sábado, 11 de fevereiro de 2012

É necessário que eu diminua



Era uma vez um servo fiel de um grande senhor. O castelo do senhor contemplava um tempestuoso canal que separava seus domínios das terras de uma linda senhora. O servo, que cuidava dos arquivos do senhor, havia encontrado um antigo pergaminho que provava que ele, o servo, e não o senhor, era o verdadeiro e legítimo herdeiro da propriedade.


O servo amava secretamente a bela senhora. Ele a havia conhecido certa feita quando acompanhara o senhor numa de suas visitas a ela. Quando encontrou o extraordinário pergaminho, o servo resolveu que, no momento oportuno, não só iria reivindicar sua legítima herança, como também iria pedir a senhora em casamento. Pois, agora, estaria no mesmo nível social que ela, e ela não iria desprezá-lo.


Uma tarde ele ouviu dizer que a senhora vinha a caminho, pelo canal, para uma visita ao senhor. Esta seria a sua oportunidade. Quando ela chegasse, ele retira¬ria o documento das obras de sua veste e reclamaria tanto a herança como a mão da senhora.


Quando o dia já caminhava para o fim, o servo acompanhou o senhor até as margens do canal, e juntos passeavam sobre o quebra-mar, enquanto aguardavam a chegada do barco da senhora. Surgiu, porém, uma grande tempestade, e o barco foi apanhado pela chuva e pelos ventos adversos. Uma enorme escuridão recaiu sobre o mar e a praia.


Receando que o barco não pudesse encontrar o caminho através da escuridão, o senhor ordenou que acendessem uma fogueira que servisse de farol. Nada, porém, queria pegar fogo. A pesada chuva havia encharcado tudo o que pudesse servir de material combustível. Não havia material algum que pudesse inflamar¬se, nem musgo seco, nem raspa de madeira para iniciar uma chama.


Temendo que a senhora chegasse a se afogar na tempestade, o servo puxou o pergaminho, única esperança e prova do seu futuro, e o acendeu. O barqueiro avistou a chama, dirigiu o barco no rumo certo através da escuridão, e o trouxe com segurança até o atracadouro.


A senhora desembarcou e atirou-se nos braços do senhor, rendida de amor. O servo ouviu a voz do senhor, que cumprimentava a senhora com palavras temas de amor ardente. Seu coração sobrepujando o próprio infortúnio, rejubilou-se com a felicidade da mulher que amava, e com a felicidade do senhor, a quem servia com lealdade e a quem amava como amigo. Vieram-lhe à mente as palavras de João Batista: "O amigo do esposo, que está presente e o ouve, é tomado de alegria à voz do esposo. Essa é a minha alegria e ela é completa" (Jo 3,29).


No íntimo do coração, o servo criou o brasão de sua verdadeira nobreza, inscrito com as palavras de João: "É necessário que ele cresça e eu diminua" (Jo. 3,29).


Mesmo antes de ser a de João Batista, esta foi a história de São José. É a história de cada um de nós. Ninguém que ame de verdade jamais aprisiona sua amada sob seu jugo. Afasta-se dela; sai de sua vida, se necessário, para que ela se tome o que foi chamada por Deus para ser.


O anjo esclarece José sobre o divino mistério que se opera em Maria: "José - diz ele - Deus, o Altíssimo, pelo poder de seu Espírito, tomou Maria como esposa e formou-lhe um filho em seu ventre. Em respeito à tua bem-amada Maria, deixe-a viver a fase mais nobre de si mesma! Deixa-a fruir seu profundo relacionamento com o Senhor Deus e ela ser-te-á mais preciosa ainda!".


A resposta a tudo isso no coração de José deve ter sido um alegre: "É necessário que ele cresça e que eu diminua". José afasta-se de Maria. Consente em ficar de lado para que ela possa tomar-se em toda a sua plenitude aquela pessoa que Deus desejava que ela fosse: a esposa do Espírito Santo e a mãe de uma obra divina de amor, juntando toda a humanidade no amor.


E, além disso, maravilha do amor de Deus, apesar de tudo, José recebe Maria como sua e, com ela, recebe também a Deus! "José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e tu chamarás com o nome de Jesus (Mt 1,20). Como esposo de sua mãe, terás o privilégio de pai de lhe dar o nome. Aceitá-lo-ás como teu filho, uma vez que aceitarás a mãe dele como esposa".


A isto, a resposta dentro do coração de José deve ter sido um alegre: "Sim, é preciso que eu diminua; não preciso, porém, desaparecer de sua vida!".Deixando, respitosamente Maria ser ela própria, o carinhoso amor de José para com ela tornou-se mais rico ainda ao aceita-la. De boa vontade concordou viver com ela em celibato. Em seu reverente amor, respeitou-a como esposa do Senhor Deus, e aceitou a condição de que ela permanecesse sempre virgem. "Embora eu precise diminuir, ainda as¬sim terei a felicidade de continuar a amá-la e de viver em seu amor" .


Uma vez que o amor deseja que a pessoa amada seja na verdade mais ela própria, que o verdadeiro amor de si mesmo só se encontra na comunhão com o Senhor, todo amor deve ter o espírito celibatário: profunda reverência com a pessoa amada, como pertencente ao Senhor! Mais cedo ou mais tarde aquele que ama terá de enfrentar a realidade de que o Senhor entrou na vida da pessoa que amamos; e todo verdadeiro amigo deverá dizer: "É necessário que ele cresça e que eu diminua.


Pois somente o Senhor Deus poderá satisfazer o coração humano. Em todo o coração existem profundezas infinitas que nenhum amigo humano poderá preencher, profundezas que somente Deus poderá preencher. Levando isso em consideração, esposos e esposas cristãos entendem o que Paulo quer dizer quando fala que eles provavelmente desejarão abster-se ocasionalmente das relações conjugais, por mútuo consentimento, a fim de se entregarem à oração (l Cor 7,5).


O que todo amigo cristão deseja acima de tudo para a pessoa amada é comunhão com o Senhor. A pessoa a quem amo, a esposa, o esposo, o amigo, pertencem, antes de tudo, ao Senhor. E, neste sentido, sou apenas o amigo do noivo. Somente ele é esposo de todo o coração humano. Ele deve crescer, enquanto devo diminuir.


Se não aprender esta lição logo no início de meu amor para com alguém, seguramente irei aprendê-lo quando eu mesmo for chamado para o Senhor na hora da morte. Para encontrar-me com ele, e para ficar plenamente unido com ele na glória, deverei separar-me de todos aqueles a quem amo. Quando morrer, deverei deixar a esposa, o esposo, os filhos, os amigos, a propriedade, o poder e as conquistas, até mesmo o próprio corpo. Somente quando tiver deixado tudo, poderei receber seu abraço total, para o qual fui criado.


Para testemunhar tal fato, de que o Senhor é o verdadeiro esposo de toda pessoa humana, algumas pessoas não esperam até que a morte os force a deixar todas as coisas. No celibato consagrado, abandonam tudo no início da juventude, de maneira que toda a vida e todas as energias fiquem canalizadas para o Senhor, o esposo, único capaz de satisfazer o coração humano.


Da mesma forma, porém, que José, embora ficasse diminuído, recebia Maria novamente do Senhor para ser amada carinhosamente e estimada como esposa, assim também celibatário recebe muitas pessoas para amar, conduzindo a missão do amor universal e sendo intermediário do próprio amor de Deus. Todo aquele que entregar ao Senhor o lugar central de seu amor, será mais rico ainda em seu amor para com as outras pessoas. E todo aquele que, na ora a morte, abandonar tudo para ficar com o Senhor, receberá novamente, através do Senhor, todos aqueles a quem amara sadiamente.


Mesmo que, no grande entrelaçamento da união pelo amor (CI 2,2), ficarmos envolvidos na mais profunda amizade com algumas pessoas em detrimento de outras, é sempre o Senhor Jesus que estará mais próximo de cada um de nós, mais perto de cada um do que a esposa ou o esposo ou qualquer outro ente querido. Se nós conseguirmos nos amar uns aos outros com o coração dele mesmo, isto somente acontecerá porque ele é o verdadeiro esposo de todos os corações.
Livro O Ministério da Amizade de Paul Hinnesbusch, O.P. editora Paulus


Fonte:  Pantokrator (comunidade Católica)

Em luta contra o demônio



- O demônio tem um papel muito relevante na vida do padre Pio. Por bem ou por mal, ele procura sempre tentar o padre, dobrá-lo à sua vontade, cansá-lo e desviá-lo com a finalidade de fazê-lo cair ou, no mínimo, desistir de sua ação em favor das pessoas.
 
Na verdade, ele ruge em torno das pessoas, para devorá-las, como diz são Pedro, e no pai-nosso Jesus nos convida a rezar e a não nos deixar cair em tentação. Por seu lado, o padre Pio adverte a seus filhos espirituais que não dêem trégua ao demônio e que fechem as portas da vontade às suas sugestões.
Mas ele mesmo, o padre Pio, tem algo que ver pessoalmente com satanás, o qual ainda que inimigo dos santos, é um instrumento da santidade.
 
Porque, no plano divino, a missão do diabo é a de colaborador, como instrumento, ou seja, contra a sua vontade e a despeito da intenção a que ele se propõe, para a santificação do homem de Deus. com o padre Pio, a obra santificadora do Espírito Santo é mais do que evidente; mas a obra do demônio, ainda que sugestivamente oposta àquela, objetivamente converge para a mesma finalidade.
Os ataques diabólicos contra o padre Pio são espantosos. O demônio apresenta-se ora por meio de formas que lhe atormentam os sentidos, ora sob um aspecto horrivelmente tenebroso, ora para atacar o intelecto e a vontade, de modo a impedir o progresso no amor de Deus.
 
O “ignominioso” atira-se sobre ele, em companhia de outras forças infernais, para suscitar-lhe “pensamentos de desespero e de falta de confiança em Deus”, para dar-lhe “a Deus” e, “sob as mais abomináveis formas”, para fazê-lo prevaricar.


Ele o tenta dia e noite, a tal ponto que o padre acredita “estar perdendo o juízo”; lança-se sobre ele, joga-o ao chão e o desnuda, atira longe seus livros, cadeiras, travesseiros; contorce-lhe os ferros do leito, emitindo “gritos desesperados e pronunciando palavras extremamente sujas”, o maldiz e promete agressões ainda mais ferozes.


O padre, reduzido a condições deploráveis, escreve a seu confessor: “Eu acreditava, realmente, que fosse aquela a última noite da minha existência”; “Agora já são 22 dias contínuos que Jesus permite a ele desafogar sua raiva sobre mim” (28 de junho de 1912; 1 e 13 de fevereiro de 1913; 18 de maio de 1913).
A permissão concedida por Jesus aos demônios é motivada pelo fato de o padre Pio constituir-se num baluarte formidável entre o demônio e as pessoas, uma almofada de proteção que impede ao demônio a passagem em direção às pessoas mais fracas e mais expostas.
 
O enfurecimento diabólico é devido não apenas ao ódio em relação ao padre, mas ao obstáculo intransponível constituído, por ele para a agressão das pessoas.


O padre Pio tem, sim, pavor de satanás, mas o que verdadeiramente o aterroriza é o pensamento de ofender a Deus; quando acena às tentações, exclama: “Estas tentações me fazem tremer da cabeça aos pés de medo de ofender a Deus [...]; não tenho medo de nada, a não ser das ofensas a Deus” (1° de outubro de 1910; 29 de março de 1911).


Está escrito (Tb 12,13): “Porque não hesitaste em levantar-te e deixar a refeição para ir sepultar um morto, eu fui enviado para pôr-te à prova”. A aspereza da prova à qual o padre é submetido faz com que se compreenda, também, o sentido purificador da intervenção diabólica permitida por Deus.


O padre grita: “Ai de mim! A mão do Senhor caiu sobre mim, oprimindo-me excessivamente. Ao redor do meu espírito não se ouve nada mais do que rugidos de bestas ferozes que me causam tanto medo a ponto de me fazer acreditar ter sido enterrado vivo no sepulcro” (19 de dezembro de 1917).
 
E volta-se para seu confessor: “Mas, padre, quais são os objetivos de Deus? Por que permite ao demônio tamanha liberdade?”; “A batalha é superlativa e extremamente áspera; tenho a impressão de poder sucumbir a qualquer momento[...] Os inimigos, todos de acordo gritam: matemo-lo, escorracemo-lo, porque é fraco e não poderá resistir por muito tempo”;
 
“Em resumo, afinal de contas, tenho a impressão de que o vencido deve ser justamente eu. Mas que digo? É possível que o Senhor permita? Jamais!” (25 de junho de 1911; 1° de abril de 1915; 9 de maio de 1915). De fato, como é ensinado na doutrina paulina, Deus não permitirá que o homem seja tentado acima de suas próprias forças (cf. 1Cor 10,13).


Quando, em seguida, a alma do padre é colocada diante daquela prova terrível que os teólogos chamam de noite escura da alma, os demônios fazem qualquer sacrifício para “ver se em tal estado lhes será possível arrancar-me do peito aquela fé e fortaleza que me vem do pai das luzes” (30 de outubro de 1914).


“Mas uma vez, nestes dias, minha alma desceu ao inferno. Mais uma vez o Senhor me expôs ao furor de satanás [...] Parece que esse apóstata infame quer me arrancar-me do coração aquilo que nele existe de mais sagrado: a fé”. Por isso, pede ao Senhor comutar-lhe “a provação em outra, ainda que mais dura” (26 de novembro de 1917).


Desse fato compreende-se como deve ter sido essa forma de purificação. Ele se examina impiedosamente, mas não encontra em si mesmo motivos de condenação, e, então, em vez de apaziguar-se, chega à conclusão dilacerante para sua alma: “O que mais me dilacera a alma é que talvez este meu penar não seja aceito por Jesus, porque é proveniente de um condutor ignominioso; e pode ser até que seja um veículo de ira” (4 de agosto de 1919).


Seu anjo da guarda, que lhe apareceu depois de uma terrível luta que teve com os demônios, disse-lhe: “Jesus permite esses assaltos do demônio porque a sua piedade o torna caro a ele, e deseja que você se assemelhe a ele nas angústias do deserto, do horto e da cruz. Defenda-se, afaste-se sempre e despreze as insinuações malignas, e não se aflija nas situações em que do meu coração, eu estou perto de você” (18 de janeiro de 1913).


As tentações são um sinal seguro da divina predileção, e as tempestades suscitadas pelo demônio são sinal certo de que se está estabelecendo na alma o Reino de Deus. as iniqüidades que o demônio comete, exercita-as por si mesmo; mas a permissão de cometê-las advém de Deus.


No texto bíblico de 1 Samuel, lê-se: “No dia seguinte, o espírito deprimente enviado por Deus apoderou-se dele” (18,19), ou seja, um espírito que é qualificado simultaneamente como espírito do Senhor e como espírito ruim: é espírito do Senhor porque obteve dele a permissão de exercitar um poder, e é espírito mau devido ao desejo de sua vontade perversa.


O espírito maligno também se torna cruel contra o padre Pio com a expressa permissão de Deus; mas, nesses assaltos diabólicos, o Senhor está sempre presente. Quando santo Antônio abade, pergunta a Deus: “Onde estavas tu?”. “Eu estava presente”, responde-lhe uma voz, “e esperava, contemplando a sua luta, e uma vez que você soube enfrentá-la e sair-se vencedor, estarei sempre a seu lado...”. (N. Conte, Santana l’avversario [Satanás, o inimigo], p.880)


O demônio se enfurece contra os santos e parece forte, aliás, fortíssimo. Entretanto, com sua vinda, Cristo tirou-lhe a força, porque apenas Cristo pode enfrentar como vencedor o mistério da iniqüidade.


Também Francisco de Assis, como o padre Pio, é atacado por satanás num furioso corpo-a-corpo, saindo da luta mais morto do que vivo. Suplica a seu padre acompanhante que permaneça próximo a ele, “porque tenho medo de estar sozinho.
 
Há pouco, os demônios venceram-me por santas razões”. E comenta: “Os demônios são os justiceiros dos quais Nosso Senhor se serve para punir nossas faltas”. Outras vezes diz aos demônios que se apresentam a ele: “Ordeno-lhes, demônios, que façam contra meu corpo tudo aquilo que lhes foi permitido”; mas os demônios, enfurecidos e humilhados, afastam-se.


O padre Pio, atacado cruelmente por seu inimigo, lamenta-se a seu diretor espiritual: “Esse espírito maligno procura, com toda sorte de fantasmas, introduzir em meu coração pensamentos de imundície e desespero [...] Encontro-me, de fato, nas mãos do demônio [...]”.
 
O diretor espiritual responde-lhe: “Por que você teme tanto o inimigo? Não sabe que o Senhor está com você e que o adversário das almas nada pode contra quem resolveu ser de Deus?” (9 e 12 de abril de 1911).


Na fase de progresso espiritual, que vai amadurecendo durante a noite do espírito, em que a obscuridade é terrível e parece faltar qualquer esperança de bem, ressurgem aqueles vícios que, ainda que mortos na alma, são revividos pelos demônios, e surgem até aqueles que jamais existiram. São trevas purificadoras, onde satanás intervém, como instrumento de Deus, pelo refinamento da alma.


Apesar de esses espíritos malditos atormentarem o padre Pio, ele os afronta com coragem e posturas desafiadoras, porque sabe que sem a permissão de Deus sequer podem mover-se.


Parece um paradoxo, mas são justamente os assaltos diabólicos impiedosos que ajudam a padre Pio na conversão das pessoas: quantas delas encontram a paz no coração por meio do sofrimento provocado pelo diabo, que, a despeito de si mesmo, colabora para o bem das almas desejado pelo santo.


Os demônios se enfurecem no horrendo túnel da noite do espírito, mas o padre saiu dele resplandecente no firmamento da Igreja.


A mensagem da experiência do padre Pio, homem de fé e de perfeito equilíbrio psico-espiritual, conclama o mudo das almas a não contestar a realidade do ser demoníaco, nem a sua poderosa, oculta e incessante ação, que pode tornar as mais variadas formas, inclusive a mais conveniente: a negação de satanás.



Revista Shalom Maná

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Assuma a autoridade de abençoar o seu lar

Ouçamos o que Deus quer nos dizer sobre a família. ´Precisamos revestir nossa inteligência na sabedoria de Deus.




Propaguemos o Terço das Santas Chagas-concederei tudo o...





TERÇO DAS SANTAS CHAGAS REVELADO À VIDENTE IRMÃ MARTA CHAMBON
Frei Elias Vella concede entrevista à Revista Isto É
Especial

| N° Edição: 2106 |

A igreja enfrenta seus demônios – Parte 1

O Vaticano reconhece a existência do diabo em suas fileiras. E prepara seu

exército para contra-atacar a presença do mal

João Loes e Rodrigo Cardoso


A igreja enfrenta seus demônios: o repórter João

Lóes comenta a matéria de capa da IstoÉ desta semana, sobre a presença do mal no

Vaticano
 
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O exorcista-chefe do Vaticano, Gabriele Amorth,espantou o mundo na semana passada ao declarar, alto e bom som, que “o demônioestá à solta no Vaticano”. A justificativa para tal desabafo, que macula aresidência oficial dos católicos com a fumaça do diabo, foram os inúmeros eincômodos casos de pedofilia envolvendoreligiosos e o atentado ao papa Bento XVI no Natal do ano passado.


Casos recentes não faltam para sustentar aindigesta frase do padre Amorth, que já tem 85 anos e dedicou os últimos 25 realização de 70 mil rituais de expulsão do diabo do corpo de fiéisatormentados. Na Alemanha, por exemplo, surgiram denúncias de abusos feitos contra meninos dentro do milenar coral Regensburger Domspatzen, administrado até 1994 pelo irmão do papa, Georg Ratzinger.


No Chile, um padre espanhol daCongregação de Clérigos de São Viator foi preso com 400 horas de vídeos  que continham pornografia infantil, boa parte produzida pelo próprio sacerdote. Já no Brasil, dois monsenhores e um padre da cidade de Arapiraca, Alagoas, foramacusados de abusar sexualmente de seus coroinhas. “Quando se fala de Satanásdentro do Vaticano, é de casos como esses que está se falando”, reitera oexorcista.


Para Amorth, o diabo existe, não é uma entidade subjetiva ousimbólica, e precisa ser enfrentado. E o que poderia ser tratado como um arroubomedieval em outras épocas hoje ganha força considerável com um lobby de peso: o do próprio papa Bento XVI, que acredita no demônio e defende a volta dos rituais de exorcismo.






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“Quando se fala na fumaça de Satanás no Vaticano,

é de

casos de pedofilia e violência na Igreja que está se

falando”


Padre Gabriele Amorth, exorcista-chefe do

Vaticano



O sumo pontífice quer criar um exército dos sacerdotes exterminadores de demônios pelo mundo, mas tem uma tarefa árdua pela frente. Tanto o diabo quanto os exorcistas estão fora de moda pelo menos desde o


século XX. Até mesmo entre os católicos, leigos e religiosos, que considera muito caricata e teatral a figura demoníaca e preferem subjetivar o mal,deixando-o, assim, mais palatável para o racionalismo vigente. Com o advento da psiquiatria e os avanços da medicina, muito do que se atribuía ao diabo passou a

ser explicado e remediado pela ciência.


Desvios como os dos padres do coral Regensburger Domspatzen e dos brasileiros de Arapiraca ganharam nome de sintomas psiquiátricos. Até quem se diz possuído pelo demônio já tem diagnóstico reconhecido pela quarta edição do manual de diagnóstico e estatística das perturbações mentais, publicado em 1994 – a pessoa seria vítima de um

“Transtorno Dissociativo Sem Outra Especificação”.


A Satanás, cuja própria existência foi colocada em dúvida, sobrou o papel de representação simbólica do mal. Enquanto isso, o ofício de exorcista, em baixa, parou de atrair seminaristas. Com o tempo, um corpo de religiosos majoritariamente ignorante no assunto se estabeleceu na hierarquia clerical.


“A quase totalidade do episcopado católico nunca fez exorcismos nem assistiu a um ritual”, acusa o padre Amorth. Também boa parte dos bispos, responsáveis pela investidura do cargo de exorcista oficial a um dos sacerdotes de suas dioceses, abandonou a obrigação. Muitos não acreditam sequer na existência do demônio.






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Bento XVI começou a tentar reverter esse quadro apartir de 2005. Mas daí a mudar a Igreja, que é um dos organismos maisburocráticos e avessos à transformação que existem, há um longo caminho. Em seus discursos e documentos, constam referências diretas a uma série de pilaresteóricos do catolicismo que ele pretende retomar.


Entre eles está, por exemplo,o reconhecimento da existência do demônio como um espírito do mal que semanifesta de forma objetiva nas atitudes dos homens. E se as ondas dessas orientações teóricas demoram para reverberar sobre a pesada estrutura clerical,nas costas dos fiéis elas parecem ter chegado com a força de um tsunami.


“Temos visto um aumento na procura por exorcismos. As pessoas estão claramente maissensíveis à influência do diabo”, afirma Ana Flora Anderson, socióloga e biblista vinculada à Cúria Metropolitana de São Paulo.


A tese é apoiada pelo frei italiano Elias Vella, autor de “O Diabo e o Exorcismo” (Editora Palavra& Prece). Ele reconhece que, entre os anos 1970 e 1990, houve uma calmarianos casos de possessão. “Hoje, os problemas demoníacos voltaram com força”,disse à ISTOÉ o religioso, que também foi exorcista. A igreja agora corre para suprir a crescente demanda, em meio a uma grave crise de vocações e uma diminuição do número de padres no mundo.









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“A Igreja precisa se organizar para capacitar

seus padres e fiscalizar melhor quem faz

exorcismos”


Padre Gabriele Nanni, exorcista

oficial da Diocese de Roma, que dá cursos para outros sacerdotes pelo

mundo




Um retrato do descompasso que há hoje entre asnecessidades dos fiéis e o despreparo do clero está sintetizado no livro “The Rite” (“O Rito”, em tradução livre), lançado em 2009 pelo jornalista americano

Matt Baglio. Repórter free lancer na Itália, ele resolveu acompanhar um padredos Estados Unidos durante um curso para formar exorcistas ministrado pelaprestigiada Pontifícia Universidade Regina Apostolorum, em Roma, vinculada aoVaticano.


“Achei estranho existir um programa de estudos como esse em pleno século XXI”, afirma. “Mas considerei ainda mais espantoso descobrir que muitosdos padres que estavam lá não tinham ideia do que era o demônio e como se fazia um exorcismo.” Baglio lembra ainda que os calouros se diziam marginalizados pelacomunidade religiosa de onde vieram por manifestar interesse por assunto tão

controverso.
PARTE


 
 
 

A igreja enfrenta seus demônios – Parte 2

O Vaticano reconhece a existência do diabo em suas fileiras. E prepara seu

exército para contra-atacar a presença do mal

João Loes e Rodrigo

Cardoso
 
 
 
O autor de “The Rite” levantou até números sobre a

atividade dos exorcistas no continente americano para confirmar a tese de como o

ritual está relegado. Segundo Baglio, deveria haver pelo menos 200 exorcistas

ativos nas Américas do Norte, Central e do Sul. Mas em 2009 esse número não

passava de 15. “Sei que mais de 95% dos supostos casos de possessão que chegam

aos padres acabam diagnosticados como desvio psiquiátrico. Mas e o resto, como

fica?”, questiona. O americano acompanhou 18 exorcismos genuínos na Itália e é

taxativo ao afirmar que, em alguns casos, a única solução é o ritual católico.

“São pessoas que sofrem demais, ninguém sabe por que, e buscam atenção

religiosa”, diz. Segundo o jornalista, boa parte dos rituais dura entre 30

minutos e 40 minutos, para não esgotar o possuído. Mas houve casos testemunhados

por ele que renderam três horas de luta com o diabo. “É física e mentalmente

exaustivo para todos os envolvidos”, admite.
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Padre Gabriele Amorth, ponta de lança do movimento

que defende a existência concreta do diabo e a importância do retorno dos

exorcismos, já está aposentado da prática dos rituais. O único exorcista oficial

em atividade na Diocese de Roma atualmente é o sacerdote italiano Gabriele

Nanni, que reforça a tese de seu antecessor. “Ele está bem velhinho, mas suas

palavras são valiosíssimas, dada a riqueza das experiências que teve com o diabo

nas décadas em que serviu como exorcista oficial do Vaticano”, afirma. Nanni,

por sua vez, se tornou exorcista oficial da Diocese de Roma em 2000 e, de cara,

acumulou a função de professor da Pontifícia Universidade Regina Apostolorum.

Entre 2000 e 2005 fez uma média de dois exorcismos por semana – ao menos 520,

todos com reconhecimento oficial. Hoje, divide seu tempo entre as aulas na

universidade e os cursos que ministra no exterior. Desde 2006, por exemplo,

visita a Cidade do México pelo menos uma vez por ano para treinar sacerdotes

locais no ritual. Mas isso não os exime da necessidade da autorização do bispo

para execução de um exorcismo. “A demanda está aumentando e a Igreja precisa se

organizar para capacitar seus padres e fiscalizar melhor quem faz o rito sem

autorização”, alerta. A parte que cabe a ele tem sido feita. Nanni visitou

vários países a convite das dioceses locais para ministrar o curso. A Igreja

Católica perdeu outro célebre exorcista oficial, o arcebispo de Lusaka Emmanuel

Milingo, excomungado depois de casar com uma coreana.
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TRADIÇÃO

Bento XVI é fiel ao

catolicismo medieval, com demônio, pecado e fidelidade �

liturgia
Ainda vai demorar para que a legião de expulsores do

mal almejada pela Santa Sé se forme. Alguns especialistas atribuem essa carência

à debandada de fiéis para algumas igrejas evangélicas, que enxotam demônios por

atacado. Enquanto isso, o católico convicto se vira como pode. Se os exorcistas

treinados por vaticanistas e aprovados por bispos não vêm, alguns sacerdotes

católicos têm atendido aos pedidos dos numerosos fiéis que imploram pelo alívio

de uma despossessão. Padre Nelson Rabelo, 89 anos, é um deles. Há 22 anos ele

administra a Igreja Sant’Ana, uma bela construção do século XVIII encravada no

centro do Rio de Janeiro. Lá, depois da missa das 8h30 das sextas-feiras e

sábados, faz orações de cura e libertação. “Vez ou outra há pessoas que gritam,

se retorcem, choram e desmaiam”, explica (leia quadro com os sinais de possessão

na página 90). Essas são levadas a uma sala onde a manifestação recebe

tratamento. Para confirmar se é um caso de possessão, o sacerdote faz várias

perguntas. Questiona quantos demônios estão no corpo, indaga seus nomes, a que

vieram e que tipo de mal esperam fazer. Algumas vezes, ouve ameaças. “A pessoa

fica fora de si. Não é ela quem fala, mas o diabo”, explica. À medida que o

exorcismo se desenrola, os malignos vão saindo aos poucos, um por um. “Uma vez

encontrei Lúcifer numa menina de 15 anos. Ele se apresentou e disse que de nada

adiantaria a minha ação. Mas, no fim, teve que sair”, conta, com ar vitorioso.

Segundo os especialistas, a maioria dos possuídos pelo diabo é formada por

púberes do sexo feminino, personalidades muito suscetíveis.
Tocadas pelo trabalho do sacerdote do Rio, duas

devotas, a advogada Ana Claudia Cavalcante e Zulmira Maria de Rezende,

escreveram o livro “Padre Nelson, o Enviado de Deus” (Editora UniverCidade).

“Ele trata todas as pessoas igualmente sem receber um centavo”, diz Ana Claudia.

A advogada conta que nos exorcismos conduzidos pelo padre, e presenciados por

ela, as pessoas possessas reviravam os olhos, arqueavam as mãos e se arrastavam

pelo chão. “Mas não ouvi mudança de tom de voz, como normalmente se vê nos

filmes.” Uma vez, o próprio demônio denunciou o objeto da casa que havia

contaminado para impedir a cura da vítima: o colchão. De outra feita, a mulher

possuída foi ao banheiro e se autoflagelou, ficando completamente ensanguentada.

Houve também o episódio em que um jovem ficou nervoso ao receber a bênção de

padre Nelson e passou a espancar todos à sua volta. Foi exorcizado e hoje

frequenta as sessões de oração.
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LIBERTAÇÃO

O ex-arcebispo de

Lusaka (Zâmbia) Emmanuel Milingo pratica exorcismo na

Itália
Apesar de reconhecer a boa vontade de trabalhos como

o de padre Nelson, a Igreja oficialmente não os aprova. “Quem exorciza sem

autorização do bispo já começa errado”, sentencia dom Hugo Cavalcante,

presidente da Sociedade Brasileira de Canonistas e porta-voz da Conferência

Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Ele explica que o diabo é aquele que

semeia, entre outras coisas, a desobediência. E não há desobediência maior, no

rito do exorcismo, do que fazê-lo sem autorização superior. “O exorcista deve

ser um homem virtuoso e extremamente culto, senão o diabo, que é muito esperto,

pode enganá-lo”, explica Cavalcante. A opinião é compartilhada pelo teólogo

Fernando Altemeyer, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

“Tem que ter malandragem para lidar com o demônio”, afirma. Hoje, a Igreja não

habilita aspirantes a exorcistas com menos de 35 anos, doutorado em teologia e

conhecimento impecável da “Bíblia” (leia quadro na página 90). São exigências

criadas para evitar não só diagnósticos de possessão errados, mas também rituais

de exorcismo incompletos. “Tem demônio que finge que saiu do corpo para depois

voltar com ainda mais força”, alerta Altemeyer.
Mas como reconhecer Satanás? A cultura popular

costuma descrevê-lo como um ser animalesco, feio, com rabo e chifres, cheirando

a enxofre e com a pele avermelhada. Para os estudiosos, essa representação

surgiu no Oriente, berço da religião católica, onde o bode, que reúne as

características físicas que hoje atribuímos ao diabo, tinha função expiatória.

Naquela época, quando alguma suspeita de feitiço pairava sobre a comunidade, um

bode era solto no deserto para vagar até a morte. Nada mais natural, portanto,

que a cultura que criou esse ritual tenha atribuído características físicas

semelhantes à do animal em questão ao demônio. “Mas ele é puro espírito e não

existe de forma material”, afirma Cavalcante, da CNBB.
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“A pessoa fica fora de si. Não é ela quem fala,

mas o demônio”


Padre Nelson Rabelo, 89 anos, exorcista e pároco da Igreja Sant’Ana, no

Rio de Janeiro
A origem do diabo não está na “Bíblia”, mas foi

delineada através dos tempos por teóricos da fé. A história conta que, antes de

criar o cosmo, Deus fez os anjos. Só então ele partiu para forjar o mundo

material. Alguns anjos, porém, como puros espíritos, se opuseram à criação desse

universo material, naturalmente imperfeito e aparentemente desnecessário para

seres como eles, espirituais. Alheio às vontades dos anjos, Deus não só criou o

cosmo como foi além e fez o homem à sua imagem e semelhança. Foi a gota d’água

para a oposição se revoltar. A rebelião, sob a liderança do anjo Lúcifer, foi

repreendida por Deus, que enviou os caídos ao inferno. De lá, porém, como

demônios, eles passaram a influenciar os seres humanos. São milhões os malignos

circulando pela terra, segundo a tradição católica. “Mas somos nós que deixamos

as portas abertas para eles entrarem”, explica Altemeyer, da PUC-SP.
A relação homem e demônio é longa, segundo a

tradição cristã. Desde os primeiros seres humanos a habitar a Terra. Agraciados

com uma vida sem dor e preocupação no paraíso, Adão e Eva cederam às tentações

da serpente – uma representação do diabo – e comeram o fruto da árvore proibida.

Ambos acabaram expulsos do paraíso e marcaram o início da história humana. Outro

marco importante na trajetória do demônio na terra é a chegada de Jesus Cristo.

Ela crava a vitória divina e humana sobre o demônio, mas não o extingue. Mesmo

subjugado e sem poder diante da força de Deus, ele ainda tem influência sobre o

homem. Para quem se deixou levar pela tentação do demônio e se vê possuído por

ele, criou-se o exorcismo. “Jesus e seus apóstolos, bem como todos os cristãos

primitivos, foram exorcistas”, conta frei Elias Vella. “Era um sinal de fé”,

diz.
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Os exorcistas contemporâneos parecem trabalhar como

no princípio do catolicismo – perseguidos, com muitas dificuldades e temerosos

quanto ao futuro de seu ofício. “Meus colegas sacerdotes falam que não expulso

demônio nenhum”, conta o padre paulista Cleodon Amaral de Lima, que pratica

exorcismo há 25 anos sem investidura (leia boxe na página 92). Padre Nelson, do

Rio de Janeiro, também conhece as dificuldades do exorcista contemporâneo.

“Poucos bispos aceitam nosso trabalho”, diz o religioso, que foi expulso de duas

dioceses em Minas Gerais antes de ser acolhido no Rio de Janeiro. “Quando eu

parar com os rituais aqui na igreja, eles acabam.” Cabe ao Vaticano impedir que

isso aconteça.

Colaborou Francisco Alves Filho

FOI PUBLICADA UMA CARTA DE UM EX-HOMOSSEXUAL AOS JOVENS



“Ficou claro para mim, enquanto eu pensava sobre isso que o homossexualismo nos impede de achar nossa verdadeira personalidade. Quando estamos na cegueira do homossexualismo, não conseguimos ver a verdade.”


Michael  Glatze,  americano,  35  anos,  ex-diretor  de  uma importante revista LGBT dos E.U.A. e ex-homossexual, para a juventude:
A homossexualidade me veio fácil, pois eu já era fraco.
Minha mãe morreu quando eu tinha 19 anos. Meu pai morreu quando eu tinha 13. Bem novo, eu já estava confuso sobre quem eu era e como eu me sentia acerca dos outros.
Minha confusão sobre “desejo” e o fato de que eu percebia que me sentia “atraído” aos rapazes fez com que eu me colocasse na categoria “gay” com a idade de 14. Com 20 anos, saí do armário diante de todos ao redor de mim.
 
Michel
Com 22, me tornei editor da primeira revista dirigida ao público gay jovem. Seu conteúdo fotográfico era quase pornográfico, mas eu imaginava que eu poderia usá-la como plataforma para coisas maiores e melhores.
 
Em seguida, nasceu a revista Young Gay America (América Gay Jovem). Seu objetivo era preencher a lacuna que a outra revista (para a qual eu havia trabalhado) havia criado — isto é, qualquer coisa não tão pornográfica, dirigida à população de americanos gays jovens. A revistaYoung Gay America decolou.
 
Os gays reagiram com alegria à revista Young Gay America, que recebeu prêmios, reconhecimento, respeitabilidade e grandes honras, inclusive o Prêmio Nacional Papel Modelo da grande organização gay Equality Forum (Fórum da Igualdade) —
que foi dado ao Primeiro Ministro do Canadá Jean Chrétien um ano depois — e muitas oportunidades para aparecer nos meios de comunicação, do canal da TV pública até a capa da revista Time.
 
Produzi, com a assistência da TV pública e do Fórum Igualdade, o primeiro filme documentário a lidar com a questão do suicídio entre adolescentes gays, “Jim In Bold”, que viajou o mundo e foi premiado em muitos festivais.
 
Young Gay America criou uma exposição de fotos e estórias de jovens gays da América do Norte, que foi levada em viagem pela Europa, Canadá e partes dos Estados Unidos.
 
Young Gay America lançou a Revista YGA em 2004, para fingir ser um complemento puro para as revistas de bancas dirigidas aos jovens gays. Eu digo “fingir” porque a verdade era, YGA era tão prejudicial como todas as outras revistas do tipo no mercado, mas era mais “respeitada”, porque não era explicitamente pornográfica.
 
Levou quase 16 anos para eu descobrir que o homossexualismo em si não é exatamente uma “virtude”. Era difícil eu explicar meus sentimentos acerca da questão, considerando que minha vida estava muito envolvida no homossexualismo.
 
O homossexualismo, apresentado às mentes jovens, é por sua própria natureza pornográfico. Destrói mentes facilmente influenciáveis e confunde sua sexualidade em desenvolvimento, porém só vim a reconhecer isso quando eu tinha 30 anos.
 
A Revista YGA esgotou a venda da sua primeira edição em várias cidades da América do Norte. Havia apoio extremo, de todos os lado, para a Revista YGA; escolas, grupos de pais, bibliotecas, associações governamentais, todo o mundo parecia querer a revista. Atingiu em cheio a tendência de “aceitar e promover” o homossexualismo, e eu era considerado líder. Fui convidado para dar palestra no prestigioso Fórum JFK Jr. na Faculdade Kennedy de Governo da Universidade de Harvard em 2005.
 
Foi depois de ver minhas palavras numa fita de vídeo dessa atuação que comecei a ter dúvidas sérias quanto ao que eu estava fazendo com minha vida e influência.
 
Não conhecendo ninguém de quem eu poderia me aproximar com meus questionamentos e dúvidas, voltei-me para Deus. Desenvolvi um relacionamento crescente com Deus, graças a uma crise debilitante de dores intestinais provocadas pelas condutas em que eu estava envolvido.
 
Logo, comecei a entender coisas que eu jamais tinha sabido que poderiam ser reais, tais como o fato de que eu estava liderando um movimento de pecado e perversão, e minha descoberta não foi baseada em dogmas religiosos.
 
Cheguei a essa conclusão por mim mesmo.
 
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Ficou claro para mim, enquanto eu pensava sobre isso — e realmente orava sobre isso — que o homossexualismo nos impede de achar nossa verdadeira personalidade. Quando estamos na cegueira do homossexualismo, não conseguimos ver a verdade.
 
Cremos, sob a influência do homossexualismo, que a cobiça sexual não só é admissível, mas também que é uma virtude. Contudo, não existe nem um só desejo homossexual que seja desligado dessa cobiça sexual.
A fim de negar esse fato, eu havia lutado para apagar tal verdade custasse o que custasse.
 
Eu me atirava às tentações da cobiça sexual e outras condutas usando as muitas desculpas populares que alegam que não somos responsáveis pelo que fazemos, mas somos vítimas de situações, ou nascemos assim, etc. Eu tinha plena convicção — graças ao clima social e aos líderes mundiais — de que eu estava fazendo a coisa certa.
 
Movido a buscar a verdade, pelo fato de que nada me fazia sentir bem, busquei dentro de mim mesmo. Jesus Cristo várias vezes nos aconselha a não confiar em ninguém além dEle. Eu fiz o que Ele disse, sabendo que o Reino de Deus realmente reside no coração e mente de todo ser humano.
 
O que eu descobri — o que aprendi — sobre o homossexualismo é estupendo. Minha “descoberta” inicial dos desejos homossexuais ocorreu no colégio, quando reparei que eu olhava para os outros rapazes. Minha cura ocorreu quando ficou decididamente claro que eu deveria — a fim de não arriscar prejudicar mais pessoas — prestar atenção a mim mesmo.
 
Toda vez que sentia a tentação de cobiçar outros homens, eu pegava a tentação e lidava com ela. Eu a chamava pelo seu nome, e então simplesmente a deixava sumir por si mesma. Existe uma diferença imensa e vital entre admiração artificial — de nós mesmos ou de outros — e admiração total. Ao nos amar completamente, não mais precisamos de nada do mundo “de fora” com seus desejos e cobiças sexuais, reconhecimento dos outros ou satisfação física. Nossos impulsos se tornam intrínsecos à nossa própria essência, sem os impedimentos provocados por nossas distrações obsessivas.
 
O homossexualismo permite que evitemos nos aprofundar em nós mesmos. Ficamos na superficialidade e atrações inspiradas por cobiças sexuais — pelo menos, enquanto a lei “aceita” o homossexualismo. Como conseqüência, um número grande de homossexuais não consegue achar sua personalidade mais real, sua personalidade em Cristo que é presente de Deus.
 
O homossexualismo, para mim, começou aos 13 anos e terminou logo que eu me isolei das influências externas e me concentrei intensamente na verdade interna — quando eu descobri, com a idade de 30, as profundezas da personalidade que Deus me deu.
 
Muitos que se encontram aprisionados ao homossexualismo ou a outras condutas lascivas vêem Deus como inimigo, pois Ele os faz lembrar quem e o que eles foram realmente criados para ser. Gente apanhada no ato de seu pecado preferiria permanecer numa “ignorância feliz” e silenciar a verdade e os que a falam, por meio de antagonismo, condenação e aplicando-lhes termos como “racista”, “insensível”, “perverso” e “discriminador”.
 
Não é fácil se curar das feridas que a homossexualidade provoca — obviamente, há pouco apoio para quem busca ajuda. O pouco de apoio que existe é debochado, ridicularizado e silenciado pela retórica ou criminalizado pela deturpação das leis. A fim de achar apoio, tive de investigar meu próprio estado de vergonha e as vozes “condenadoras” de todos os que eu havia conhecido. Parte da agenda homossexual é fazer com que as pessoas achem que nem vale a pena pensar em conversão — e muito menos pensar que a conversão funciona.
 
Em minha experiência, “sair do armário” da influência da mentalidade homossexual foi a coisa mais libertadora, bela e estupenda que já experimentei na minha vida inteira.
 
A cobiça sexual nos tira de nosso corpo, “ligando” nossa mente à forma física de outra pessoa. É por isso que jamais dá para se satisfazer o sexo homossexual — e todas as outras relações sexuais com base na cobiça sexual: É uma rotina de obsessão, não tendo nada de natural e normal. Normal é normal — e se chama normal por uma boa razão.
 
Anormal significa “aquilo que nos machuca, machuca o que é normal”. A homossexualidade nos tira de nosso estado normal, de nosso estado de união perfeita em todas as coisas, e nos divide, fazendo com que fiquemos eternamente obcecados por um objeto físico externo que jamais conseguimos possuir. Os indivíduos homossexuais — como todas as pessoas — anseiam o verdadeiro amor imaginário, que realmente não existe. O problema com o homossexualismo é que o verdadeiro amor só chega quando não há nada nos impedindo de deixá-lo brilhar do nosso interior. Não conseguimos ser nós mesmos quando nossas mentes estão presas num ciclo de mentalidade grupal de cobiça sexual sancionada, protegida e celebrada.
 
Deus me visitou quando eu estava confuso e perdido, sozinho, com medo e angustiado. Ele me disse — por meio da oração — que eu não tinha absolutamente nada a temer, e que eu estava “em casa”; tudo o que eu precisava era fazer uma limpeza geral em minha mente.
 
Creio que todas as pessoas, intrinsecamente, conhecem a verdade. Creio que é por isso que o Cristianismo deixa as pessoas tão assustadas — por fazê-las lembrar de sua consciência, que todos possuímos.
 
A consciência nos ajuda a fazer uma diferença entre certo e errado e é uma orientadora por meio da qual podemos crescer e nos tornar seres humanos mais fortes e livres. Ser curado do pecado e da ignorância é sempre possível, mas a primeira coisa que alguém deve fazer é sair das mentalidades que dividem e conquistam nossa essência humana.
 
Dá para se achar a verdade sexual, contanto que estejamos dispostos e motivados a aceitar que a sociedade em que vivemos permite condutas que prejudicam a vida. Não se deve deixar que o sentimento de culpa seja desculpa para evitar as perguntas difíceis.
 
O homossexualismo roubou quase 16 anos da minha vida e os comprometeu com uma mentira ou outra, perpetuada por meio dos meios de comunicação nacionais dirigidos às crianças. Nos países europeus, o homossexualismo é considerado tão normal que as crianças do primeiro grau estão recebendo livros sobre crianças “gays” como leitura obrigatória nas escolas públicas.
 
A Polônia, um país que conhece muito bem a experiência da destruição de seu próprio povo por forças externas, está corajosamente tentando impedir a União Européia de doutrinar suas crianças com a propaganda homossexual. Em resposta, a União Européia chamou o primeiro ministro da Polônia de “repugnante”.
 
Por muito tempo, eu era repugnante. Eu ainda lido com toda a culpa que sinto por esse estilo de vida.
Como um dos líderes do movimento homossexual nos Estados Unidos, tive a oportunidade de me dirigir ao público muitas vezes. Se eu pudesse desfazer algumas das coisas que eu disse, eu desfaria. Agora sei que a homossexualidade tem tudo a ver com a cobiça sexual e a pornografia.
 
É um pacote completo. Por isso, jamais deixarei que alguém tente me convencer do contrário, não importa que suas estórias sejam doces ou tristes. Tenho experiência própria. Conheço a verdade.
 
Deus nos deu a verdade por um motivo. A verdade existe para que possamos ser nós mesmos. Existe para que possamos ter parte na nossa própria personalidade individual no mundo, para aperfeiçoar o mundo. Isso não é trama irreal ou ideal estranho — isso é a Verdade.
 
A nossa cura dos pecados do mundo não acontecerá num instante. Mas acontecerá — se não deixarmos que o orgulho a bloqueie. E, caso você não saiba, no final quem vence é Deus.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Santo Antonio de Pádua

Santo Antonio de Pádua



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Sacerdote e Doutor da Igreja
Santo Antonio, nasceu em Lisboa, Portugal, em 1195; seu nome de registro é Fernando de Bulhões y Taveira de Azevedo.


Entrou aos quinze anos no Colégio dos Cônegos regulares de Santo Agostinho. Em apenas nove meses aprofundou-se tanto no estudo da Bíblia, que foi chamado mais tarde de Gregório IX, "Arca do Testamento". Santo Antonio soube unir muito bem a sua cultura teológica, filosófica e científica. Em 1220 entrou para a Ordem dos frades Mendicantes de Coimbra, depois que viu os corpos de cinco franciscanos martirizados no Marrocos, onde tinham ido para evangelizar os infiéis. Foi quando ele assumiu o nome de Antonio Olivares.


Contudo, a sua decisão de pregar o Evangelho no Marrocos não foi bem sucedida. Durante a viagem para Marrocos, onde pôde ficar apenas alguns poucos dias, por causa de uma doença que o perseguia, hidropisia, um acidente arrastou a embarcação para as costas da Sicilia. Morou alguns meses em Messina, no convento dos franciscanos, cujo Prior o levou para o Capítulo da Ordem em Assis. Alí ele pode conhecer pessoalmente São Francisco de Assis.


Foi designado para a província franciscana da Romagna e viveu a vida eremítica num convento perto de Foli. Foi incumbido das humildes funções de cozinheiro e viveu na obscuridade até que os seus superiores, percebendo seus extraordinários dons de pregador, enviaram-no pela Itália e pela França, a fim de pregar nos lugares onde a heresia dos Albigenses e Valdenses era mais forte. São Francisco de Assis o chamava informalmente de "o meu bispo".


Finalmente Santo Antonio teve morada fixa no Convento de Arcella, a um quilômetro de Pádua. Daí saia para pregar onde fosse chamado. Em 1231, quando sua pregação atingiu o vértice, foi atingido por uma doença inesperada, que o obrigou a ser levado a Pádua, onde morreu em 13 de junho de 1231. Tantos foram os seus milagres e tal a sua popularidade, que ele foi canonizado no ano seguinte, 1232.


A sua festa litúrgica é celebrada no dia 13 de junho. Santo Antonio é chamado "doutor do Evangelho", pela grandeza com que soube pregá-lo. Quando o seu corpo foi desenterrado a sua língua foi encontrada intacta e é venerada há mais de 700 anos no Mosteiro de Santo Antonio, em Pádua.


Tal foi o seu amor ao Filho de Deus feito homem, que a pregação sobre o mistério da Encarnação do Verbo era o ponto mais excelente. Certa vez o Menino Jesus se colocou em seus braços. Por isso ele é assim representado em suas imagens.




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por

Comunidade Shalom

Santa Teresa e as distrações na oração

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Não sei quantos cursos de oração tenho ministrado ao longo da minha vida. Nem por isso me considero capaz de rezar nem de ensinar a rezar. A melhor pedagogia da oração nos é oferecida pelo próprio Jesus, quando um dia, estando em oração, os discípulos se aproximam dele e dizem: “Mestre, ensina-nos a orar como João Batista ensinou aos seus discípulos”. Jesus simplesmente diz: Portanto, é assim que haveis de rezar:


Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu Reino, seja feita a tua vontade assim na terra, como no céu. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje, perdoa-nos nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam, e não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal.” (Mt 6,9-13).


A oração do Pai-nosso continua a ser o melhor método para aprender a rezar em todos os momentos. Antes de tudo, precisamos nos retirar no silêncio, na solidão, afastar-nos de tudo o que pode nos atrapalhar, desligar-nos do “mundo” para que ele não invada a nossa casa interior. É o momento de fechar todas as portas. Esta atitude não é sinônimo de fuga ou de falta de inserção, mas é o caminho pedagógico para entrar pela porta da oração que nos introduz no castelo interior da alma e nos leva aos segredos mais profundos, onde estamos a sós com Aquele que é.


Ninguém pode permanecer atento ao que acontece dentro de si se está totalmente distraído com aquilo que acontece ao seu redor. Concentrar-se na oração quer dizer dirigir os sentidos externos e internos ao único objeto da nossa oração. Contemplar a Deus no seu mistério trinitário e na presença viva e atuante das três pessoas da Santíssima Trindade, é dirigir o olhar para o Outro que sabemos que nos ama. Quando os olhos de Deus e da criatura se encontram, aí acontece a verdadeira intimidade que não pode ser traduzida com palavras, mas somente com o autêntico e verdadeiro silêncio de adoração.


Reconverter os nossos sentidos
Somos demasiadamente acostumados a não orientar os sentidos externos: a visão, a audição, o tato, o olfato, o paladar... Procuramos sempre o que mais nos agrada e isto lentamente nos afasta de uma “ascese” sadia e cristã que exige que saibamos ser senhores de nós mesmos.


Lentamente percebemos que tantas coisas devem ser deixadas de ser vistas se queremos “ver” além das aparências e das coisas. Se nos acostumamos à solidão, ao silêncio com amor e se sabemos dizer “não” ao que pode nos prejudicar, vamos percebendo a necessidade cada vez maior de “disciplinar-nos” para que o homem velho possa morrer e o homem novo possa nascer e ser espiritual.


Não é tão fácil dominar e disciplinar os sentidos interiores: vontade, inteligência, imaginação. Aliás, Santa Teresa mesmo, com seu fino humorismo, chama esta – a imaginação – de “louca da casa” que, como tal, tem a força de levar-nos longe do que é essencial para estar a sós com o Senhor.


“O último remédio que encontrei, depois de sofrer longos anos, ... é o de não ouvir mais a fantasia do que se ouve um louco; deixá-la com sua teimosia, que só Deus pode tirar – afinal, ela já está dominada... porque ela não pode, por mais que faça, atrair para si as outras faculdades.” (V 17,7).


“Há pouco mais de quatro anos vim a entender, por experiência, que o pensamento – ou imaginação, para que melhor se compreender –, não é a mesma coisa que o intelecto... A imaginação voa tão depressa que só Deus a pode deter, fixando-a a tal ponto que a alma parece, de certo modo, estar desligada do corpo. Eu via – segundo o meu parecer – as faculdades da alma fixadas em Deus e recolhidas Nele, e, por outro lado, a imaginação alvoroçada...


Ó Senhor, tende em conta o muito que sofremos neste caminho por falta de instrução!... Experimentamos terríveis sofrimentos por não nos entendermos. E chegamos a pensar que é grande culpa o que, longe de ser mau, é bom. Daqui provêm aflições de muitas pessoas voltadas para a oração, ao menos das que são pouco esclarecidas.


Elas se queixam de sofrimentos interiores, tornam-se melancólicas, perdem a saúde e até abandonam a oração por completo, desconhecendo que há um mundo interior em nós. E assim como não podemos deter o movimento do céu, que anda a toda velocidade, tampouco podemos deter a nossa imaginação... Muitas vezes a alma está muito unida a Deus nas moradas mais elevadas, ao passo que a imaginação se encontra nos arrabaldes do castelo, padecendo com mil animais ferozes e peçonhentos e merecendo com esse padecer. Assim, nem a imaginação deve nos perturbar nem devemos deixar a oração, que é o que deseja o demônio.” (4M 1,8-9).


Reconverter os sentidos é o caminho para poder nos concentrar na oração ou em tudo o que fazemos. As distrações fazem parte da vida. Nem sempre somos capazes de dominá-las e “reuni-las” para que nos levem longe do objetivo do nosso agir, do nosso pensar e amar.


O auxílio de um bom livro
É sempre bom assumir uma atitude de discipulado e perguntar à Madre Teresa, mestra e doutora da oração, o que devemos fazer para nos concentrar com maior facilidade na oração, deixando de ser dispersivos e de ir de flor em flor sem sugar, como as abelhas, o saboroso néctar para depois transformá-lo em mel substancioso.


Um livro para se alimentar e se recolher. Ao longo dos seus anos de aridez e dificuldades na oração, Teresa encontrou ajuda no uso do livro como amigo e apoio nos seus momentos de solidão e sofrimento interior onde o seu coração estava árido e nenhum bom pensamento nascia ali. “Eu não teria conseguido perseverar na oração nos dezoito anos em que acometeram tamanhos sofrimentos e aridez, visto não poder fazer oração discursiva, sem as leituras. Por todo esse tempo, eu não me atrevia a começar a orar sem livro, exceto quando acabava de comungar; minha alma temia tanto orar sem livro que era como se tivesse de enfrentar um exército.” (V 4,9).


Esta experiência teresiana nos aconselha: “É muito útil usar um bom livro, mesmo para recolher o pensamento e vir a rezar bem vocalmente; assim, vai-se acostumando pouco a pouco a alma, com carinhos e artifícios, para não amedrontá-la.” (C 26,10).


Quais livros Teresa preferia para sua oração? Já havia superado o desejo de ler livros de “cavalaria” e buscava livros que lhe falassem e introduzissem no conhecimento de Jesus Cristo. Sabemos que ela leu e releu a Vida de Cristo do cartuxo Ludolfo de Saxônia, mas entre tantos livros, o Evangelho permaneceu o seu livro por excelência; no Evangelho ela buscou descobrir o rosto de Cristo e se concentrar na contemplação do Filho de Deus, que amava e contemplava na sacratíssima humanidade:


“Sempre tive afeição pelas palavras dos Evangelhos, que me levavam a maior recolhimento do que livros muito bem redigidos – especialmente se o autor não era muito aprovado, eu não tinha vontade de lê-los. Recorro, portanto, a esse Mestre da sabedoria e talvez aprenda Dele alguma consideração que vos contente.” (Caminho 21,4).


Este conselho é válido também hoje, pois a Palavra de Deus, a Bíblia, é o livro fundamental do nosso encontro com Deus, a fonte da nossa oração.


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por Frei Patrício Sciadini, ocd

Revista Shalom Maná