pela quarta edição do manual de diagnóstico e estatística das perturbações mentais, publicado em 1994 – a pessoa seria vítima de um

“Transtorno Dissociativo Sem Outra Especificação”.


A Satanás, cuja própria existência foi colocada em dúvida, sobrou o papel de representação simbólica do mal. Enquanto isso, o ofício de exorcista, em baixa, parou de atrair seminaristas. Com o tempo, um corpo de religiosos majoritariamente ignorante no assunto se estabeleceu na hierarquia clerical.


“A quase totalidade do episcopado católico nunca fez exorcismos nem assistiu a um ritual”, acusa o padre Amorth. Também boa parte dos bispos, responsáveis pela investidura do cargo de exorcista oficial a um dos sacerdotes de suas dioceses, abandonou a obrigação. Muitos não acreditam sequer na existência do demônio.






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Bento XVI começou a tentar reverter esse quadro apartir de 2005. Mas daí a mudar a Igreja, que é um dos organismos maisburocráticos e avessos à transformação que existem, há um longo caminho. Em seus discursos e documentos, constam referências diretas a uma série de pilaresteóricos do catolicismo que ele pretende retomar.


Entre eles está, por exemplo,o reconhecimento da existência do demônio como um espírito do mal que semanifesta de forma objetiva nas atitudes dos homens. E se as ondas dessas orientações teóricas demoram para reverberar sobre a pesada estrutura clerical,nas costas dos fiéis elas parecem ter chegado com a força de um tsunami.


“Temos visto um aumento na procura por exorcismos. As pessoas estão claramente maissensíveis à influência do diabo”, afirma Ana Flora Anderson, socióloga e biblista vinculada à Cúria Metropolitana de São Paulo.


A tese é apoiada pelo frei italiano Elias Vella, autor de “O Diabo e o Exorcismo” (Editora Palavra& Prece). Ele reconhece que, entre os anos 1970 e 1990, houve uma calmarianos casos de possessão. “Hoje, os problemas demoníacos voltaram com força”,disse à ISTOÉ o religioso, que também foi exorcista. A igreja agora corre para suprir a crescente demanda, em meio a uma grave crise de vocações e uma diminuição do número de padres no mundo.









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“A Igreja precisa se organizar para capacitar

seus padres e fiscalizar melhor quem faz

exorcismos”


Padre Gabriele Nanni, exorcista

oficial da Diocese de Roma, que dá cursos para outros sacerdotes pelo

mundo




Um retrato do descompasso que há hoje entre asnecessidades dos fiéis e o despreparo do clero está sintetizado no livro “The Rite” (“O Rito”, em tradução livre), lançado em 2009 pelo jornalista americano

Matt Baglio. Repórter free lancer na Itália, ele resolveu acompanhar um padredos Estados Unidos durante um curso para formar exorcistas ministrado pelaprestigiada Pontifícia Universidade Regina Apostolorum, em Roma, vinculada aoVaticano.


“Achei estranho existir um programa de estudos como esse em pleno século XXI”, afirma. “Mas considerei ainda mais espantoso descobrir que muitosdos padres que estavam lá não tinham ideia do que era o demônio e como se fazia um exorcismo.” Baglio lembra ainda que os calouros se diziam marginalizados pelacomunidade religiosa de onde vieram por manifestar interesse por assunto tão

controverso.
PARTE


 
 
 

A igreja enfrenta seus demônios – Parte 2

O Vaticano reconhece a existência do diabo em suas fileiras. E prepara seu

exército para contra-atacar a presença do mal

João Loes e Rodrigo

Cardoso
 
 
 
O autor de “The Rite” levantou até números sobre a

atividade dos exorcistas no continente americano para confirmar a tese de como o

ritual está relegado. Segundo Baglio, deveria haver pelo menos 200 exorcistas

ativos nas Américas do Norte, Central e do Sul. Mas em 2009 esse número não

passava de 15. “Sei que mais de 95% dos supostos casos de possessão que chegam

aos padres acabam diagnosticados como desvio psiquiátrico. Mas e o resto, como

fica?”, questiona. O americano acompanhou 18 exorcismos genuínos na Itália e é

taxativo ao afirmar que, em alguns casos, a única solução é o ritual católico.

“São pessoas que sofrem demais, ninguém sabe por que, e buscam atenção

religiosa”, diz. Segundo o jornalista, boa parte dos rituais dura entre 30

minutos e 40 minutos, para não esgotar o possuído. Mas houve casos testemunhados

por ele que renderam três horas de luta com o diabo. “É física e mentalmente

exaustivo para todos os envolvidos”, admite.
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Padre Gabriele Amorth, ponta de lança do movimento

que defende a existência concreta do diabo e a importância do retorno dos

exorcismos, já está aposentado da prática dos rituais. O único exorcista oficial

em atividade na Diocese de Roma atualmente é o sacerdote italiano Gabriele

Nanni, que reforça a tese de seu antecessor. “Ele está bem velhinho, mas suas

palavras são valiosíssimas, dada a riqueza das experiências que teve com o diabo

nas décadas em que serviu como exorcista oficial do Vaticano”, afirma. Nanni,

por sua vez, se tornou exorcista oficial da Diocese de Roma em 2000 e, de cara,

acumulou a função de professor da Pontifícia Universidade Regina Apostolorum.

Entre 2000 e 2005 fez uma média de dois exorcismos por semana – ao menos 520,

todos com reconhecimento oficial. Hoje, divide seu tempo entre as aulas na

universidade e os cursos que ministra no exterior. Desde 2006, por exemplo,

visita a Cidade do México pelo menos uma vez por ano para treinar sacerdotes

locais no ritual. Mas isso não os exime da necessidade da autorização do bispo

para execução de um exorcismo. “A demanda está aumentando e a Igreja precisa se

organizar para capacitar seus padres e fiscalizar melhor quem faz o rito sem

autorização”, alerta. A parte que cabe a ele tem sido feita. Nanni visitou

vários países a convite das dioceses locais para ministrar o curso. A Igreja

Católica perdeu outro célebre exorcista oficial, o arcebispo de Lusaka Emmanuel

Milingo, excomungado depois de casar com uma coreana.
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TRADIÇÃO

Bento XVI é fiel ao

catolicismo medieval, com demônio, pecado e fidelidade �

liturgia
Ainda vai demorar para que a legião de expulsores do

mal almejada pela Santa Sé se forme. Alguns especialistas atribuem essa carência

à debandada de fiéis para algumas igrejas evangélicas, que enxotam demônios por

atacado. Enquanto isso, o católico convicto se vira como pode. Se os exorcistas

treinados por vaticanistas e aprovados por bispos não vêm, alguns sacerdotes

católicos têm atendido aos pedidos dos numerosos fiéis que imploram pelo alívio

de uma despossessão. Padre Nelson Rabelo, 89 anos, é um deles. Há 22 anos ele

administra a Igreja Sant’Ana, uma bela construção do século XVIII encravada no

centro do Rio de Janeiro. Lá, depois da missa das 8h30 das sextas-feiras e

sábados, faz orações de cura e libertação. “Vez ou outra há pessoas que gritam,

se retorcem, choram e desmaiam”, explica (leia quadro com os sinais de possessão

na página 90). Essas são levadas a uma sala onde a manifestação recebe

tratamento. Para confirmar se é um caso de possessão, o sacerdote faz várias

perguntas. Questiona quantos demônios estão no corpo, indaga seus nomes, a que

vieram e que tipo de mal esperam fazer. Algumas vezes, ouve ameaças. “A pessoa

fica fora de si. Não é ela quem fala, mas o diabo”, explica. À medida que o

exorcismo se desenrola, os malignos vão saindo aos poucos, um por um. “Uma vez

encontrei Lúcifer numa menina de 15 anos. Ele se apresentou e disse que de nada

adiantaria a minha ação. Mas, no fim, teve que sair”, conta, com ar vitorioso.

Segundo os especialistas, a maioria dos possuídos pelo diabo é formada por

púberes do sexo feminino, personalidades muito suscetíveis.
Tocadas pelo trabalho do sacerdote do Rio, duas

devotas, a advogada Ana Claudia Cavalcante e Zulmira Maria de Rezende,

escreveram o livro “Padre Nelson, o Enviado de Deus” (Editora UniverCidade).

“Ele trata todas as pessoas igualmente sem receber um centavo”, diz Ana Claudia.

A advogada conta que nos exorcismos conduzidos pelo padre, e presenciados por

ela, as pessoas possessas reviravam os olhos, arqueavam as mãos e se arrastavam

pelo chão. “Mas não ouvi mudança de tom de voz, como normalmente se vê nos

filmes.” Uma vez, o próprio demônio denunciou o objeto da casa que havia

contaminado para impedir a cura da vítima: o colchão. De outra feita, a mulher

possuída foi ao banheiro e se autoflagelou, ficando completamente ensanguentada.

Houve também o episódio em que um jovem ficou nervoso ao receber a bênção de

padre Nelson e passou a espancar todos à sua volta. Foi exorcizado e hoje

frequenta as sessões de oração.
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LIBERTAÇÃO

O ex-arcebispo de

Lusaka (Zâmbia) Emmanuel Milingo pratica exorcismo na

Itália
Apesar de reconhecer a boa vontade de trabalhos como

o de padre Nelson, a Igreja oficialmente não os aprova. “Quem exorciza sem

autorização do bispo já começa errado”, sentencia dom Hugo Cavalcante,

presidente da Sociedade Brasileira de Canonistas e porta-voz da Conferência

Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Ele explica que o diabo é aquele que

semeia, entre outras coisas, a desobediência. E não há desobediência maior, no

rito do exorcismo, do que fazê-lo sem autorização superior. “O exorcista deve

ser um homem virtuoso e extremamente culto, senão o diabo, que é muito esperto,

pode enganá-lo”, explica Cavalcante. A opinião é compartilhada pelo teólogo

Fernando Altemeyer, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

“Tem que ter malandragem para lidar com o demônio”, afirma. Hoje, a Igreja não

habilita aspirantes a exorcistas com menos de 35 anos, doutorado em teologia e

conhecimento impecável da “Bíblia” (leia quadro na página 90). São exigências

criadas para evitar não só diagnósticos de possessão errados, mas também rituais

de exorcismo incompletos. “Tem demônio que finge que saiu do corpo para depois

voltar com ainda mais força”, alerta Altemeyer.
Mas como reconhecer Satanás? A cultura popular

costuma descrevê-lo como um ser animalesco, feio, com rabo e chifres, cheirando

a enxofre e com a pele avermelhada. Para os estudiosos, essa representação

surgiu no Oriente, berço da religião católica, onde o bode, que reúne as

características físicas que hoje atribuímos ao diabo, tinha função expiatória.

Naquela época, quando alguma suspeita de feitiço pairava sobre a comunidade, um

bode era solto no deserto para vagar até a morte. Nada mais natural, portanto,

que a cultura que criou esse ritual tenha atribuído características físicas

semelhantes à do animal em questão ao demônio. “Mas ele é puro espírito e não

existe de forma material”, afirma Cavalcante, da CNBB.
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“A pessoa fica fora de si. Não é ela quem fala,

mas o demônio”


Padre Nelson Rabelo, 89 anos, exorcista e pároco da Igreja Sant’Ana, no

Rio de Janeiro
A origem do diabo não está na “Bíblia”, mas foi

delineada através dos tempos por teóricos da fé. A história conta que, antes de

criar o cosmo, Deus fez os anjos. Só então ele partiu para forjar o mundo

material. Alguns anjos, porém, como puros espíritos, se opuseram à criação desse

universo material, naturalmente imperfeito e aparentemente desnecessário para

seres como eles, espirituais. Alheio às vontades dos anjos, Deus não só criou o

cosmo como foi além e fez o homem à sua imagem e semelhança. Foi a gota d’água

para a oposição se revoltar. A rebelião, sob a liderança do anjo Lúcifer, foi

repreendida por Deus, que enviou os caídos ao inferno. De lá, porém, como

demônios, eles passaram a influenciar os seres humanos. São milhões os malignos

circulando pela terra, segundo a tradição católica. “Mas somos nós que deixamos

as portas abertas para eles entrarem”, explica Altemeyer, da PUC-SP.
A relação homem e demônio é longa, segundo a

tradição cristã. Desde os primeiros seres humanos a habitar a Terra. Agraciados

com uma vida sem dor e preocupação no paraíso, Adão e Eva cederam às tentações

da serpente – uma representação do diabo – e comeram o fruto da árvore proibida.

Ambos acabaram expulsos do paraíso e marcaram o início da história humana. Outro

marco importante na trajetória do demônio na terra é a chegada de Jesus Cristo.

Ela crava a vitória divina e humana sobre o demônio, mas não o extingue. Mesmo

subjugado e sem poder diante da força de Deus, ele ainda tem influência sobre o

homem. Para quem se deixou levar pela tentação do demônio e se vê possuído por

ele, criou-se o exorcismo. “Jesus e seus apóstolos, bem como todos os cristãos

primitivos, foram exorcistas”, conta frei Elias Vella. “Era um sinal de fé”,

diz.
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Os exorcistas contemporâneos parecem trabalhar como

no princípio do catolicismo – perseguidos, com muitas dificuldades e temerosos

quanto ao futuro de seu ofício. “Meus colegas sacerdotes falam que não expulso

demônio nenhum”, conta o padre paulista Cleodon Amaral de Lima, que pratica

exorcismo há 25 anos sem investidura (leia boxe na página 92). Padre Nelson, do

Rio de Janeiro, também conhece as dificuldades do exorcista contemporâneo.

“Poucos bispos aceitam nosso trabalho”, diz o religioso, que foi expulso de duas

dioceses em Minas Gerais antes de ser acolhido no Rio de Janeiro. “Quando eu

parar com os rituais aqui na igreja, eles acabam.” Cabe ao Vaticano impedir que

isso aconteça.

Colaborou Francisco Alves Filho

FOI PUBLICADA UMA CARTA DE UM EX-HOMOSSEXUAL AOS JOVENS



“Ficou claro para mim, enquanto eu pensava sobre isso que o homossexualismo nos impede de achar nossa verdadeira personalidade. Quando estamos na cegueira do homossexualismo, não conseguimos ver a verdade.”


Michael  Glatze,  americano,  35  anos,  ex-diretor  de  uma importante revista LGBT dos E.U.A. e ex-homossexual, para a juventude:
A homossexualidade me veio fácil, pois eu já era fraco.
Minha mãe morreu quando eu tinha 19 anos. Meu pai morreu quando eu tinha 13. Bem novo, eu já estava confuso sobre quem eu era e como eu me sentia acerca dos outros.
Minha confusão sobre “desejo” e o fato de que eu percebia que me sentia “atraído” aos rapazes fez com que eu me colocasse na categoria “gay” com a idade de 14. Com 20 anos, saí do armário diante de todos ao redor de mim.
 
Michel
Com 22, me tornei editor da primeira revista dirigida ao público gay jovem. Seu conteúdo fotográfico era quase pornográfico, mas eu imaginava que eu poderia usá-la como plataforma para coisas maiores e melhores.
 
Em seguida, nasceu a revista Young Gay America (América Gay Jovem). Seu objetivo era preencher a lacuna que a outra revista (para a qual eu havia trabalhado) havia criado — isto é, qualquer coisa não tão pornográfica, dirigida à população de americanos gays jovens. A revistaYoung Gay America decolou.
 
Os gays reagiram com alegria à revista Young Gay America, que recebeu prêmios, reconhecimento, respeitabilidade e grandes honras, inclusive o Prêmio Nacional Papel Modelo da grande organização gay Equality Forum (Fórum da Igualdade) —
que foi dado ao Primeiro Ministro do Canadá Jean Chrétien um ano depois — e muitas oportunidades para aparecer nos meios de comunicação, do canal da TV pública até a capa da revista Time.
 
Produzi, com a assistência da TV pública e do Fórum Igualdade, o primeiro filme documentário a lidar com a questão do suicídio entre adolescentes gays, “Jim In Bold”, que viajou o mundo e foi premiado em muitos festivais.
 
Young Gay America criou uma exposição de fotos e estórias de jovens gays da América do Norte, que foi levada em viagem pela Europa, Canadá e partes dos Estados Unidos.
 
Young Gay America lançou a Revista YGA em 2004, para fingir ser um complemento puro para as revistas de bancas dirigidas aos jovens gays. Eu digo “fingir” porque a verdade era, YGA era tão prejudicial como todas as outras revistas do tipo no mercado, mas era mais “respeitada”, porque não era explicitamente pornográfica.
 
Levou quase 16 anos para eu descobrir que o homossexualismo em si não é exatamente uma “virtude”. Era difícil eu explicar meus sentimentos acerca da questão, considerando que minha vida estava muito envolvida no homossexualismo.
 
O homossexualismo, apresentado às mentes jovens, é por sua própria natureza pornográfico. Destrói mentes facilmente influenciáveis e confunde sua sexualidade em desenvolvimento, porém só vim a reconhecer isso quando eu tinha 30 anos.
 
A Revista YGA esgotou a venda da sua primeira edição em várias cidades da América do Norte. Havia apoio extremo, de todos os lado, para a Revista YGA; escolas, grupos de pais, bibliotecas, associações governamentais, todo o mundo parecia querer a revista. Atingiu em cheio a tendência de “aceitar e promover” o homossexualismo, e eu era considerado líder. Fui convidado para dar palestra no prestigioso Fórum JFK Jr. na Faculdade Kennedy de Governo da Universidade de Harvard em 2005.
 
Foi depois de ver minhas palavras numa fita de vídeo dessa atuação que comecei a ter dúvidas sérias quanto ao que eu estava fazendo com minha vida e influência.
 
Não conhecendo ninguém de quem eu poderia me aproximar com meus questionamentos e dúvidas, voltei-me para Deus. Desenvolvi um relacionamento crescente com Deus, graças a uma crise debilitante de dores intestinais provocadas pelas condutas em que eu estava envolvido.
 
Logo, comecei a entender coisas que eu jamais tinha sabido que poderiam ser reais, tais como o fato de que eu estava liderando um movimento de pecado e perversão, e minha descoberta não foi baseada em dogmas religiosos.
 
Cheguei a essa conclusão por mim mesmo.
 
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Ficou claro para mim, enquanto eu pensava sobre isso — e realmente orava sobre isso — que o homossexualismo nos impede de achar nossa verdadeira personalidade. Quando estamos na cegueira do homossexualismo, não conseguimos ver a verdade.
 
Cremos, sob a influência do homossexualismo, que a cobiça sexual não só é admissível, mas também que é uma virtude. Contudo, não existe nem um só desejo homossexual que seja desligado dessa cobiça sexual.
A fim de negar esse fato, eu havia lutado para apagar tal verdade custasse o que custasse.
 
Eu me atirava às tentações da cobiça sexual e outras condutas usando as muitas desculpas populares que alegam que não somos responsáveis pelo que fazemos, mas somos vítimas de situações, ou nascemos assim, etc. Eu tinha plena convicção — graças ao clima social e aos líderes mundiais — de que eu estava fazendo a coisa certa.
 
Movido a buscar a verdade, pelo fato de que nada me fazia sentir bem, busquei dentro de mim mesmo. Jesus Cristo várias vezes nos aconselha a não confiar em ninguém além dEle. Eu fiz o que Ele disse, sabendo que o Reino de Deus realmente reside no coração e mente de todo ser humano.
 
O que eu descobri — o que aprendi — sobre o homossexualismo é estupendo. Minha “descoberta” inicial dos desejos homossexuais ocorreu no colégio, quando reparei que eu olhava para os outros rapazes. Minha cura ocorreu quando ficou decididamente claro que eu deveria — a fim de não arriscar prejudicar mais pessoas — prestar atenção a mim mesmo.
 
Toda vez que sentia a tentação de cobiçar outros homens, eu pegava a tentação e lidava com ela. Eu a chamava pelo seu nome, e então simplesmente a deixava sumir por si mesma. Existe uma diferença imensa e vital entre admiração artificial — de nós mesmos ou de outros — e admiração total. Ao nos amar completamente, não mais precisamos de nada do mundo “de fora” com seus desejos e cobiças sexuais, reconhecimento dos outros ou satisfação física. Nossos impulsos se tornam intrínsecos à nossa própria essência, sem os impedimentos provocados por nossas distrações obsessivas.
 
O homossexualismo permite que evitemos nos aprofundar em nós mesmos. Ficamos na superficialidade e atrações inspiradas por cobiças sexuais — pelo menos, enquanto a lei “aceita” o homossexualismo. Como conseqüência, um número grande de homossexuais não consegue achar sua personalidade mais real, sua personalidade em Cristo que é presente de Deus.
 
O homossexualismo, para mim, começou aos 13 anos e terminou logo que eu me isolei das influências externas e me concentrei intensamente na verdade interna — quando eu descobri, com a idade de 30, as profundezas da personalidade que Deus me deu.
 
Muitos que se encontram aprisionados ao homossexualismo ou a outras condutas lascivas vêem Deus como inimigo, pois Ele os faz lembrar quem e o que eles foram realmente criados para ser. Gente apanhada no ato de seu pecado preferiria permanecer numa “ignorância feliz” e silenciar a verdade e os que a falam, por meio de antagonismo, condenação e aplicando-lhes termos como “racista”, “insensível”, “perverso” e “discriminador”.
 
Não é fácil se curar das feridas que a homossexualidade provoca — obviamente, há pouco apoio para quem busca ajuda. O pouco de apoio que existe é debochado, ridicularizado e silenciado pela retórica ou criminalizado pela deturpação das leis. A fim de achar apoio, tive de investigar meu próprio estado de vergonha e as vozes “condenadoras” de todos os que eu havia conhecido. Parte da agenda homossexual é fazer com que as pessoas achem que nem vale a pena pensar em conversão — e muito menos pensar que a conversão funciona.
 
Em minha experiência, “sair do armário” da influência da mentalidade homossexual foi a coisa mais libertadora, bela e estupenda que já experimentei na minha vida inteira.
 
A cobiça sexual nos tira de nosso corpo, “ligando” nossa mente à forma física de outra pessoa. É por isso que jamais dá para se satisfazer o sexo homossexual — e todas as outras relações sexuais com base na cobiça sexual: É uma rotina de obsessão, não tendo nada de natural e normal. Normal é normal — e se chama normal por uma boa razão.
 
Anormal significa “aquilo que nos machuca, machuca o que é normal”. A homossexualidade nos tira de nosso estado normal, de nosso estado de união perfeita em todas as coisas, e nos divide, fazendo com que fiquemos eternamente obcecados por um objeto físico externo que jamais conseguimos possuir. Os indivíduos homossexuais — como todas as pessoas — anseiam o verdadeiro amor imaginário, que realmente não existe. O problema com o homossexualismo é que o verdadeiro amor só chega quando não há nada nos impedindo de deixá-lo brilhar do nosso interior. Não conseguimos ser nós mesmos quando nossas mentes estão presas num ciclo de mentalidade grupal de cobiça sexual sancionada, protegida e celebrada.
 
Deus me visitou quando eu estava confuso e perdido, sozinho, com medo e angustiado. Ele me disse — por meio da oração — que eu não tinha absolutamente nada a temer, e que eu estava “em casa”; tudo o que eu precisava era fazer uma limpeza geral em minha mente.
 
Creio que todas as pessoas, intrinsecamente, conhecem a verdade. Creio que é por isso que o Cristianismo deixa as pessoas tão assustadas — por fazê-las lembrar de sua consciência, que todos possuímos.
 
A consciência nos ajuda a fazer uma diferença entre certo e errado e é uma orientadora por meio da qual podemos crescer e nos tornar seres humanos mais fortes e livres. Ser curado do pecado e da ignorância é sempre possível, mas a primeira coisa que alguém deve fazer é sair das mentalidades que dividem e conquistam nossa essência humana.
 
Dá para se achar a verdade sexual, contanto que estejamos dispostos e motivados a aceitar que a sociedade em que vivemos permite condutas que prejudicam a vida. Não se deve deixar que o sentimento de culpa seja desculpa para evitar as perguntas difíceis.
 
O homossexualismo roubou quase 16 anos da minha vida e os comprometeu com uma mentira ou outra, perpetuada por meio dos meios de comunicação nacionais dirigidos às crianças. Nos países europeus, o homossexualismo é considerado tão normal que as crianças do primeiro grau estão recebendo livros sobre crianças “gays” como leitura obrigatória nas escolas públicas.
 
A Polônia, um país que conhece muito bem a experiência da destruição de seu próprio povo por forças externas, está corajosamente tentando impedir a União Européia de doutrinar suas crianças com a propaganda homossexual. Em resposta, a União Européia chamou o primeiro ministro da Polônia de “repugnante”.
 
Por muito tempo, eu era repugnante. Eu ainda lido com toda a culpa que sinto por esse estilo de vida.
Como um dos líderes do movimento homossexual nos Estados Unidos, tive a oportunidade de me dirigir ao público muitas vezes. Se eu pudesse desfazer algumas das coisas que eu disse, eu desfaria. Agora sei que a homossexualidade tem tudo a ver com a cobiça sexual e a pornografia.
 
É um pacote completo. Por isso, jamais deixarei que alguém tente me convencer do contrário, não importa que suas estórias sejam doces ou tristes. Tenho experiência própria. Conheço a verdade.
 
Deus nos deu a verdade por um motivo. A verdade existe para que possamos ser nós mesmos. Existe para que possamos ter parte na nossa própria personalidade individual no mundo, para aperfeiçoar o mundo. Isso não é trama irreal ou ideal estranho — isso é a Verdade.
 
A nossa cura dos pecados do mundo não acontecerá num instante. Mas acontecerá — se não deixarmos que o orgulho a bloqueie. E, caso você não saiba, no final quem vence é Deus.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Santo Antonio de Pádua

Santo Antonio de Pádua



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Sacerdote e Doutor da Igreja
Santo Antonio, nasceu em Lisboa, Portugal, em 1195; seu nome de registro é Fernando de Bulhões y Taveira de Azevedo.


Entrou aos quinze anos no Colégio dos Cônegos regulares de Santo Agostinho. Em apenas nove meses aprofundou-se tanto no estudo da Bíblia, que foi chamado mais tarde de Gregório IX, "Arca do Testamento". Santo Antonio soube unir muito bem a sua cultura teológica, filosófica e científica. Em 1220 entrou para a Ordem dos frades Mendicantes de Coimbra, depois que viu os corpos de cinco franciscanos martirizados no Marrocos, onde tinham ido para evangelizar os infiéis. Foi quando ele assumiu o nome de Antonio Olivares.


Contudo, a sua decisão de pregar o Evangelho no Marrocos não foi bem sucedida. Durante a viagem para Marrocos, onde pôde ficar apenas alguns poucos dias, por causa de uma doença que o perseguia, hidropisia, um acidente arrastou a embarcação para as costas da Sicilia. Morou alguns meses em Messina, no convento dos franciscanos, cujo Prior o levou para o Capítulo da Ordem em Assis. Alí ele pode conhecer pessoalmente São Francisco de Assis.


Foi designado para a província franciscana da Romagna e viveu a vida eremítica num convento perto de Foli. Foi incumbido das humildes funções de cozinheiro e viveu na obscuridade até que os seus superiores, percebendo seus extraordinários dons de pregador, enviaram-no pela Itália e pela França, a fim de pregar nos lugares onde a heresia dos Albigenses e Valdenses era mais forte. São Francisco de Assis o chamava informalmente de "o meu bispo".


Finalmente Santo Antonio teve morada fixa no Convento de Arcella, a um quilômetro de Pádua. Daí saia para pregar onde fosse chamado. Em 1231, quando sua pregação atingiu o vértice, foi atingido por uma doença inesperada, que o obrigou a ser levado a Pádua, onde morreu em 13 de junho de 1231. Tantos foram os seus milagres e tal a sua popularidade, que ele foi canonizado no ano seguinte, 1232.


A sua festa litúrgica é celebrada no dia 13 de junho. Santo Antonio é chamado "doutor do Evangelho", pela grandeza com que soube pregá-lo. Quando o seu corpo foi desenterrado a sua língua foi encontrada intacta e é venerada há mais de 700 anos no Mosteiro de Santo Antonio, em Pádua.


Tal foi o seu amor ao Filho de Deus feito homem, que a pregação sobre o mistério da Encarnação do Verbo era o ponto mais excelente. Certa vez o Menino Jesus se colocou em seus braços. Por isso ele é assim representado em suas imagens.




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por

Comunidade Shalom

Santa Teresa e as distrações na oração

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Não sei quantos cursos de oração tenho ministrado ao longo da minha vida. Nem por isso me considero capaz de rezar nem de ensinar a rezar. A melhor pedagogia da oração nos é oferecida pelo próprio Jesus, quando um dia, estando em oração, os discípulos se aproximam dele e dizem: “Mestre, ensina-nos a orar como João Batista ensinou aos seus discípulos”. Jesus simplesmente diz: Portanto, é assim que haveis de rezar:


Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu Reino, seja feita a tua vontade assim na terra, como no céu. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje, perdoa-nos nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam, e não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal.” (Mt 6,9-13).


A oração do Pai-nosso continua a ser o melhor método para aprender a rezar em todos os momentos. Antes de tudo, precisamos nos retirar no silêncio, na solidão, afastar-nos de tudo o que pode nos atrapalhar, desligar-nos do “mundo” para que ele não invada a nossa casa interior. É o momento de fechar todas as portas. Esta atitude não é sinônimo de fuga ou de falta de inserção, mas é o caminho pedagógico para entrar pela porta da oração que nos introduz no castelo interior da alma e nos leva aos segredos mais profundos, onde estamos a sós com Aquele que é.


Ninguém pode permanecer atento ao que acontece dentro de si se está totalmente distraído com aquilo que acontece ao seu redor. Concentrar-se na oração quer dizer dirigir os sentidos externos e internos ao único objeto da nossa oração. Contemplar a Deus no seu mistério trinitário e na presença viva e atuante das três pessoas da Santíssima Trindade, é dirigir o olhar para o Outro que sabemos que nos ama. Quando os olhos de Deus e da criatura se encontram, aí acontece a verdadeira intimidade que não pode ser traduzida com palavras, mas somente com o autêntico e verdadeiro silêncio de adoração.


Reconverter os nossos sentidos
Somos demasiadamente acostumados a não orientar os sentidos externos: a visão, a audição, o tato, o olfato, o paladar... Procuramos sempre o que mais nos agrada e isto lentamente nos afasta de uma “ascese” sadia e cristã que exige que saibamos ser senhores de nós mesmos.


Lentamente percebemos que tantas coisas devem ser deixadas de ser vistas se queremos “ver” além das aparências e das coisas. Se nos acostumamos à solidão, ao silêncio com amor e se sabemos dizer “não” ao que pode nos prejudicar, vamos percebendo a necessidade cada vez maior de “disciplinar-nos” para que o homem velho possa morrer e o homem novo possa nascer e ser espiritual.


Não é tão fácil dominar e disciplinar os sentidos interiores: vontade, inteligência, imaginação. Aliás, Santa Teresa mesmo, com seu fino humorismo, chama esta – a imaginação – de “louca da casa” que, como tal, tem a força de levar-nos longe do que é essencial para estar a sós com o Senhor.


“O último remédio que encontrei, depois de sofrer longos anos, ... é o de não ouvir mais a fantasia do que se ouve um louco; deixá-la com sua teimosia, que só Deus pode tirar – afinal, ela já está dominada... porque ela não pode, por mais que faça, atrair para si as outras faculdades.” (V 17,7).


“Há pouco mais de quatro anos vim a entender, por experiência, que o pensamento – ou imaginação, para que melhor se compreender –, não é a mesma coisa que o intelecto... A imaginação voa tão depressa que só Deus a pode deter, fixando-a a tal ponto que a alma parece, de certo modo, estar desligada do corpo. Eu via – segundo o meu parecer – as faculdades da alma fixadas em Deus e recolhidas Nele, e, por outro lado, a imaginação alvoroçada...


Ó Senhor, tende em conta o muito que sofremos neste caminho por falta de instrução!... Experimentamos terríveis sofrimentos por não nos entendermos. E chegamos a pensar que é grande culpa o que, longe de ser mau, é bom. Daqui provêm aflições de muitas pessoas voltadas para a oração, ao menos das que são pouco esclarecidas.


Elas se queixam de sofrimentos interiores, tornam-se melancólicas, perdem a saúde e até abandonam a oração por completo, desconhecendo que há um mundo interior em nós. E assim como não podemos deter o movimento do céu, que anda a toda velocidade, tampouco podemos deter a nossa imaginação... Muitas vezes a alma está muito unida a Deus nas moradas mais elevadas, ao passo que a imaginação se encontra nos arrabaldes do castelo, padecendo com mil animais ferozes e peçonhentos e merecendo com esse padecer. Assim, nem a imaginação deve nos perturbar nem devemos deixar a oração, que é o que deseja o demônio.” (4M 1,8-9).


Reconverter os sentidos é o caminho para poder nos concentrar na oração ou em tudo o que fazemos. As distrações fazem parte da vida. Nem sempre somos capazes de dominá-las e “reuni-las” para que nos levem longe do objetivo do nosso agir, do nosso pensar e amar.


O auxílio de um bom livro
É sempre bom assumir uma atitude de discipulado e perguntar à Madre Teresa, mestra e doutora da oração, o que devemos fazer para nos concentrar com maior facilidade na oração, deixando de ser dispersivos e de ir de flor em flor sem sugar, como as abelhas, o saboroso néctar para depois transformá-lo em mel substancioso.


Um livro para se alimentar e se recolher. Ao longo dos seus anos de aridez e dificuldades na oração, Teresa encontrou ajuda no uso do livro como amigo e apoio nos seus momentos de solidão e sofrimento interior onde o seu coração estava árido e nenhum bom pensamento nascia ali. “Eu não teria conseguido perseverar na oração nos dezoito anos em que acometeram tamanhos sofrimentos e aridez, visto não poder fazer oração discursiva, sem as leituras. Por todo esse tempo, eu não me atrevia a começar a orar sem livro, exceto quando acabava de comungar; minha alma temia tanto orar sem livro que era como se tivesse de enfrentar um exército.” (V 4,9).


Esta experiência teresiana nos aconselha: “É muito útil usar um bom livro, mesmo para recolher o pensamento e vir a rezar bem vocalmente; assim, vai-se acostumando pouco a pouco a alma, com carinhos e artifícios, para não amedrontá-la.” (C 26,10).


Quais livros Teresa preferia para sua oração? Já havia superado o desejo de ler livros de “cavalaria” e buscava livros que lhe falassem e introduzissem no conhecimento de Jesus Cristo. Sabemos que ela leu e releu a Vida de Cristo do cartuxo Ludolfo de Saxônia, mas entre tantos livros, o Evangelho permaneceu o seu livro por excelência; no Evangelho ela buscou descobrir o rosto de Cristo e se concentrar na contemplação do Filho de Deus, que amava e contemplava na sacratíssima humanidade:


“Sempre tive afeição pelas palavras dos Evangelhos, que me levavam a maior recolhimento do que livros muito bem redigidos – especialmente se o autor não era muito aprovado, eu não tinha vontade de lê-los. Recorro, portanto, a esse Mestre da sabedoria e talvez aprenda Dele alguma consideração que vos contente.” (Caminho 21,4).


Este conselho é válido também hoje, pois a Palavra de Deus, a Bíblia, é o livro fundamental do nosso encontro com Deus, a fonte da nossa oração.


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por Frei Patrício Sciadini, ocd

Revista Shalom Maná

Os traços da Maturidade Humana



shalom


- O homem contemporâneo, solicitado por estímulos que o bombardeiam dia e noite, sente dificuldades em efetuar uma síntese harmoniosa de todas as suas potencialidades que trás no corpo e na alma. Nem sempre a educação que recebe na família, escola ou mesmo na Igreja ajuda o homem, oferecendo lhe subsídios fundamentais para conseguir esta síntese harmoniosa que leva ao perfeito amadurecimento.



Este estudo pretende auxiliar o jovem neste fascinante caminho junto com Jesus de busca desta harmonia interior, desta plenitude de vida: "Eu vim para que todas as ovelhas tenham vida, e a tenham em abundancia" (Jo 10,10).



A partir da Graça de Deus, veremos como o homem pode lançar se nesta aventura do desenvolvimento de todo seu potencial humano: corporal, psíquico, afetivo, social e espiritual, até desabrochar uma personalidade saudável, feliz, ativa e criativa, cheia de graça, "até atingirmos o estado de homem perfeito, a estatura da maturidade de Cristo". (Ef 4,13).



O processo de maturidade dura à vida toda, pois a pessoa humana nunca é completamente amadurecida. Para darmos passos concretos de crescimento neste longo caminho de busca da maturidade, que pode ser entendido como busca de santidade, ou da "vida em abundancia" ou ainda da plenitude de todas as nossas capacidades e talentos, refletiremos sobre os seis traços da maturidade humana. À luz do Espírito Santo de Deus, pretendemos contribuir neste processo lento e maravilhoso do nosso amadurecimento integral.



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1° traço: prevalência da extroversão



2° traço: domínio sobre a afetividade



3° traço: prevalência do amor oblativo



4° traço: avaliação objetiva de crítica



5° traço: sentido da responsabilidade



6° traço: capacidade de adaptação

Prevalência da extroversão


      Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome sua cruz siga me. Porque aquele que quiser salvar sua vida, perdê-la-á, mas aquele que tiver sacrificado a sua vida por minha causa recebê-la-á. (Mt 16,24 25)



      O adulto vive num mundo onde prevalece o real e objetivo, ao contrario da criança que vivencia um mundo mais subjetivo e de fantasia. Entre um e outro encontra se o adolescente, ser em busca do amadurecimento, que se interessa por algo de fato objetivo, mas que não deixa de ter os traços narcisistas da criança. Este algo objetivo é "ele mesmo". Este é o 1° traço de comportamento humano moderno.



      O termo "extroversão" não é aqui entendido como facilidade de relacionamento, de comunicação, mas indica uma atitude vital, essencialmente dinâmica. À medida que o ser humano se concientiza da existência de um mundo objetivo "diferente de si", aceitando o e interessando se sinceramente por ele de maneira comprometida, podemos dizer que o processo de amadurecimento da sua personalidade está ativado. Ao contrário, à medida que se introverte e se reduz ao próprio mundo subjetivo, se infantiliza.



      Desta forma, o processo de amadurecimento não é nada mais do que uma "virada" no âmbito de nossos interesses pessoais, mudança progressiva de nosso centro de interesse vital, isto é, a "saída de nós mesmos" em direção ao mundo externo no qual estamos essencialmente inseridos . Pode  se concluir que todo egocentrismo é, sob o ponto de vista psicológico, antes de tudo, uma atitude ou comportamento infantil. Quando este comportamento toma se habitual, mesmo numa fase sucessiva à infância, é sinal característico de falta de maturidade, independentemente da idade cronológica, da cultura, da atividade e do próprio êxito profissional. O "adulto egocêntrico" é vivencialmente uma criança.



      Consequentemente, todo isolamento dentro de si próprio, dentro do próprio lar, ou de qualquer outro tipo de sociedade "fechada" impede o amadurecimento. A vida do homem torna se verdadeiramente humana, quando dimensionada em função do que existe fora dele.



      É preciso a coragem de expandir se. Isto significa sair de nossas "zonas de conforto", corrermos riscos indo além dos limites estabelecidos pelo medo em nossa vida. Expandir se exige um ato corajoso da mente e da vontade. Neste caminho de aventura e desafios descobrimos novos talentos que não sabíamos possuir, vencemos os medos, que sempre nos batem a porta, expomo nos aos outros, ao mundo, caminhamos para o amadurecimento. Como primeiro passo nesta direção: "Não deixe para amanhã o que se pode fazer hoje!”



Observação:



      Refletir sobre minha postura e comportamento diante da vida: busco viver um mundo real, objetivo, ou me refugio, habitualmente no meu próprio mundo, elaborado pela minha imaginação e fantasia, como recurso de fugaz evasão do conflito e da luta?



      Educadores e formadores devem atentar se que o protecionismo e o paternalismo exagerados produzem deformações:



      • Personalidades egocêntricas e egoístas, empobrecidas em seu fechamento.



      • Personalidades angustiadas, fixadas em sua solidão, inseguras, destinadas ao choque inevitável com a realidade da vida.

Domínio sobre a Afetividade


      "Todas as coisas deste mundo não são mais do que terra amontoa as debaixo dos seus pés, e estarás mais perto do céu"(Josemaria Escrivá   Caminho)



      O segundo passo do comportamento humano maduro é o domínio sobre a afetividade. Façamos algumas considerações sobre em que consiste a afetividade humana, antes de a relacionarmos com a maturidade.



      A afetividade é a capacidade de experimentar (vivenciar) internamente a realidade exterior, sentindo o impacto por ela produzido no EU. É uma experiência interna de conteúdos emocionais acompanhadas freqüentemente de manifestações somáticas, ainda que estes conteúdos estejam reprimidos no inconsciente.



      "A visão clássica do ser humano tendia a ressaltar o valor do espírito em detrimento da realidade corpórea. Assim, no ser humano, o que realmente contava era a inteligência racional e a vontade livre. Sob essa perspectiva, o mundo escuro e indisciplinado dos afetos, emoções e sentimentos só poderia merecer um tratamento bastante depreciativo no processo de humanização.



      "Claro que não podia ser negada a existência das afeições, pois eram experimentadas de maneira freqüentemente incômoda e perturbadora do equilíbrio racional. O problema era resolvido, amiúde, situando os abetos unicamente no domínio do mundo corpóreo sensível, justificando se assim, sua desvalorização. E quando se reconhecia na afetividade uma dimensão espiritual, não se sabia com certeza que a faculdade deviria ser atribuída: ao âmbito da razão ou ao domínio da vontade? As tentativas de referir a afetividade ao racional ou ao voluntário resultaram num apêndice difícil de ser integrado.



      "A importância da afetividade no ser humano ficou evidenciada no mundo moderno, sobretudo a partir da psicanálise. São as perturbações na afetividade que se encontram na base das neuroses. É impossível o amadurecimento da personalidade quando é descuidada a dimensão afetiva, fundamental no ser humano "(A Nova Evangelização e Maturidade Afetiva Pe. Afonso Garcia Rubio).



      Em razão disto, qualquer distúrbio na vida afetiva poderá impedir o amadurecimento correto da personalidade, desencadeando processos doentios.



      A criança, por carecer ainda dos meios intelectuais necessários para dominar suas emoções, é continuamente dominada pela afetividade no seu querer e no seu agir. A criança, mesmo que não compreenda com clareza, sente e vivência as situações com uma força extraordinária. O adolescente se carateriza por uma instabilidade afetiva sintomática.
 
Seu psiquismo apresenta se como um complexo mundo de emoções, sentimentos, racionalizações, que condicionam um agir ao mesmo tempo riquíssimo e contuso, na sua incoerência. Já o adulto, o ser humano maduro, tem um intelecto que lhe permite transferir ou deixar de lado, orientar, dirigir e aproveitar de maneira prática, dinâmica e construtiva sua afetividade. Pode aproveitar a riqueza da afetividade (e da sua expressão concreta, a sensibilidade) sem ser submerso por ela. É a inteligência, em definitivo, que assinala e determina, de maneira decisiva, o modo de agir. Há, porém, um aproveitamento da afetividade e da sensibilidade com um enriquecimento da personalidade, que dá calor humano e aproximação com os outros e com o mundo. Por isso a sensibilidade não pode ser destruída ou recalcada sem perigo de desajustamento psíquico.



      O adulto que consegue, habitualmente, tal controle funcional e efetivo da sua afetividade apresenta se como um ser humano que:



      • Atua orientado por propósitos bem pensados; finalidades e objetivas concretas e claras, assumidas conscientemente: não hesita em pedir ajuda e orientação para chegar a um maior esclarecimento que lhe permita uma decisão mais garantida, mas, ao mesmo tempo, se determina de maneira autônoma, prevendo os meios para chegar ao fim e superar obstáculos também previstos.



      • Persevera durante muito tempo, enquanto for necessária a ação para atingir a finalidade proposta, porque os obstáculos foram previstos e os meios para superá los também.



      • Supera sua afetividade espontânea; supera repugnâncias e atrações; sabe analisar os fatos e as pessoas de maneira mais profunda; nos conflitos com outras pessoas, sabe agüentar e superar situações.



      • Regido pela inteligência, hierarquiza valores atentivos colocando em primeiro lugar aqueles que o projetam fora de si em direção ao "outro" e, em último lugar, aqueles que se referem diretamente a ele próprio.



Observação:



      Refletir sobre como a afetividade está agindo em mim, qual a influência da razão e da afetividade nas minhas decisões. Como tenho equilibrado a afetividade e sensibilidade na minha vida de forma integral? Tenho sido escravo de paixões?

 Prevalência do Amor Oblativo


      "Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos" (Jo 15, 13)



      Este é o terceiro traço de maturidade humana: prevalência do amor ablativo.



      Oblatividade do latim oblatus, que significa oferenda. Portanto, entendemos aqui oblatividade como oferenda de si ao outro. Isso implica numa conduta generosa e altruísta, na qual a pessoa se esquece de si mesma e ama, fazendo com que o amor seja significativamente desinteressado e gratuito. É pela oblatividade que se mede o amor, e através dela se revela sua autenticidade. Porque aquele que não se esquece de si, que não se oferece, não ama. A única prova confiável de amor maduro será o crescimento e a libertação da pessoa amada.



      Simultaneamente, o amor-doação se constitui na negação radical de todo egoísmo. Só o ser que atingiu um certo grau de maturidade humana está capacitado para esta doação de si mesmo, que define a expressão do amor. Se amor é doação, a pessoa frustada no amor não será precisamente aquela que "não recebe", e sim aquela que "não se dá ".



      O adulto "se dá aos outros". É esta a única forma não neurótica para enfrentar a solidão, problema essencial a todo ser humano. Ao invés, a criança sente uma necessidade irresistível e imprescindível de receber amor. É egocêntrica essencialmente. O adolescente, por sua vez, no seu caminho de amadurecimento, é capaz de se entregar com grande generosidade, porém, quase sempre, "procurando se a si mesmo".



      Existem diversas etapas na vida do ser humano que lhe vão preparando para atingir a possibilidade de viver o amor maduro. Todas deverão ser vividas em plenitude. Se isso não acontece, mais cedo ou mais tarde, se notarão as conseqüências em formas e atitudes de vida desajustadas. Para chegar ao amor maduro e enriquecedor, devemos percorrer um longo caminho...



O caminho do amor:



A)  lnfância: amor receptivo



B)  Adolescência: treino para o amor



C)  Juventude: experiência do amor



D)  Idade adulta: maturidade, a vida do amor



A) Infância: amor receptivo



      É uma etapa importantíssima. A criança não pode dar se porque ainda não se possui. Só pode receber. Se esta etapa não for bem vivida poderá produzir marcas de difícil recuperação, sendo o principal sintoma a carência afetiva.



      Contudo, a criança que vivência na sua infância no contato e convivência com os adultos o amor de presença, equilibrado e enriquecedor, estará dando seus primeiros passos, firmes e seguros, na caminhada para o amor maduro.



B) Adolescência: treino para o amor



      A adolescência se constitui num processo perturbador de descobrimento do próprio corpo, dos próprios sentimentos e emoções e na descoberta do outro sexo, com todos os apelos conseqüentes: atração, excitação, necessidade irreprimível de relacionamentos interpessoais, como resposta afetiva e sexual. Tudo isso com freqüência é experimentado de maneira traumaticamente confusa se não houver, nessa conjuntura, um acompanhamento cordial que facilite a libertação e a integração pessoal válida e criadora dos instintos, interesses e sentimentos.



      As relações humanas se estabelecem a partir dos princípios de disponibilidade e continuidade, confiança e previsibilidade, e tais condições se verificam na relação criança genitor e no matrimônio, porque aí reside a possibilidade de apoio, do cuidado e do crescimento. Pelo contrário, as relações passageiras e casuais são cheias de incertezas e ansiedades, sob a sombra do medo de perder aquela estabilidade que é base necessária para o desenvolvimento das relações humanas.
 
A relação sexual é um dom mediante o qual duas pessoas selam, em privado e público, a recíproca doação de todo o seu ser. Enquanto ambas não estiverem prontas para isso, a relação sexual não pode ser mais que uma parcial expressão de si mesmos e, geralmente, não passa de meio para sanar algum outro conflito na vida. Um diálogo que compreende, que ajuda a compreender o problema, que acompanha com atenção a pessoa, que estimula a crescer sem comprometer a plenitude da própria sexualidade do outro ou da outra, está em condições de ajudar o adolescente a resolver seus problemas e superar eventuais carências afetivas anteriores e superar opções aparentemente evidentes ( "todo mundo faz", "é normal") em nossa sociedade toda impregnada de permissividade e hedonismo.



      É a partir destas colocações que consideramos a adolescência, simultaneamente com a puberdade, como um momento de singular e fundamental importância para o estabelecimento correto das bases para um posterior dialogo amoroso, adulto e maduro. Por esse motivo chamamos esta etapa de "treino para 0 amor".



      O treinamento para o amor se dá por meio de uma amizade heterossexual sadia e enriquecera. O interesse pelos "outros" deve ser uma preparação para uma doação maior, preparação que se dá mediante pequenas doações, na entrega de si mesmo, no enriquecimento e crescimento pessoal, na abertura para as diferenças características do outro sexo e para as diferenças sexuais. Todo este caminho de descoberta é válido e libertador quando orientado por valores eminentemente construtivos: conhecimento, compreensão e aproximação marcados pela procura das realidades mais profundas, no que diz respeito aos aspectos afetivos, emocionais, psicológicos...



C) Juventude: experiência do amor



      A etapa de experiência do amor situa se na juventude, uma fase do desenvolvimento humano que já permite decisões e opções mais maduras. Esta experiência é mais facilmente alcançada, representando um seguro alicerce para edificação do amor maduro, quando for fruto de uma adolescência ia vivida em to da sua exuberância e riqueza de descobertas , minimizadas as repressões e medos. O amor não mostra seu rosto secreto de imediato e fora do contexto em que pode crescer e amadurecer, somente num ambiente de fidelidade, devoção, abertura, respeito e perdão reciproco.
 
A experiência do namoro não significa ainda amor, porque a experiência do amor começa quando se vive o encontro pessoal que ajuda os dois parceiros a viverem na paz, na harmonia com todos os componentes da personalidade; quando faz nascer à alegria de compartilhar, de confiar um no outro, de entrar juntos num caminho de crescimento.
 
O noivado é uma etapa importante dessa caminhada por ser o tempo do conhecimento mais verdadeiro, das diversas tonalidades, da ternura sem que esta ainda se traduza, para se tornar uma verdadeira e plena promessa de amor, uma repentina conclusão erótico-sexual. Um ajuda o outro a dar espaço a um "algo mais", percebido como a garantia de continuidade e fidelidade, como uma promessa de que mais cedo ou mais tarde as aspirações terão o selo da plenitude e da realização.



      O jovem, a partir da experiência do diálogo sexual, pode elaborar e estabelecer seu projeto de vida com bases firmes e confiáveis e estar capacitado para uma opção de vida de promissora estabilidade e permanência. Este é o ideal almejado. A possibilidade de organizar o diálogo sexual de forma eminentemente construtiva dependerá, em última análise, da filosofia e eficácia do processo educativo. Só uma educação libertadora pelo amor e para o amor conseguirá imunizar o jovem perante as influências extremamente negativas de muitos condicionamentos sexuais.



D) Idade adulta: vida do amor



      "Por isso deixará o homem o pai e a mãe e se unirá à sua mulher, e serão os dois uma só carne. Grande é este mistério. Quero referir me a Cristo e a sua Igreja (Ef 5, 31 32). São Paulo alude aqui a dialética desapego-separação do filho em relação aos pais, à dinâmica do crescimento na identidade pessoal e da formação de novos laços afetivos os quais podem desembocar no matrimônio, numa união que simboliza e reflete a total doação de Cristo a seu como que é a Igreja.



      Essa caminhada, cujas características mais significativas acabamos de analisar, tende a desembarcar na "vida do amor": vida determinada pela entrega de todo o ser ao outro e a outros, num processo dinâmico e habitual de integração interpessoal. Um matrimônio para chegar a realizar-se plenamente, exige a inteireza da relação, e esta exige continuidade, confiança, previsibilidade.
 
A continuidade ajuda a resolver os conflitos, os problemas de agressão e alienação que se verificam em qualquer casal que tende à harmonia e à comunhão do amor através do perdão, da reparação, do aumento da compreensão recíproca para evitar novos conflitos. A confiança ajuda a superar a preocupação de perder o parceiro, a ameaça de ser por ele abandonado, perder seu afeto e ter que recomeçar da estaca zero uma nova relação íntima. A previsibilidade dá forças para a caminhada que precisa ter margens seguras de elaboração de projetos, para que seja fonte de ulteriores desenvolvimentos, a partir de alguma coisa conhecida, vivida e realizada em comum.



Observação:



      Refletir: como costumam ser marcados os meus relacionamentos afetivos (ciúmes, sentimentos de posse, submissão exagerada, insegurança afetiva, ...)? Deveria existir um "termômetro" que medisse a capacidade de amor oblativo nas pessoas, e este aprovaria ou reprovaria os jovens para o passo do casamento. O matrimônio exige o amor oblativo. Observar a sua situação de vida a luz do que foi apresentado e refletir no grau de doação pessoal nos relacionamentos de namoro ou noivado ou casamento.

Avaliação Objetiva ou crítica


      "Não julgueis, e não seres julgados. Porque do mesmo modo que julgardes, sereis também vós julgados e, com a medida com que tiverdes medido, também vós sereis medidos Por que olhas a palha que está no olho do seu irmão e não vês a trave que está no teu? " (Mt 7, 1 3)



      A pessoa adulta, madura, elabora um mecanismo "quase automático" de auto avaliação e de crítica sobre os fatos e sobre os outros, porque suspeita que ele   como os outros   pode errar. Esta atitude fundamenta se na sincera e cordial aceitação das limitações e fraquezas, origem de todos os erros.



      Contrariamente, é próprio da criança aceitar simplesmente, ingenuamente, sem crítica. O adolescente critica e muito (sobretudo o adulto), porém não suspeita, nem lhe interessa saber se está errado. Poderíamos afirmar que o adolescente critica "por esporte"... Mesmo assim, vai formando seu senso crítico-objetivo, se tiver um acompanhamento adequado.



      A finalidade da crítica é a análise atenta e, quanto possível, objetiva, do modo de agir das pessoas e do acontecer na sociedade. Isto supõe um processo de identificação de causas, de avaliação de situações e comportamentos e da procura de novas soluções: tudo se dirige à formulação de uma verdade.



      O primeiro sinal, início do processo de amadurecimento pessoal, é o começo da auto-reflexão, da auto análise e da autocrítica. Esta atitude é gerada pela consciência de nossa possibilidade de errar e da sincera aceitação da critica que os outros fazem de nós.



      Esta atitude, quando habitual, é uma condição realmente eficiente e confiável para:



• o diálogo construtivo, no respeito consciente da opinião alheia.



• crítica objetiva e construtiva do ser e agir das outras pessoas.



• análise e avaliação objetiva dos fatos e acontecimentos.



      Porém, para que a crítica seja objetiva e construtiva, deverá respeitar duas condições imprescindíveis.



      Em primeiro lugar, um reconhecimento sincero dos aspectos positivos da pessoa ou do fato em avaliação. Sempre existem aspectos positivos. Não descobri los é sinal de imaturidade. Quem não os descobre ou não os quer reconhecer não está preparado para uma crítica madura.



      Uma segunda condição: não julgar as intenções (evitando o mecanismo de projeção das próprias). O terreno da intencionalidade é o mais oculto e intimo do ser humano. Estamos sempre correndo o risco de errar no nosso julgamento a respeito dos outros. Inclusive porque nem nós mesmos, em certas ocasiões concretas, estamos conscientes do "porquê" motivador do nosso agir... (Quem de nós ainda não disse: porque fiz isso...?) Consequentemente, se nós mesmos desconhecemos nossas motivações mais ocultas, seria justo nos conceder o direito de interpretar e julgar o outro?



      Podemos afirmar que a característica de uma crítica ou autocrítica madura é o dinamismo e o entusiasmo para melhorar e crescer: o otimismo construtivo e criador. Assim, tal tipo de crítica é sempre um estimulo para as pessoas maduras.



Se eu "afundo", se me "magôo" em excesso, se fico "ferido" quando me criticam, certamente será:



• ou porque psicologicamente não sou maduro.



• ou porque a crítica não foi objetiva e construtiva.



      Isto sempre acontece quando interpretamos as intenções dos outros ou os outros interpretam as nossas.



Observações:



      Refletir como tem sido as críticas que tenho feito das outras pessoas e situações de vida: são realmente objetivas, ou são uma projeção da minha própria maneira de ser, pensar e/ou sentir ? Vivo na dependência do que pensam e acham de mim ? Aceito serenamente a minha realidade pessoal ? O meu positivo, minhas limitações e erros, minhas qualidades e virtudes ?

 Sentido da Responsabilidade


      "Se soubermos perseverar, com Ele reinaremos" (IITim 2, 12)



      A pessoa madura, psicologicamente adulta, está consciente das motivações legítimas do seu agir. Consequentemente será capaz de justificar perante os outros, a sua busca de coerência entre as finalidades propostas e as ações concretas para atingi las, isto é, ela não age sem refletir sobre as finalidades e os efeitos da ação. A criança, por outro lado, age de maneira irrefletida e irresponsável, quase por instinto.



      Por sua vez, o adolescente realmente age movido e determinado por finalidades conscientes, sem se preocupar com a legitimidade das causas que motivam seu agir.



      O "sentido de responsabilidade" é fruto da vivência. Somente vivendo responsavelmente é possível, algum dia, ter verdadeiro sentido de responsabilidade. Trata se de um processo gradual e progressivo de educação autoconsciente.



      O ser humano, desde a infância, deveria assumir gradativamente a responsabilidade por suas opções. Não é pregando, falando nem aconselhando que conseguiremos formar um homem realmente responsável.



      As razões devem ser mantidas e defendidas (coerência entre a motivação e a ação) para que, perante a crítica alheia, nosso agir seja responsável e nossa ação se constitua em resposta coerente a nossa filosofia de vida.



      O sentido de responsabilidade define e identifica um processo dinâmico que procura fazer com que nossa atividade vital seja a mais consciente possível. Consequentemente o adulto responsável:



• é eficaz no seu agir, consegue normalmente alcançar as finalidades.



• é rápido, evitando a moleza e a acomodação.



• é constante, perseverante, não desanima ante os obstáculos previstos ou imprevistos que se apresentam no seu caminho em direção ao objetivo previamente definido.



• esforça se por agir o mais perfeito possível, rejeitando os "jeitinhos".



• responsabiliza se também, quando preciso, pelos que vão colaborar com ele na tarefa decidida.



      O homem que foge das responsabilidades, que não se arrisca conscientemente, quando preciso, que não assume, que não se compromete, tem traços de imaturidade como de uma criança. Vale ressaltar que é fundamental caracterizar a legitimidade da causa e a motivação do agir maduro da pessoa adulta e responsável. Para que uma causa seja considerada legítima, seus objetivos e finalidades deverão:



• estar fundamentados na verdade.



• o fruto da ação deverá ser um bem para outras pessoas ou para sociedade em geral.



• a ação, mesmo produzindo um bem, não poderá prejudicar ninguém. Exemplo: eu não poderia crescer, subir profissionalmente, pisando ou destruindo o outro.



      Nem sempre é fácil nos conscientizar da legitimidade das causas e objetivos do nosso agir. Existem meios que podem nos ajudar: oração diária com auto reflexão ou exame de consciência, reflexão e partilha em grupo ou comunidade, aconselhamento e orientação de pessoas maduras.



Observação:



      Refletir: como tem sido as motivações do meu agir ? Tenho assumido responsabilidades sobre as opções que tenho feito ? Uma vez decidido a agir, sou habitualmente: eficaz, rápido, perseverante e busco a perfeição ?

Capacidade de Adaptação


      "As raposas tem covas, e as aves do céu ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça. " (Lc 9, 58)



      O adulto maduro tem a capacidade de adaptar se, criticamente, às diversas circunstancias da vida. A criança não apresenta grande capacidade de adaptação, é um ser que é indefeso. No caso da criança, as circunstâncias, o ambiente devem adaptar-se a ela. O adolescente é muito instável: apresenta um extraordinária capacidade de se adaptar às diversas circunstancias da vida e a diferentes pessoas, porém muda, intempestivamente, sem um motivo objetivo e suficiente.



      A adaptação da pessoa madura e psicologicamente adulta constitui se num hábito expontâneo de flexibilidade e sensibilização, em face às exigências, apelos e expectativas das pessoas e situações com as quais convive.



      Esta capacidade (ao menos quando exige uma capacidade ou condicionamento do tipo físico) vai se perdendo com os anos, porém não necessariamente a capacidade de compreensão, que se constitui no fundamento essencial da adaptação ao meio ambiente.



      A capacidade de adaptação ao mundo em que vivemos, quando crítica e madura, parte do culto à verdade, esteja onde estiver e seja proposta por que for. A pessoa madura está disposta a aceitar os valores tradicionais e, ao mesmo tempo, renovar se com as nova idéias, na medida em que forem uma resposta mais adequada, atualizada e vital para o homem e a sociedade moderna.



      Relacionada diretamente com o problema da adaptação, situa se a questão da escolha do tipo de trabalho, carreira e profissão que permita a realização pessoal. O trabalho nos permite satisfazer convenientemente as necessidades fundamentais e as necessidades psicossociais, que tornam mais satisfatória e gratificante à atividade humana.



      Fruto dessa realização pessoal será uma adaptação mais perfeita e um ajustamento pessoal mais compensador. Muitos dos desajustamentos de personalidade são devidos à falta de ajustamento ocupacional e vocacional. Algumas considerações sobre capacidade de adaptação:



      • A adaptação prévia e fundamental é a aceitação cordial e funcional da própria realidade individual. Não podemos adaptar nos ao meio ambiente sem aprender a conviver, consciente e serenamente com nós mesmos.



      • É bem mais fácil "a técnica" de ganhar amigos e conviver pacificamente com os outros, do que aprender a conviver com o conflito. Uma adaptação madura e adulta exigirá saber administrar os conflitos, e não apenas evitá los ou eliminá los.



      • Para amadurecer é preciso focalizar o triunfo. Se me sinto frustrado quando não sou louvado ou elogiado, estou caindo no infantilismo, porque não confio na minha auto crítica. Se não sei elogiar, nem louvar, somente criticar, estou mostrando imaturidade (inveja, ciúme...). Certamente não podemos fazer consistir o êxito em que tudo seja triunfo, que tudo saia bem, que todos nos felicitem. Se o êxito é para nós um estímulo, o fracasso não pode se tornar uma ocasião para "introvertermo nos".



      • Sempre existe no homem a possibilidade de mudar e de crescer. É isso que nos faz sentir vivos. O homem que não se concientiza desta dinâmica existencial, e, por comodismo, medo ou teimosia, rejeita toda possibilidade de mudar, submerge rapidamente num processo de empobrecimento e apodrecimento do ser integral.



      • O homem trabalha para viver, para satisfazer sua necessidades fundamentais. Mas também é verdade que existem aspectos psicossociais importantíssimos que motivam o trabalho, que determinam uma opção, que estimulam o esforço pessoal, que definem e sintetizam no indivíduo trabalho e vida, profissão e vocação, esforço e alegria, facilitando a adaptação pessoal ao mundo do trabalho.



      • O maior sinal de maturidade humana é a consciência de que chegará a hora em que devemos ser substituídos, (esta postura exige de nós uma atitude honesta, humilde e sincera) evidência dolorosa aceita com alegria sincera desejando que aquele venha depois de nós continue nossa história com maior eficiência e eficácia que nós mesmos, desejando cordialmente o seu triunfo ...



Observação:



      Refletir em como tenho me comportado diante do sucesso e do fracasso. Considerando que somos seres livres e inacabados, como tenho reagido diante das possibilidades de mudança e crescimento? Qual o sentido da minha atividade, ocupação, carreira, motivação vocacional? Tenho procurado enxergar o meu "tempo" em cada atividade que faço, procurando passar ao meu substituto "a tocha acesa" ?


Conclusão:

      O objetivo, a finalidade do que chamamos de "educação libertadora" é conseguir que o ser humano, iniciando um processo gradativo e constante de crescimento pessoal, libere e atualize todas as suas possibilidades pessoais, atingindo um grau de maturidade satisfatória. Consideramos que toda pessoa traz inscrita em si a necessidade de "ser mais", de crescer até atingir "a vida plena". Pode ser que tal objetivo, em longo prazo, não se alcance muito facilmente, porque é normal esbarrar em fracassos parciais, em insucessos, períodos de flutuação e de incertezas, de fixação e de regressão, mas os períodos críticos podem permitir novos progressos, novas orientações, ulterior evolução em relação a situações novas.
 
Apesar de fracassos passageiros e insucessos, é possível recuperar o rumo. Na caminhada para a maturidade do ser, nunca se recomeça totalmente do zero, pois aquilo que de positivo se adquire é de fato adquirido para todo sempre. Trata se, porém de redimensionar isto ou aquilo, de despojar se de coisas inúteis, desfazer se de certezas inúteis para seguir o fascínio da verdade e da luz. O caminho da maturidade não é uma subida penosa, cheia de solavancos e duros esforços, guiada pela vontade de se construir graças somente aos próprios esforços. É, antes, uma descida até ao mais fundo de si e um salto no mundo da simplicidade, da calma, da paz e do abandono a Deus.
 
Para situar se neste clima, é preciso que o homem se habitue à reflexão, a analise não obsessiva, mas atenta daquilo que vive, tomar o próprio pulso, olhar bem dentro de si mesmo, conceder se pausas de vez em quando, amar o silêncio, amar a oração como momento de encontro com Deus. O silêncio não é fuga, mas o recolhimento de si mesmo dentro do aconchego das mãos divinas.



      Vale reforçar que todas as pessoas possuem dentro de si tudo aquilo que lhes serve para ser, ao seu modo, felizes, harmoniosas e maduras. Ninguém pode transformar o outro de fora para dentro através de manipulação. A verdadeira mudança não pode ocorrer senão a partir de dentro da própria pessoa. O que contribui no acompanhamento é o clima de amor, confiança que se consiga estabelecer. Sem este bom relacionamento, o diálogo e a relação de ajuda não se abrem à comunicação, à profundidade, à experiência, de maneira livre e construtiva.



      A maturidade humana, enfim, é: conquista pessoal favorecida pelo próprio esforço, pelo ambiente, pela educação e pelos dinamismo da ação da Graça de Deus em nosso ser. Pode se realizar aos poucos num caminho evolutivo que chega a unidade e a harmonia do ser em seus diversos elementos: físico, psico-afetivo, espiritual. Vale fazermos um elogio ao esforço! Tornar se uma pessoa sólida, harmoniosa, madura e santa (observando os traços de maturidade expostos no decorrer do trabalho) não é façanha desprezível! Com efeito, Jesus adverte: "Se o grão de trigo não morrer, fica só, mas se morrer, produz muito fruto" (Jo 12,24).
 
Mas sempre devemos considerar as mãos poderosas do Nosso Deus continuamente a nos modelar, ("Como o barro nas mãos do oleiro, assim são vocês em minha mão, casa de Israel", conforme Jr 18,6 ) todos os dias de nossas vidas. Santo Agostinho define com muita sabedoria e simplicidade o caminho do crescimento humano: "orar como se tudo dependesse de Deus e agir como se tudo dependesse de nós".



      O recado final deste trabalho, deste caminho maravilhoso do amadurecimento é a paciência: a vida em si é um processo e somos todos "seres em processo". Nenhum de nós já chegou à plena maturidade, nenhum de nós já chegou a plena perfeição, como convida o Nosso Senhor: "sede perfeitos, assim como vosso Pai do céu é perfeito." (Mt 5,48). Somos todos frações a caminho de nos tomar números inteiros. Certa vez vimos escrito no broche de uma mulher: "Por favor, seja paciente. Deus ainda não me terminou". Deus ainda não terminou nenhum de nós. Estamos todos a caminho do nosso pleno crescimento e potencial pessoal. E, certamente, todos precisamos de muita paciência durante este processo de amadurecimento   da nossa própria paciência e da dos outros.



Bibliografia:



A Maturidade Humana  José Maria Montecliva, S.J.   Edições Loyola



Caminho para Maturidade e a Harmonia   Luciano Cian   Editora Vozes . Caminho   Josemaria Escrivá   Editora Quadrante



Catecismo da Igreja Católica   Editoras Vozes e Loyola



Sagradas Escrituras



APOIO



Mônica Guamieri Machado (Dra)   Assessora em ações do adolescente da Secretaria da Saúde de Diadema  SP



Nely Zegarra (Dra)   Psiquiatra em Porto Alegre  RS



Fernando Vicira Moraes   Secretaria Marcos do Est. de São Paulo



Maria Helena Ameriot ( Psicóloga )   São Paulo   SP



DISTRIBUIÇÃO



Projeto Universidades Renovadas - Secretaria Marcos



Renovação Carismática Católica - (031) 273-8781



URL:  http://www.task.com.br/universidades_renovadas/



e-MAIL: pur@task.com.br


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site:www.comunidaderahamim.org

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Discernimento Vocacional

Como discernir a vocação – Parte I

Como discernir a vocação?


Muito frequentemente, jovens e até adultos nos procuram para partilhar o seu chamado, o sentimento de que precisa fazer algo além do que se vive, mas não sabem como nem mesmo qual a vontade de Deus, qual o caminho a ser trilhado. Daí brota a clássica pergunta: Como discernir a vocação que Deus tem para mim?


Se você é uma dessas pessoas ou conhece alguém que está em busca de um claro discernimento, aqui vão algumas dicas para lhe ajudar.


1 – Coração Livre
De que adianta tentar descobrir por qual caminho se deve trilhar, se o coração está preso a algo ou alguém?


Por isso, a primeira coisa a se fazer para ter um bom discernimento vocacional é desprender-se de todo medo, que é a pior das prisões da alma. Medo do incerto, do futuro, da rigidez a ser exigida no caminho, medo de ficar só, de não ter uma estabilidade financeira ou social, de não ter um título acadêmico, medo da reação dos pais ou de outros parentes. Todos esses medos vão pesando e impedindo que caminhemos a um Deus apaixonado, que deseja nos incluir no seu plano de amor e misericórdia para a humanidade.


Lembre-se, Deus é o verdadeiro amor, a verdadeira riqueza e na vontade dEle está a verdadeira realização humana! Essas certezas são o fundamento de toda vocação, sobretudo às vocações a uma vida Consagrada. Diante delas todo medo se revela pretensões ancoradas em falsas seguranças. Deus é mais que qualquer coisa, mais que a faculdade, que o trabalho, que os amigos, que os status do mundo, que o namorado ou a namorada, mais até que os pais.


Peçamos, então, a Deus a graça de ter o coração livre de todo medo e de todas as dependências psíquicas e espirituais que nos impedem de nos entregarmos totalmente a sua vontade.


Como discernir a vocação – Parte II



Muito bem! Se toda vocação bem sucedida começa com um bom caminho de discernimento vocacional, vejamos como fazer para trilhar esse caminho. Não pretendemos lhe dar as respostas, mas lhe ajudar a encontrá-las.


Na semana passada vimos o primeiro passo, que é libertar o coração de todo medo que nos impede de nos lançarmos nos braços do Pai. Agora com o coração liberto começa, de fato, a caminhada para se descobrir qual a vontade de Deus. Nesse caminhar serão necessárias iniciativas diversas e simultâneas como veremos a partir deste post.


A primeira iniciativa, a que veremos hoje, é a de buscar bons conselhos. Assim quando vamos para um lugar que não sabemos onde fica, logo perguntamos a alguém como se faz para ir a este determinado lugar. Do mesmo modo, se queremos ir para o lugar que o Senhor preparou para nós precisamos perguntar a algumas pessoas como fazemos para chegar a este lugar.


É muito importante que não perguntemos a quem está perdido também, ou a quem não é confiável, a fim de evitar situações indesejáveis. Por isso na hora de buscar conselhos vocacionais é preciso buscar em vocações que deram certo, assim como fez São Francisco com Santa Clara, Santo Agostinho com Santo Ambrósio, São Bento com sua irmã Santa Escolástica e tantos outros santos que souberam ouvir o que vocações bem resolvidas, pessoas íntimas de Deus tinha para lhes dizer.


Já pensou se Francisco de Assis tivesse ouvido o seu pai, homem nobre, rico e estável em vez de ouvir a jovem Clara? Não teríamos um dos mais incríveis santos da nossa história.

Então para facilitar a sua caminhada e não escolher ninguém que lhe indique o caminho errado aí vai uma ajuda com o perfil de como deve ser a pessoa a lhe dar conselhos vocacionais.


1 – Alguém que ama a própria vocação e o lugar (congregação / comunidade) onde está.

2 – Que seja fiel aos estatutos e regra de vida do instituto a que pertence; e que tenha uma boa vida de oração.

3 – Que seja querido e respeitado pelos irmãos de congregação / comunidade.

4 – Que conheça diversas realidades e carismas de vida consagrada e serviços na Igreja.

5 – Que seja imparcial. Que não queira a todo custo conquistar para sua forma de vida, mas que direciona seu pupilo para o lugar que Deus mostra.

6 – Que saiba ouvir.

7 – Que conheça a sua história.

8 – Se possível, que tenha experiência com formação, sobretudo vocacional.


Se o seu amigo, conselheiro, dirigente espiritual tem essas características, ótimo. Agora é só ficar atento no próximo post, em mais uma dica para se ter um bom e claro discernimento vocacional.


http://familiadenazare.com.br/wp/vocacional/?p=67