sábado, 16 de junho de 2012

Carta para "donos" de cães acorrentados










Querido "dono",




...Consegui que escrevessem esta carta por mim. Nem sabes a alegria que sinto
por poder comunicar contigo. Todos os dias, desde aquele dia longínquo em que
me colocaste a corrente no pescoço e me prendeste neste espaço, eu sonho que
venha me visitar e fazer festinhas como me fazias quando eu era um bebê. Eu
sonho que venhas conversar comigo, não entendo muito bem o que me dizes, mas
nem imaginas como adoro ouvir o som da tua voz!




Eu sei que fiz algo de errado, senão certamente não me terias colocado aqui.
Desculpa! Não quero ser exigente mas começa a doer ter esta corrente atada ao
meu pescoço. Às vezes tenho o pescoço dormente, e outras vezes tenho muito
comichão e nem consigo coçar! Sinto o seu peso todos os dias, o peso da solidão
que me prende.




Tenho vontade de esticar as pernas e correr...e como eu gostava de poder fazer
isso contigo! Adorava que me atirasses umas bolas, aí eu podia mostrar-te como
sou rápido a correr e como as trazia rapidamente. Gostava de poder ver o que tu
vês, o mundo lá fora é muito grande? E existem outros como eu?




Ás vezes tenho sede e alguma fome mas eu aguento em silêncio porque sei que
assim que poder virá dar-me comida e água, sei que fazes o que podes, eu não
quero incomodar, mas sabes, por vezes gostava de ter um pouco da tua companhia.




Sei que talvez alguém te tenha dito que eu não tenho sentimentos, mas olha que
é mentira! Nem imaginas quanta alegria sinto quando alguém me toca ou se dirige
a mim. Nem sabes quanta tristeza e solidão pesa em mim nas longas horas que não
vejo ninguém. Nem sabes o medo que por vezes sinto no Inverno aqui sozinho, e
tenho tanta vontade de estar perto de ti.




No outro dia passaram aqui umas pessoas estranhas e puseram-se a olhar cá para
dentro e a apontar para mim, riam e atiravam umas pedras na minha direção.
Queriam vir fazer-te mal. Acertaram-me com uma na pata e ontem não consegui
levantar-me , mas eu afuguentei-as logo com o meu ladrar. Eu não quero que
ninguém te venha fazer mal…e não quero que te zangues comigo, eu prometo fazer
melhor por ti.




Eu sou o teu amigo mais fiel, nunca te irei trair, não guardo rancor, e não
tiro nunca o lugar de ninguém, será que tens mais amigos assim no teu mundo? Só
queria um pouco mais da tua atenção e amor, uma cama quente no inverno, um
local fresco no verão e o teu cheiro a entrar-me nas narinas todos os dias,
seguido de um sorriso e uma festa no meu velho lombo.



Eu sei que um dia tu irás chegar aqui e tirar a corrente, e dar-me tudo isto,
até lá eu fico quieto á espera. Só não demores muito meu "dono",
porque estou a ficar velho e começo a ver e ouvir mal. Faltam-me forças e não
quero ir, sem viver um pouco contigo.




Do teu "cão”




Se virem um cão aprisionado, imprimam esta carta e coloquem na caixa do correio
dos donos. Em nome dos “cães”, obrigada.






Autor: APAIXONADA POR ANIMAIS.


Postado por Lilian Rockenbach







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